4 de junho de 2016

Montepuez Ruby Mining tem concessão para extrair rubis e matar moçambicanos



A corrida pelos rubis de Namanhumbir levou ao fluxo de mineiros artesanais pobres, compradores não licenciados, contrabandistas, pessoas de idade mediana, de conduta duvidosa e gangs de ladrões, todos a tentarem tirar a sua parte do rico solo vermelho de Montepuez muitas vezes servido-se da violência para conseguirem as preciosas pedras coloridas. Porém, pior do que eles, tem actuado agentes da Polícia da República de Moçambique(PRM) ao serviço da Montepuez Ruby Mining, Limitada. "O meu filho António Gerónimo foi morto a tiro pelos homens da Força de Intervenção Rápida”, um residente da Região, mais arrepiante é o relato de um garimpeiro que viu o seu primo ser enterrado vivo por uma bulldozer da empresa que tem a concessão mineira dos ricos jazigos de pedras preciosas.

O Governo de Moçambique e a Montepuez Ruby Mining (MRM) têm interesses comuns nos jazigos existentes em Namanhumbir: reduzir a mineração não licenciada e o contrabando de pedras preciosas. Para o Executivo significa proteger as receitas fiscais e ganhos em divisas enquanto para a empresa privada significa a salvaguarda de potenciais lucros.

Embora o jornalista tenha observado que os agentes das diferentes unidades policiais estão são acomodados e alimentados na propriedade da MRM, ao lado das outras forças de segurança privadas, a empresa afirma que “as forças governamentais estão presentes na concessão com mandato específico de salvaguardar um bem nacional de Moçambique”, esclareceu por escrito a empresa Gemsfields, accionista maioritário da concessão, a quem foram remetidos os pedidos de esclarecimento.

Geralmente quando estas forças que garantem a segurança da concessão da Montepuez Ruby Mining deparam-se com os garimpeiros ilegais retiram-nos compulsivamente muitas vezes com recurso a violência física e uso de armas de fogo.

A corrupção em Moçambique tem a cara do Estado e o rosto das meninas e dos meninos que deixam de ser crianças para sobreviverem



Moçambique é um país severamente afectado pela corrupção que é influenciada pelo Governo seguido pelos negócios das multinacionais e os traficantes de drogas, a constatação está patente num estudo apresentado nesta segunda-feira(30) em Maputo, onde “as práticas corruptas são tidas como sendo mais frequentes”, e que revela que “o valor agregado dos custos de corrupção durante o período de 2002 a 2014, a preços correntes, é de 4,8 a 4,9 biliões de dólares norte-americanos”, sem incluir os empréstimos secretos das empresas Proindicus e Mozambique Asset Management (MAM). Porém, para Adriano Nuvunga, do Centro de Integridade Pública (CIP), “a corrupção não são números, tem rostos. E os rostos são as meninas e os meninos deste país que deixam de ser crianças aos 10 ou 12 anos para se dedicar a actividades outras para conseguirem viver”.

Alfândegas, Empresa Moçambicana de Atum(EMATUM), sub-facturação das importações dos combustíveis líquidos, processo de aquisição no sector das telecomunicações e também na construção e obras públicas são os cinco sectores “nos quais a corrupção é a mais acentuada” no nosso país de acordo com o estudo intitulado “Os Custos da Corrupção para a Economia Moçambicana” e que foi realizado pelo CIP, em parceria com o Chr. Michelsen Institute (CMI) e o Centro de Recursos de Anti-corrupção U4.

São ladrões, mas não são presos, é tudo legal... Por Dieter Dillinger*



O Estado Português está a ser ROUBADO em mais de 500 milhões de euros pela Holanda que aceita as falsas sedes das grandes empresas portuguesas do PSI 20.

Segundo o jornal Negócios, no final de 2015 foram distribuídos dividendos das empresas cotadas na bolsa - apenas 18 - no valor de 2,23 mil milhões de euros, dos quais dez grupos empresariais nacionais e estrangeiros levaram mais de metade. Cerca de 2/3 desse montante não pagou a taxa liberatória portuguesa de 28%, mas apenas... a holandesa de 5%.

A família que mais recebeu foi a dona da Sociedade Francisco Manuel dos Santos que detém 56,1% do grupo Jerónimo Martins com sede na Holanda que terá recebido 461,7 milhões de euros, roubando ao Fisco 129,27 milhões de euros. E o Soares dos Santos ainda tem a lata de vir para a televisão e jornais dar lições aos governos.

A EDP vai distribuir aos acionistas chineses, americanos e espanhóis 670 milhões de euros. Só a "China Three Gorges" vai receber 144 milhões e a Guoxin chinesa 20,4 milhões de euros sem pagar impostos. Consta que a EDP está a pagar aos patrões dividendos superiores ao lucro real, reduzindo as suas reservas e contraindo empréstimos para tal.  É o ASSALTO a Portugal.

3 de junho de 2016

Moçambique: Empregadas domésticas e suas patroas (Júlio Khosa)


Empregada doméstica, tia ou secretaria, seja qual for a denominação daquela pessoa que desempenha as funções domésticas, mas que não seja da família, e que as exerce para ganhar alguma coisa no fim de cada mês. Aquela que pela natureza do seu trabalho devia ser uma ajudante da dona de casa. Quem olha para ela como uma pessoa digna de todo o respeito? Quem a defende?

Todo o dia, ao levantar-me, preparo-me e corro para a paragem “Madeira”, no bairro Nkobe, onde em seguida apanho chapa até à estação ferroviária da Matola Gare, com a finalidade de tomar o comboio que parte para a cidade de Maputo todas as manhas. Este meio de transporte aparenta ser o mais viável devido à ausência de congestionamento no seu trilho.

Bem! O importante, aqui, não é a minha rotina diária, é o local onde se desenrolam as conversas que pretendo deixar ficar, das empregadas domésticas. Pude notar que a maior parte delas vive em bairros periféricos das duas maiores cidades do sul do país (Maputo e Matola).

Nas suas conversas, há um denominador comum, OS MAUS-TRATOS! Porém, nem todas são mal-tratadas, mas em termos percentuais, posso especular que mais de 90% são as que sofrem nas mãos das suas patroas.

Notei que as empregadas domésticas onde trabalham, na maioria dos casos, chegam a realizar qualquer tipo de actividade, pois não há nenhum documento escrito (contrato) que delimita o que é que elas devem fazer ou deixar de fazer. Por mais que a patroa não seja uma funcionária de uma empresa ou instituição pública, sendo aquela que permanece em casa, não sabe reservar algumas tarefas domésticas, como aquelas íntimas que lhe dizem respeito para exercer como esposa. Chega a deixar tudo para ser feito pela empregada, arrumar a cama, lavar a roupa íntima, limpar ou embelezar o quarto dela, engomar, etc, etc.

Elas, as empregadas domésticas, concluem que essas patroas preguiçosas são muito exigentes! Andam atrás delas para verificar os erros e depois proferir, como prémio, uma chuva de palavras ofensivas, de desprezo e são obrigadas a repetir a tarefa, com rigor, até que atinjam a perfeição. Comentam, algumas delas, ao longo da viagem no comboio, no chapa, no my lote ou no machimbombo, que são proibidas de se sentar perto das suas patroas. Caso isso aconteça, de imediato são questionadas se acabaram as tarefas! Mesmo que tenham concluído todos os afazeres, a patroa inventa sempre alguma coisa só para que estas senhoras não fiquem desocupadas.

Uma lembra-se de que ao chegar na casa da patroa a sua bolsa é vasculhada para saber o que traz para, a posterior, ao sair, certificar-se de que ela não terá levado alguma batata, cebola, tomate ou qualquer outra coisa sem permissão. E, ao arrumar a cama, exige-se que estique bem o lençol para que nenhuma ondulação se note. Pouco tempo depois, as crianças da patroa, depois das refeições, vão brincar nos seus quartos, onde desarrumam tudo e a culpa é atribuía à empregada, alegando-se que ela é que não tinha arrumado a cama das crianças.

Uma outra empregada lembra-se de que no dia que tinha de receber o salário somente tinha a hora de entrada e não tinha a hora de saída, pois a patroa afirmava que para receber tinha que trabalhar, e que o dinheiro não vinha do acaso! E qual dinheiro? No máximo 2.500 meticais. Um salário abaixo do salário mínimo moçambicano! Injustiça! Outras auferem 1.800 meticais ou 2.000 meticais, a trabalharem feitas escravas! Ela são empregadas domésticas e são tratadas como tal inclusive pelas crianças das suas patroas! “Ela é minha empregada", assim o dizem os petizes.

Há quem já se deparou com uma situação em que as crianças da patroa lhe chamavam de tia e a mãe proibia que assim a tratasse, pois, ela não era sua irmã. Tinham que lhe chamar de empregada. Esse termo parece pejorativo, não é? Outros patrões, para evitar esse termo que parece desprezível, recorrem ao mais sofisticado, “minha secretária”!

Esse problema que não parece problema para quem o promove, fomenta a preguiça e o mimo nas crianças que futuramente passarão a repetir os mesmos males que não permitem boas relações entre diversas classes e extractos sociais. Um ditado refere que “o trabalho manual faz o homem”, isto é, é o trabalho que dignifica o homem. Que tipo de sociedade se pretende construir quando os pais ensinam aos filhos a não valorizarem a pessoa que assegura que toda a família viva asseada? Que tipo de educação os pais transmitem aos filhos quando incutem neles a preguiça, fazendo com que as meninas, por exemplo, saibam apenas pintar as unhas, pintar a boca de batom, esticar manipular os telemóveis e assistir a telenovelas?

Os relatos das empregadas domésticas são vários mas queria exortar a todos no sentido de se olhar para esta gente como humana e que é igual a nós. Proponho que as empregadas domésticas passem a exigir um contrato com a pessoa para a qual vai trabalhar para que se defina claramente quais devem ser as suas tarefas dentro de casa e a que devem iniciar e terminar. Nada de exploração.


@Verdade, 23 de Março de 2016

Moçambique: Imagens de Maputo

Portugal: Citânia de Briteiros (Guimarães)


República Checa: Cidade de Praga


Holanda: Cidade de Arnhem


Uma Estranha em Nossa Casa



Alguns anos depois de eu nascer, o meu pai conheceu uma estranha, recém-chegada à nossa pequena cidade.

Desde o princípio, o meu pai ficou fascinado com esta encantadora personagem e, em seguida, convidou-a a viver com a nossa família.

A estranha aceitou e, desde então, tem estado connosco.

Enquanto eu crescia, nunca perguntei qual era o seu lugar na minha família; na minha mente jovem ela já tinha um lugar muito especial.

Os meus pais completavam-se na minha educação... a minha mãe ensinou-me o que era bom e o que era mau e o meu pai ensinou-me a obedecer.

Mas aquela estranha era quem nos contava histórias.

Ela mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias.

Ela tinha sempre respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber de política, história, ciência ou desporto.