31 de julho de 2013

Assunção Esteves: Camilo em vez de Simone (Por Saragoça da Matta, Advogado)

Assunção Esteves: Camilo em vez de Simone (Por Saragoça da Matta, Advogado) Assunção Esteves, se tivesse estado à altura do cargo e da função que desempenha, ter-se-ia limitado a dar instruções à PSP para evacuar as galerias A 11 de Julho de 2013 viveu-se no parlamento um dos mais insólitos momentos da vida democrática dos últimos 39 anos. Perante uma manifestação nas galerias do hemiciclo, a presidente da Assembleia da República reagiu gritando aos manifestantes que fizessem o favor de sair. E repetiu várias vezes o comando! O facies, o tom de voz e as próprias palavras só têm uma qualificação: foram inadmissíveis e intoleráveis. Assunção Esteves é, antes de mais, deputada. É, depois, titular do segundo cargo na hierarquia do Estado. É também uma mulher formada. Com traquejo político e social. Ex-juíza-conselheira do Tribunal Constitucional. Ex-docente universitária. Representa e vincula o Estado. Assunção Esteves não está, portanto, obrigada apenas pelos deveres que impendem sobre os representantes da nação. Está sujeita às exigências de dignidade, probidade, educação e respeitabilidade que são inerentes ao estatuto e à função do cargo presidencial que desempenha. Cargo que implica "majestade", no mais próprio sentido do termo. Assunção Esteves, naquele momento, escancarou a alma: percebeu-se o que sente pelo desespero daqueles que em tempos a elegeram e agora protestam, bem como a simpatia que tem pelo estado anímico de quem exerce o "direito de resistência" manifestando-se. Assunção Esteves não esteve à altura do cargo e da função que desempenha. Para estar ter-se-ia limitado a dar instruções à PSP para evacuar as galerias, esperando em majestático silêncio poder retomar os trabalhos. Não o fez. Gritou com os manifestantes. Baixou o nível. Dirigiu-se a quem protestava ordenando-lhes, crispada, que saíssem do parlamento. Berrou contra os berros. Em tom irritado, ultrapassou os limites que lhe eram autorizados pela educação e pela dignidade que o cargo lhe exige. E nada disso era necessário no exercício dos poderes que tem para conduzir os trabalhos do parlamento. Não sendo necessário, é indesculpável. Das mais altas figuras do Estado esperam-se apenas virtudes. Por isso são os nossos "maiores". Ora toda a respeitabilidade desaparece quando se desce ao nível do bate-boca, da fúria incontida, do descontrolo. Como dominaria a sessão se os deputados portugueses tivessem os hábitos de pugilato comuns noutros parlamentos? Se não foi eleita para ser desrespeitada, claramente desrespeitou-se, bem como a nós. Depois do que vi e ouvi, nunca mais verei em Assunção Esteves a presidente do parlamento. Verei apenas uma mulher capaz de zanga, irritação, fúria, descontrole. O que se seguiu ainda foi pior: já com o povo expulso, quis ter um momento de erudição invocando Simone de Beauvoir. Devia ter-se lembrado da "Queda de Um Anjo". Era mais próprio. E ao fazê-lo foi injusta, porque o brando povo luso nunca foi carrasco. Tem sido, isso sim, vítima de muitos carrascos. Para coroar o episódio, confrontada com o espectáculo dado à nação, não pediu desculpas, não assumiu o erro, não teve o mínimo laivo de humildade. Tentou explicar o inexplicável, desculpar o indesculpável, maquilhar o intolerável. Se o tivesse feito, assumiríamos simplesmente um momento de humanidade. Não o tendo feito, ninguém esquecerá isto. Jornali, 13 de Julho de 2013

29 de julho de 2013

Investigar o medo (Ademar Costa)



Uma investigadora da Fundação Champalimaud recebeu 1,4 milhões de euros para estudar o medo. Os portugueses ficaram com medo da austeridade imposta pelo governo. A investigadora recebe para estudar, os portugueses pagam para ficar com medo. Espero que a investigadora estude uma forma dos portugueses perderem o medo ao governo.

Correio da Manhã, 27 de Julho de 2013

27 de julho de 2013

A dissimulação (Pedro Silva Pereira)



Paulo Portas decidiu-se: escolheu dissimular. Assim sendo, o anunciado “segundo ciclo” de governação da direita será, assumidamente, o ciclo da dissimulação. E o espectáculo já começou.

No mesmo comunicado em que, por razões de alegada "consciência", anunciou a sua famosa demissão "irrevogável", Paulo Portas antecipou, com impressionante franqueza, o que significaria continuar no Governo. Explicou ele, preto no branco: "ficar no Governo seria um acto de dissimulação". É sabido que depois, pensando melhor entre a demissão e a dissimulação, Portas decidiu-se: escolheu dissimular. Assim sendo, o anunciado "segundo ciclo" de governação da direita será, assumidamente, o ciclo da dissimulação. E o espectáculo já começou.

Como explica o Dicionário da Porto Editora, "dissimulação" é o "acto ou efeito de dissimular; fingimento, disfarce; ocultação". E "dissimular" é "fingir" ou "fazer parecer diferente". A propaganda ostensiva dos últimos dias prova que o desafio assumido por este Governo remodelado é esse mesmo: fazer parecer que é o que não é.

O primeiro fingimento, demasiado grosseiro para passar despercebido, consiste na tentativa de fazer passar este Governo remodelado por um "novo Governo". A intenção é óbvia: fugir às responsabilidades pelos resultados desastrosos dos últimos dois anos - como se estes devessem ser facturados não ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas mas a essa outra entidade, entretanto desaparecida: o "Governo do primeiro ciclo". Mas não há disfarce que resista:

o Governo que Gaspar reconheceu falhado e desacreditado, e que o País viu dividido e desautorizado, é este mesmo Governo que Passos Coelho e Portas conduziram até aqui, com 127% de dívida pública, 10,6% de défice, 4% de recessão e quase 18% de desemprego. Nenhuma renovação de caras, nenhuma revisão orgânica, nenhuma redistribuição de poder poderá apagar estes dois anos de falhanço, desastre económico e tragédia social.

O segundo fingimento não é menor do que o primeiro e diz respeito à própria ideia de um "novo ciclo". É aí que Paulo Portas terá de jogar o melhor das suas habilidades na arte da dissimulação para cumprir uma estratégia de absoluta duplicidade: garantir continuidade à ‘troika' ao mesmo tempo que se promete mudança aos portugueses. É certo, a escolha do discurso e dos protagonistas pode ajudar. Mas não é tudo. Há-de chegar o momento da verdade, sem lugar para mais fingimentos nem disfarces: o Orçamento para 2014 e o corte de 4.700 milhões de euros. O novo ciclo confirmar-se-á, então, como um segundo ciclo de austeridade, com mais cortes nas pensões e nos salários. Com mais despedimentos na função pública e com mais desemprego. Nesse dia, cairá a máscara.

Ao fim de dois anos de reconhecido falhanço e três semanas de crise política, o Governo, a mando do Presidente da República, propõe-se perguntar ao Parlamento se é digno de confiança. Mas, verdadeiramente, não é sobre isso que o Parlamento lhe vai responder. O que vai ser votado é o juramento de fidelidade do CDS a um Governo que queimou, uma a uma, todas as bandeiras políticas que fizeram a identidade do CDS - dos contribuintes, aos pensionistas. E que, com maior ou menor dissimulação, vai continuar a fazê-lo. Ficaremos então a saber o que já se suspeitava: a identidade do CDS é revogável.

Económico, 26 de Julho de 2013

O click do crescimento


Agora que anda tanta gente a dizer que vem aí a fase do crescimento será bom recordar que é ao Gaspar que se deve o anúncio desta estação primaveril tantas vezes anunciada. Atrapalhado com os sucessivos erros de previsão e com a economia em colapso o ex-ministro anunciou a fase do crescimento ao mesmo tempo que preparava a duplicação da dose da austeridade.


Desde então o governo não se cansa de anunciar a mudança para a estação do crescimento, chegou mesmo a divulgar um vasto programa e o malogrado sôr Álvaro inventou mesmo a tese da reindustrialização da Europa, chegou mesmo a envolver um condescendente e paciente governo francês nesta palermice digna de uns bitaites de um intervalo entre a bica e o bagaço.

Ao que parece as economias entram em recessão por decisão governamental como se fosse uma dieta para combater uma troika formada pelo colesterol, diabetes e hipertensão e quando estão magrinhas e elegantes o governo decide que está na hora de voltar a crescer, mas desta vez em vez de crescer à base de celulite despesista, deverá fazê-lo com músculo, um crescimento saud´vel a que designam sustentado, deve ser por ser sustentado por tanta miséria...

Parece que estamos naquela fase em que podemos voltar a ganhar volume, ainda que a dieta continue a ser rigorosa, tão rigorosa que vamos ficar com pele e osso. Mas mesmo assim a direita anima a vítima prometendo-lhe a fartura. Este governo lembra-me a anedota do amigo que na hora do jantar metia um filho ao colo e ia-lhe falando as melhores iguarias até que, deliciado com tanta fartura, o puto acabava por adormecer. Cada vez que um adormecia gritava para a mulher “ó Maria, traz outro que este já jantou!”.

Estes senhores querem convencer-nos que depois de terem destruído uma boa parte do tecido económico, depois de terem falado mal de Portugal e dos Portugueses em todo o mundo, depois de terem atirado o país para uma profunda crise social, depois de terem promovido a fuga de capitais, os consumidores desatam a consumir r os investidores fazem fila nas fronteiras. Para isso basta nomear para a Economia um rapaz simpático com o MB e promover o Porta a primeiro-ministro em exercício.

Estes palermas estão esquecidos do tempo em que Durão Barroso aumentava o défice de forma exponencial prometia linhas de TGV em barda, divulgava mega orçamentos para a investigação em reuniões extraordinárias realizadas em Óbidos e todos os dias via sinais de retoma. Tudo servia de sinal de retoma, desde as cotações da bolsa às previsões meteorológicas. A direita portuguesa sempre teve um grande jeito para promover o desenvolvimento económico.

Cavaco gastou milhões e deixou a economia em recessão, Durão deixou um défice digno de uma república das bananas e fugiu de Portugal com o país em recessão. Vai ser o grandioso Passos Coelho que sabe tanto de economia como eu de lagares de azeite que sem investir um tostão, com os bancos à rasca, os investidores e os consumidores assustados e com mais um programa de austeridade brutal vai conseguir o crescimento.

Esta tese de que se decide o crescimento económico com um click só pode ser gozo, estão gozando com Portugal e com os portugueses.

O Jumento, 27 de Julho de 2013

Duas cervejas que contam a história de Moçambique (Cláudia Faria)



"Contra factos não há argumentos e um facto dentro de um copo é Laurentina.
Laurentina a grande cerveja para grandes sedes" (Autor: Mozindico - MOZ)


A Laurentina dispensa apresentações, a 2M é hoje a mais vendida. Estas duas cervejas, criadas na época colonial portuguesa, contam a história de Moçambique nos últimos oitenta anos. E rimam com calor.


Sentado na esplanada do restaurante Piri-Piri, em Maputo, Manuel Teixeira recorda o tempo em que pedia uma cerveja Laurentina ou uma 2M e os empregados lhe traziam um prato de camarões para acompanhar. «Eram os nossos tremoços», diz. Foi há mais de 35 anos e a cidade, então chamada Lourenço Marques, era a capital da província ultramarina de Moçambique.


O empresário português, que ao longo das últimas décadas viajou para o país regularmente, foi testemunha da prosperidade da época colonial, da miséria dos anos da guerra civil (Moçambique chegou a ser o país mais pobre do mundo) e do renascimento da última década em que os índices de crescimento atingem os sete por cento ao ano.

Mesmo assim, Manuel Teixeira não conseguiu evitar o choque quando regressou a Maputo em 1986, 11 anos após a independência de Moçambique. «Já não havia camarão para comer, quanto mais para petiscar. Foi todo levado para a China e para a Rússia em meganavios que aspiravam o fundo do mar sem critério. Por cá só se comia peixe frito, normalmente carapau, que os russos mandavam congelado como contrapartida pelo peixe e pelo camarão que levavam.» O acompanhamento era, normalmente, repolho e, com alguma sorte, arroz. Cerveja e outras bebidas alcoólicas eram um luxo ainda mais difícil de arranjar. «Só com cunha e, mesmo assim, era preciso enfrentar filas de várias horas. Estava tudo racionado», conta o português de 62 anos.

José Moreira, administrador das Cervejas de Moçambique, proprietária das marcas Laurentina e 2M, admite que nessa época era impossível abastecer eficazmente o mercado. «Tínhamos grandes dificuldades de produção. Faltava dinheiro para a matéria-prima e para substituir as peças que se iam avariando. No máximo, conseguíamos enviar dois ou três barris por semana para cada restaurante, o equivalente a sessenta-noventa litros. Mal chegava para um dia.»


João dos Santos, publicitário e responsável pela imagem destas duas marcas de cerveja, confirma: «Nos restaurantes estava estabelecido que só se podia vender uma cerveja por refeição. Quem queria beber mais, ia pedindo mais pratos de comida que se iam amontoando nas mesas, completamente cheios, ao lado das garrafas de cerveja vazias.»

A história das cervejas Laurentina e 2M começou, no entanto, muito antes destas convulsões. No início do século xx, um imigrante grego chamado Cretikos, que percorria os bairros ricos de Lourenço Marques a vender água fresca de porta em porta, apercebeu-se de que não existia gelo para conservar o peixe que todos os dias era descarregado nas docas da cidade. Foi assim que, em 1916, Cretikos abriu a primeira fábrica de gelo e de água mineral de Moçambique, mesmo em frente ao porto de pesca. Chamava-se Victoria Ice and Water Factory e foi um êxito imediato. Em poucos anos, começou também a produzir refrescos e a sonhar com a primeira marca de cerveja feita em Moçambique. Aconteceu em 1932, quando o grego viajou até à Alemanha para contratar um mestre cervejeiro que desenvolveu uma receita de cerveja de estilo europeu a que Cretikos chamou Laurentina, em homenagem aos naturais de Lourenço Marques - laurentinos.

A receita desta cerveja permanece secreta, mas sabe-se que uma parte do seu sucesso resulta da mistura de três maltes e de uma dupla filtragem a frio que lhe confere estabilidade. A Laurentina é até hoje a mais premiada de todas as cervejas de Moçambique. E as suas variantes clara, preta e Premium já lhe valeram diversos prémios internacionais, entre eles a medalha de ouro Monde Selection, na Bélgica.

No entanto, se costuma comprar cerveja Laurentina em Portugal, saiba que a verdadeira, produzida a partir da receita original de Cretikos, só está à venda em Moçambique, na África do Sul e em algumas lojas especializadas do Reino Unido. «A que aparece nos supermercados portugueses é uma imitação registada na Alemanha depois do 25 de Abril por um português que viveu em Moçambique no tempo colonial», esclarece o responsável de imagem da Laurentina, João dos Santos.

Depois de 36 anos a trabalhar diariamente com estas cervejas, o administrador José Moreira conhece bem estas e outras histórias. Abandonou o sonho de estudar Medicina para começar a trabalhar nas Cervejas de Moçambique assim que terminou o 12.º ano, pouco antes da independência do país. Acabaria por ir para a universidade mais tarde, mas para estudar Economia. «De um momento para o outro a fábrica perdeu mais de metade dos quadros, entre eles todos os técnicos qualificados que [em consequência da descolonização] partiram repentinamente para Portugal, para o Brasil e para a África do Sul», conta. «Por causa disso, o presidente Samora Machel [primeiro presidente de Moçambique, morto em 1986] decidiu que todas as pessoas que já tivessem concluído o ensino secundário tinham de começar a trabalhar nas áreas mais urgentes para manter o país a funcionar», esclarece José Moreira, 56 anos, que trabalha até hoje na fábrica da cerveja 2M, abreviatura de Mac-Mahon, uma marca quase tão icónica como a Laurentina, criada durante o período colonial português, em 1962. O nome desta cerveja é, aliás, uma homenagem ao antigo presidente francês Marie Edmé Patrice Maurice, conde de Mac-Mahon, que, em 1875, decidiu a favor de Portugal numa disputa com a Grã-Bretanha sobre qual dos dois países deveria ficar com a posse do Sul de Moçambique.

Ao contrário da Laurentina, conhecida por ser a cerveja das elites, a 2M - atualmente a cerveja mais consumida no país - afirmou-se, sobretudo, entre a classe mais pobre, chegando a ser vendida sem rótulo durante os anos da guerra civil, de 1976 a 1992. «Naquele tempo, só era possível reconhecer uma 2M pelo símbolo estampado na carica», conta João dos Santos, autor da primeira grande campanha de publicidade da marca, uma das principais responsáveis pelo êxito atual da 2M.

José Moreira lembra-se bem desta fase e diz que os rótulos eram o de menos. «As máquinas que usávamos na fábrica estavam completamente obsoletas. Trabalhávamos dois dias, parávamos uma semana», conta. Um dos episódios mais marcantes deste período foi a avaria irreversível da máquina pasteurizadora que fez descer o prazo de validade das cervejas de três meses para uma semana. «Após cinco dias, começavam a aparecer sedimentos dentro da garrafa e a cerveja começava a apodrecer.»

O administrador conta que, durante esses anos, a maior parte da cerveja vendida em Moçambique era imprópria para consumo. «O transporte para fora de Maputo era feito por barco. Só para chegar ao porto de Nacala, no Norte do país, demorava vinte dias - quando lá chegava já estava completamente fora do prazo. E dali ainda tinha de ser descarregada e distribuída até aos pontos mais remotos. Quando chegava ao consumidor já tinha pelo menos 45 dias.» No entanto, garante, nunca ninguém ficou doente nem apresentou qualquer queixa sobre a qualidade da cerveja.

O presidente Samora Machel conhecia bem as dificuldades de José Moreira. Costumava fazer inspeções à fábrica pessoalmente. Estas vistorias de surpresa, conhecidas como visitas-relâmpago, mantinham as empresas moçambicanas em sobressalto. «Uma vez apareceu cá à uma da manhã e encontrou a maior parte do pessoal a dormir, muitos homens bêbedos, de barba por fazer, descalços.» Foram despedidos.

José Moreira assistiu de perto à glória, à decadência e ao renascimento da Laurentina e da 2M e diz que as duas cervejas são também um reflexo da história recente de Moçambique. A empresa, que começou por ser privada, sofreu uma intervenção do governo de Samora Machel após a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975, e foi privatizada de novo já nos anos 1990 quando a multinacional Castel, proprietária da famosa cerveja Cuca, de Angola, comprou a Laurentina. Em 2002, a marca foi vendida, por fim, à multinacional sul-africana SABMiller, que comprou também a 2M e a cerveja Manica, muito popular na região centro/norte de Moçambique.


A primeira cerveja de mandioca do mundo


Neste mês, a empresa Cervejas de Moçambique, dona das marcas Laurentina e 2M, anunciou a criação da primeira cerveja de mandioca do mundo. Chama-se Impala e, de acordo com José Moreira, administrador da empresa, tem um sabor parecido ao das cervejas de malte, mas um preço mais baixo. Foi desenvolvida com um duplo objetivo: para ser consumida pelas camadas mais pobres da população, que se alimentam sobretudo desta raiz, e para ajudar os pequenos agricultores do Norte de Moçambique a escoarem os excedentes de mandioca que ficavam a apodrecer nos campos.

7 de julho de 2013

Queda de Morsi é apenas um de muitos outros líderes que se seguirão


Advertências feitas há 20 anos

Queda de Morsí pode ser o cumprimento de uma "profecia" (AIM)

QUEDA DE MORSI É APENAS UM DE MUITOS OUTROS LÍDERES QUE SE SEGUIRÃO

Por Gustavo Mavie

Maputo, 07 Jul (AIM) - A remoção do poder do Presidente egípcio, Mohamed Morsi, que teve lugar na quarta-feira, provou mais uma vez, o carácter profético das repetidas advertências feitas há cerca de 20 anos por políticos visionários e outros doutos em questões económicas, de que o crescente empobrecimento dos Estados e dos povos, pela chamada globalização económica, iria arruinar as economias de muitos países, e destruir as respectivas democracias.

Um dos políticos visionários que fez esse alerta é Nelson Mandela, quando em 1995, disse que não há democracia com povos de famintos. Mandela foi mais longe, vincando que a segurança e estabilidade só eram possíveis com gente bem alimentada e com boa educação e assistência sanitária. Vincou que o bem-estar de poucos equivalia a insegurança de todos, porque quando a maioria se rebela, tudo vai por água abaixo.

Ora, desde a queda do antigo presidente, Hosni Mubarak, há um ano já, houve mais de um milhão de egípcios que engrossaram o exército dos tais famintos porque ficaram desempregados e elevou a percentagem destes para cerca de 14 por cento, o que é grave, porque o País tem mais de 80 milhões de habitantes.

Uma das provas que outorga validade desta asserção de Mandela é que na mesma data em que Morsi foi removido por vontade popular, com a ajuda dos militares, centenas de milhares de portugueses também saíram a rua exigindo a demissão imediata do Primeiro-ministro, Passos Coelho. Tal como no Egipto, o que arruína a democracia portuguesa, é a fome que afecta um elevado número de portugueses, uma vez que há 27 por cento de desempregados.

De facto, é iminente a queda também de Passos Coelho e seu governo pois, um dos seus aliados, Paulo Portas, mantém-se no Executivo porque o mesmo Passos não o deixa demitir-se. Mas já o odiado Ministro das Finanças, Victor Gaspar, já se demitiu.

À semelhança de Morsi, os portugueses acusam Passos Coelho de impor políticas económicas piores que as do seu antecessor, José Sócrates que, como sabemos, também o apearam do poder, acusando-o de implementar políticas ruins contra o povo.

Moçambique felicita Mia Couto



Nascido a 05 de Julho de 1955, o escritor moçambicano Mia Couto completa hoje mais um ano de vida. Natural da Beira, o escritor é também biólogo de profissão.

Este ano foi outorgado com o Prêmio Camões, que lhe foi entregue em 10 de Junho no Palácio de Queluz pelas mãos do presidente de Portugal Cavaco Silva e da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Sapo MZ

A arte do Norte



O artesanato nacional é uma das produções que caracterizam a cultura moçambicana. Bem lá do cimo, bem do Norte surgem pelas mãos das artesãs colares, pulseiras e pequenas caixas guardadoras de tesouros feitas em pau-preto, marfim ou conchas

Sapo MZ