30 de dezembro de 2024

10 de dezembro de 2024

Moçambique: Banco de Crédito Comercial e Industrial (Ano 1965)



O Banco de Crédito Comercial e Industrial foi constituído em agosto de 1965, tendo aberto as suas portas a 30 de outubro, na cidade de Luanda, onde detinha a sua sede. O requerimento para a sua constituição tinha dado entrada na Inspeção-Geral de Crédito e Seguros em fevereiro de 1961, por iniciativa do Banco Borges & Irmão que procurava expandir-se nas províncias ultramarinas.

Criado sob uma conjuntura favorável, embora em clima de plena Guerra Colonial, em 06 de novembro de 1965 a instituição abria uma dependência em Lourenço Marques. Segundo os seus estatutos, publicados em Diário do Governo de 22 de junho desse ano, constituiu-se juridicamente como sociedade anónima de responsabilidade limitada. Virado para o mercado colonial, o banco possuía também uma delegação administrativa em Lisboa, na Praça do Município, onde se realizavam as assembleias gerais. Com o capital social autorizado de 200.000 contos, iniciou a atividade com 150.000 contos de capital, sendo 50% detido pelo seu fundador, o Banco Borges & Irmão.

O banco procurou contribuir para uma política de desenvolvimento, incentivando a poupança externa, para as colónias. Realizava todas as operações inerentes à atividade bancária, bem como a elaboração de estudos económicos, regionais e sectoriais, que proporcionavam apoio técnico à sua ação.

Procurou estender o seu raio de influência a todo o território angolano e moçambicano, através da abertura de novas agências. No fim de 1966, o banco contava com seis novos balcões em Angola (Carmona, Benguela, Sá da Bandeira, Lobito, Negage e Porto Alexandre) e quatro em Moçambique (Beira, Nampula, Quelimane e Vila Trigo de Morais). Em 1971, com o aumento dos lucros, possuía 57 dependências em Angola e 42 em Moçambique.

Face ao rápido desenvolvimento da instituição, ao qual o apoio do sócio e fundador Banco Borges & Irmão não era alheio, em 1969 o capital social foi aumentado para 200.000 contos, conforme se encontrava previsto no primitivo pacto social.

O ano de 1970 foi um marco importante para a instituição: o progresso do Banco de Crédito Comercial e Industrial exigia a sua internacionalização e presença noutras paragens, fora das colónias ultramarinas. Assim, recorrendo à colaboração do Banco Borges & Irmão, a instituição instala escritórios e representações em Joanesburgo, Paris e Caracas.

A expansão e o aumento do volume de negócios exigiram uma nova alteração ao pacto social, de modo a permitir aumentar o capital e fortalecer a estrutura e a confiança na instituição. Em 1973 o capital social foi aumentado de 200.000 contos para 300.000 contos.

Com a revolução de abril de 1974, alterou-se a situação política do País. Nesse mesmo ano, registou ainda uma tentativa de aumento de capital, para 420.000 contos, que não se concretizou. 

Em 1975, com a independência das colónias o banco cessa a atividade.

18 de novembro de 2024

Portugal: O 25 de Abril de 1974 e as Independências Exemplares do Império Colonial Português





Hoje há o Moçambique do turista, o Moçambique dos políticos, dos senhores do dinheiro, dos esclavagistas e também há o Moçambique dos moçambicanos.

O Cemitério de S. Francisco Xavier na cidade de Maputo foi votado completamente ao abandono, já não existem Jazigos, Mausoléus e urnas, os mortos foram profanados, está tudo escancarado e vazio, só existem os muros (o tal quarteirão) e o portão da entrada principal, está empenado e enferrujado mas ainda é o mesmo, dentro deste cemitério só existe uma mata alta e densa - capim.
 
Qualquer dia os senhores do dinheiro, mandam construir neste quarteirão (que é ou era sagrado) outras Torres Vermelhas como as da Polana.
 
Na Baixa de Maputo, as ruas da sua zona histórica, estão todas esburacadas, autênticas crateras, já não têm alcatrão, não há passeios, não há marcações rodoviárias, os semáforos que ainda há na cidade são os de antigamente, nada foi conservado, melhorado ou modernizado, os edifícios mais emblemáticos vão caindo (ou incendiados) uns atrás dos outros um pouco por todo o lado e ali ficam os seus destroços ao abandono, ou levados por alguém para fazer dinheiro.
 
As lojas de comércio como havia antigamente, por toda a cidade, para venda de bens de consumo não existem, as que eram dos portugueses como se sabe foram todas destruídas e pilhadas no pós-25 de Abril.

O comércio que existe é o informal que está espalhado no chão pelas ruas da cidade.
 
O mercado do Xipamanine já chegou ao Alto-Maé, já está encostado à Cervejaria Berlengas.
 
Há alguns restaurantes, pastelarias, cervejarias, mas tudo muito caro, o custo de vida em Moçambique é exorbitante.
 
Quanto a farmácias, eu só vi uma em toda a cidade e com “segurança armada” (disseram-me que os donos são portugueses).
 
O Hospital/HMB está velhinho por dentro, não há outro, aliás os “senhores do dinheiro” quando adoecem vão curar as suas doenças ao estrangeiro.
 
Mas existe acesso à internet e às redes de telemóveis em todo o país, mais valia investir na saúde, na higiene e sanidade, na educação, na habitação e no bem-estar dos cidadãos.
 
O que existe muito em Moçambique sobretudo em Maputo e na Beira, são muitas casas de câmbio que estão nas mãos dos monhés e dos indianos e com “segurança armada”.
 
Os monhés e os indianos que saíram de Moçambique depois do 25 de Abril (há os que ficaram, não se deixaram intimidar, nada os demoveu), quando regressaram organizaram-se e recuperaram tudo o que tinham no tempo colonial, e foram enriquecendo ao longo dos anos, não fossem eles hábeis, uns abutres e astutos para os negócios, eles são os donos de tudo, a economia moçambicana está nas mãos deles, vivem todos muito bem, são todos muito unidos e só há convívio entre famílias.
 
Tratam dos seus negócios, e aprenderam a acautelar-se ao longo dos anos, zelando pelas suas fortunas colossais e as suas contas bancárias faraónicas, que estão muito longe de Moçambique, não vá o diabo tece-las.
 
Achei curioso como a Farmácia Mendes, que ficava na Baixa, no términus da Av. Manuel de Arriaga com a Rua Consiglieri Pedroso, mesmo ao lado da DETA e esta ao lado do Banco Nacional Ultramarino, ainda tem a armação enferrujada do toldo por cima da entrada da porta, com um resto do pano que era vermelho e com as palavras Farmácia Mendes, ficou ali enrolado e esquecido junto à fachada do prédio, muito esbatido com o passar dos anos e das intempéries, mas deu para ver que era naquele local que ficava esta Farmácia (era a Farmácia da minha família).

Muitos edifícios construídos pelos portugueses foram votados ao abandono, ou incendiados, estão entaipados ou sem portas e sem janelas, servindo assim de guarida aos bandidos ou aos sem-abrigo.
 
Em 1976 o 1º Governo de Moçambique expropriou ilegalmente todos os bens dos portugueses (de todas as raças e de todas as crenças), que viviam ou não, em Moçambique naquele tempo.
 
Legitimamente ainda continuam a ser propriedade dos portugueses, porque os portugueses tinham que receber uma indemnização por parte de Moçambique ou de Portugal e nunca receberam nada, foram todos roubados - foi um roubo faraónico e histórico.
 
As flats, as moradias ou vivendas, todas as janelas, escotilhas e portas estão totalmente gradeadas e com muitos cadeados, as pessoas têm medo por causa dos assaltos e dos criminosos.
 
Também é nas flats que se cozinha em fogareiros a carvão, se houver um incêndio e que não seja combatido a tempo, será uma tragédia pois não há por onde fugir.
 
Os prédios que tinham elevadores já não funcionam, no lugar deles as pessoas despejam todo o tipo de lixo e os acessos aos seus andares, às suas flats, faz-se pelas escadarias do prédio, pelos degraus que são imensos e que já estão em muito mau estado, não há iluminação, não há eletricidade, quando não se vê nada ou que já está a anoitecer, vai uma pessoa à frente com uma lanterna na mão para iluminar o caminho, as escadarias, os seus degraus, estão sempre com um cheiro nauseabundo porque é onde as pessoas também fazem as suas “necessidades".
 
Os edifícios na cidade onde habitam as pessoas, onde vivem todos enjaulados, estão todos negros e sujos, tanto por fora como no seu interior e estão inundados de baratas, melgas, moscas  (autênticas avionetas) e ratazanas gigantes.
 
Os senhores do dinheiro mandaram construir moradias onde não deviam, nas barreiras, no caracol, em cima das dunas, por isso é que a Marginal, a sua orla costeira, está a desaparecer devido à erosão, pois foi ficando desprotegida por causa da construção de habitações.
 
A estrada da Baixa - Costa do Sol (A Marginal) está esburacada, faltando-lhe o alcatrão, está reduzida a um caminho de terra coberta por camadas grandes de areia, é só areia por todo o lado, faltam-lhe as dunas, toda a sua vegetação nativa, todos os seus mangais, a orla costeira está a desaparecer devido à erosão, porque ficou indefesa devido à construção de casas naquela zona, um atentado completo e vergonhoso ao sistema ecológico e ambiental da orla costeira da capital moçambicana que está destruída e em erosão veloz.
 
As acácias e as buganvílias escasseiam
Só há gás de botija para quem tem dinheiro
O lixo é atirado das janelas para a rua
É só artérias de terra batida e esburacadas
Nem todos têm água
Nem todos têm eletricidade
Nem todos têm saneamento
Nem todos têm acesso à educação
Não há saúde nem medicamentos
Há esgotos a céu aberto por todo o lado
Não há higiene e sanidade
 
É evidente que todas as infraestruturas subterrâneas feitas pelos portugueses (nomeadamente saneamento, água canalizada, eletricidade, comunicações, esgotos) sem a devida e imprescindível manutenção diária ou periódica, ficaram inoperacionais.
 
O mesmo aconteceu com os “elevadores de todos os prédios”, deixaram de funcionar por falta de assistência, então há que arrancar-lhes as portas e aproveitar aqueles buracos, andar a andar, para despejar o lixo onde acaba por apodrecer, dando origem a cheiros nauseabundos, resta saber se alguém já caiu dentro de algum buraco.

Depois do 25 de Abril só se preocuparam em chacinar os portugueses para que fugissem e deixassem os seus bens à disposição de todos, não pensaram nas consequências, que sem alicerces, sem manutenção, sem organização e sem trabalho árduo, qualquer sistema vai pelo cano abaixo.
 
Na cidade não há caixotes para recolha do lixo (se houver são muito poucos), as pessoas deitam o lixo para a via pública, a cidade está imunda, nauseabunda e nojenta, as pessoas fazem as suas necessidades fisiológicas na via pública e depois são só doenças.
 
As pessoas cozinham comida para vender. nas ruas da cidade rodeadas de lixo por todo o lado, um atentado à saúde pública.
 
Toda a cidade está imunda, há lixo espalhado por todo o lado, as pessoas fazem as suas "necessidades" em qualquer lugar à vista de toda a gente.

Mal começa a anoitecer as pessoas recolhem às suas casas e trancam-se bem trancadas.
 
A cidade de Maputo é muito mal iluminada, tem pouca iluminação, ninguém se atreve a sair de noite das suas casas para dar um passeio mesmo curto que seja, muito menos ir até à Marginal ou Costa do Sol para tomar ar.
 
As famílias vão para as suas casas à tardinha, e ninguém sai de casa sem ser de dia, ninguém sai porque é uma regra, visto não haver segurança em lado nenhum.
 
Muitos dos maputenses nem a Malhangalene conhecem, para irem a pé têm medo de lá ir, para irem de carro os acessos já não existem ou estão obstruídos.
 
O Bairro da Malhangalene está irreconhecível, parece que foi bombardeado por uma Guerra Mundial qualquer, só a Rua do Porto, que começa no “Cordeiro” e termina no Largo do Alentejo, está mais ou menos remendada com alcatrão, o resto das artérias do Bairro são de terra batida, a avenida de Lisboa já nem existe - no Bairro da Malhangalene as ruas são autênticas crateras, esburacadas, com águas estagnadas, com esgotos a céu aberto, um perigo para a saúde pública.

Por isso é que a malária (o paludismo), depois das "independências dadas às pressas numa salva de prata", o mosquito da malária ressuscitou em Moçambique e no Continente Africano, provocando já milhões de mortos.
 
Dizem que o colonialismo português, é que explorou, escravizou, maltratou os moçambicanos, e que era racista, vão a Moçambique e vejam com os vossos próprios olhos (como eu vi) o que se passa lá hoje entre eles.

Os moçambicanos da classe baixa (os pobres), que trabalham como empregados domésticos, ou nalgumas lojas, como animais de carga, são todos escravizados, todos explorados e mal tratados pelos seus próprios compatriotas da classe média, pelos senhores do dinheiro, pelos políticos, pelos monhés, pelos indianos e pelos chineses, são todos tratados abaixo de cão, nunca na minha vida vi tão grande racismo, tanto ódio e desprezo entre eles todos.

A cidade de Maputo não tem nada a ver com o esplendor da antiga cidade de Lourenço Marques, onde as pessoas confraternizavam umas com as outras, vivia-se em paz e segurança quer de dia quer de noite.

5 de outubro de 2024

Moçambique: Fotografias da Independência 25 de Junho de 1975


Fonte: Arquivo Pessoal
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Moçambique: Fotografias da Independência 25 de Junho de 1975


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14 de setembro de 2024

Moçambique: Fotografias da Independência 25 de Junho de 1975

Fonte: Arquivo Pessoal
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Moçambique. Fotografias da Independência 25 de Junho de 1975

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7 de setembro de 2024

Portugal: O 25 de Abril de 1974 e as Independências Exemplares do Império Colonial Português


Quanto «às independências ditas exemplares pelos vendilhões da Pátria Portuguesa, pelos traidores e cobardes do 25 de Abril de 1974», o povo português que vivia na ex-colónia de Moçambique (de todas as raças e crenças), logo a seguir ao 25 de Abril, foi obrigado a entregar as armas que tinham em casa (os que as tinham), mediante a ameaça que JOAQUIM CHISSANO fez através da rádio, que se não as entregassem, imediatamente mandaria chacinar os portugueses pelos marginais.

Mesmo assim, depois de as armas serem entregues, os portugueses foram todos enganados e sem aviso prévio, sem nada o prever, ordenaram a sua perseguição, a sua crucificação, a sua chacina, a sua matança.

O povo português ficou desarmado, indefeso e à disposição das hordas de assassinos, de grupos de maltrapilhos e analfabetos que assolaram a capital, as vilas, as aldeias e as cidades dos arredores, aliás todo o território moçambicano foi invadido por estes criminosos, dizendo que estavam a cumprir ORDENS recebidas dos seus "SUPERIORES" (os de Moçambique e os de Lisboa).

Armados de catanas, metralhadoras, baionetas e outros materiais contundentes, perseguiram o povo português nas casas, nos empregos, nas escolas, nos templos religiosos, nos hospitais, nas machambas, nas ruas, em todo o lado onde estivesse para o chacinar.

Estupraram milhares de mulheres, crianças e idosas, perante a impotência dos homens da família, porque eram manietados, acorrentados, ameaçados com catanas e baionetas, eram obrigados a assistir a estas crueldades horrendas, para depois no fim serem todos chacinados e esquartejados, morrendo assim milhares num conflito hediondo de que o povo português foi a principal vítima.

Nos cemitérios vandalizaram jazigos, campas, caixões e os mortos foram profanados.

Os “superiores de Moçambique e os traidores, os cobardes de Abril, os vendilhões da Pátria – os de Lisboa”, ordenaram estas chacinas, para que o povo ficasse aterrorizado e fugisse imediatamente de Moçambique, para lhes serem confiscados todos os seus bens - os portugueses ficaram sem nada, ficaram despojados de todos os seus haveres.

“Os superiores de Moçambique” não queriam que os portugueses ficassem em Moçambique depois da Independência (obtendo a nacionalidade moçambicana e continuando a viver a sua vida no Moçambique Independente), e também “os traidores, os cobardes de Abril, os vendilhões da Pátria” – os de Lisboa, não queriam os portugueses, os retornados de Moçambique em Portugal.

Não foi o cobarde, o traidor de Portugal, o vendilhão da Pátria – Mário Soares - que disse para que atirassem os portugueses, os retornados de Moçambique, dos aviões para o mar para que fossem comidos pelos tubarões?!

Quando os Soldados Portugueses que ainda se encontravam em Lourenço Marques, a seguir ao 25 de Abril, mesmo que presenciassem violações, roubos e mortes e os portugueses lhes imploravam socorro, eles faziam chacota, palitavam os dentes, mascavam chuingas, fumavam e cuspiam para o chão, cruzavam e descruzavam os braços ou as pernas, viravam costas, ficavam indiferentes, em posição de descanso, quer vissem desmembrar crianças (como aconteceu na Ponte Pinto Teixeira), violar mulheres à frente de todos ou rebentar as portas das cantinas, das casas ou das flats, para matar os donos e roubar-lhes tudo, diziam: “São Ordens de Lisboa”.

E a procissão de veículos, carros, camiões, motorizadas e jeeps (Lourenço Marques/Matola) regados com gasolina a que deitavam fogo depois de trancar as portas com os seus ocupantes lá dentro, filas intermináveis de veículos a arder, tudo em labaredas gigantescas, fumos imensos negros e densos, cheirando a carne queimada por toda o lado, parecia que Lourenço Marques, as suas vilas, as aldeias e as cidades nos seus arredores, iam desaparecer do mapa, num inferno dantesco, um autêntico apocalipse.

As pessoas que eram apanhadas vivas, enfiavam-lhes pneus dos carros pelas cabeças abaixo, que lhes imobilizavam os braços, ficavam logo em asfixia, penduravam-nas nas árvores, regavam-nas com gasolina e deitavam-lhes fogo, uns autênticos archotes humanos. 

Foi um espetáculo horroroso e diabólico que preencheu os 250 quilómetros que medeiam entre Lourenço Marques e a cidade de João Belo.

Em Lourenço Marques e nos seus bairros limítrofes (Mahotas, Infulene, Aeroporto, Malhangalene, Mafalala, Benfica, Xipamanine, etc.), muitas casas foram incendiadas com as pessoas lá dentro, outras conseguiram fugir e andaram refugiadas no centro da cidade de Lourenço Marques, onde foram acolhidas em casa de familiares, em casa de pessoas conhecidas e outras foram acolhidas até por pessoas desconhecidas.

Porque estas hordas de assassinos, já estavam a fazer um cerco à cidade de Lourenço Marques para obrigar o povo, que estava cada vez mais encurralado, a fugir para a Baixa da cidade, em direção à sua Baía – não havia outra escapatória, morreriam chacinados, ou morreriam todos afogados - seria uma carnificina absoluta e inexorável.

Claro que perante estas chacinas levadas a cabo com uma selvajaria diabólica e não havendo sinais para que terminassem, deu-se a debandada geral dum povo que foi abandonado desde o início e de propósito pelos traidores e cobardes de Lisboa, crucificado, fragilizado, aterrorizado, horrorizado, traumatizado, que conseguiu sobreviver a tamanha matança, deixando para trás todos os seus familiares chacinados, os seus bens imóveis, móveis, veículos e pertences pessoais - tudo o que ainda não tinha sido saqueado, tudo o que ainda não tinha sido pilhado - saindo às pressas de Moçambique com uma mão à frente e outra atrás, com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.

O dinheiro que muitos portugueses tinham guardado nos bancos, as economias que muitos andaram a poupar ao longo dos anos com muito trabalho e sacrifício, com a intenção de terem uma velhice digna já que não havia reformas, sem aviso prévio ficaram sem as suas economias, ficaram sem nada, ficaram sem um tostão, porque as contas bancárias pessoais e das Empresas foram todas congeladas após o 25 de Abril, a mando dos “superiores de Moçambique e dos traidores, dos cobardes de Abril, dos vendilhões da Pátria – os de Lisboa”.

Os portugueses só conseguiam sair de Moçambique no Aeroporto de Lourenço Marques ou nas Fronteiras terrestres, saindo em direcção à África do Sul e outros países africanos, mediante a apresentação de um documento emitido pela Frelimo, onde era comprovado que tinham sido entregues as chaves das habitações alugadas ou próprias e o Papel Azul emitido pelas Finanças em como os Impostos estavam todos pagos, caso contrário não podiam sair de lá.

Os massacres mais hediondos perpetrados contra o povo português (de todas as raças e de todas as crenças) e que estão na memória de quem “sobreviveu a eles” são o 7 de Setembro, o 21 de Outubro e o 17 de Dezembro de 1974.

Na altura destes massacres tinha surgido na cidade de Lourenço Marques “um grupo refratário, insignificante e asqueroso de portugueses de todas as raças e de todas as crenças”, que não aceitavam jamais que Moçambique fosse Independente, contribuindo eles também com este ignóbil, intolerável e inaceitável protesto, ao massacre dos seus compatriotas.

Passados que são 50 anos, “este grupo refratário”, cujos nomes constam de uma lista (eu sei o nome de algumas pessoas que ainda estão vivas), que está na posse do Governo de Moçambique desde essa data - continuam a estar proibidos de pisar “Terra Moçambicana”.

Ainda estão vivos alguns dos "Responsáveis" (moçambicanos e portugueses) pelos hediondos massacres perpetrados ao povo português, que lançaram milhares de corpos de portugueses nas águas da Baía, dos rios Limpopo, Incomáti, Umbeluzi, Matola, ou os transformaram em cinzas fumegantes na terra que se acreditava que pudesse ser de todos os que lá estavam e que queriam continuar a viver nela – portugueses de todas as raças e de todas as crenças.

Esta chacina foi compactuada com os de “Moçambique e com os traidores e os cobardes do 25 de Abril (os vendilhões da Pátria)” – que deram as independências às pressas.

Depois do 25 de Abril de 1974, todos os antigos combatentes da guerra colonial, quando chegaram a Lisboa, alguns com a vergonha que sentiram por terem abandonado os portugueses de Moçambique, emigraram para a Europa, América do Norte, América do Sul, Austrália. Todos os Soldados da Guerra Colonial foram  abandonados por Portugal, ao longo destes 50 anos de "democracia".

Durante a guerra colonial e também no pós-25 de Abril, alguns dos ex-combatentes perpetraram por conta própria "Crimes de Alta Traição à Pátria Portuguesa e ao seu Povo" e que estão “gravados” nas páginas negras da História de Moçambique e da História de Portugal.

Um dos meus irmãos que cumpriu o serviço militar em Tete, numa das muitas emboscadas de que foi alvo, a sua companhia sofreu uma emboscada terrível em 1972, onde camaradas seus perderam a vida, outros ficaram gravemente feridos, foram evacuados para o Hospital Militar em Lourenço Marques e outros foram evacuados para a Metrópole/Alcoitão, muitos deles ficaram com braços e pernas amputados e muitos até sem os olhos, ficaram inválidos, mutilados, cegos e com traumas de guerra para toda a vida.

Ao fim de uns meses depois de ter recuperado e de estar novamente apto, esteve três meses em serviço no Quartel Geral sito no Bairro do Alto-Maé na cidade de Lourenço Marques.

A Baía de Lourenço Marques com uma largura de 36 quilómetros e 52 quilómetros de comprimento, forma o Estuário do Espírito Santo com 30 quilómetros quadrados.

Na Baía embocam, além de outros, os rios Maputo, Incomáti, Umbeluzi, Matola e Tembe.

A Xefina (constituída por 3 ilhas, Xefina Grande, Xefina Média e Xefina Pequena), fica dentro do Estuário do Espírito Santo, a uma distância de 5 quilómetros de Lourenço Marques, quase frente à Praia da Costa do Sol.

Na Xefina Grande existia na altura um Forte e uma Prisão Militar.

O seu serviço durante esses três meses consistiu no seguinte:

Ia todos os dias com os seus camaradas à Xefina num barco da Marinha para levarem géneros alimentícios, medicamentos, correspondência e outros, aos militares que ali se encontravam presos a cumprirem pena sentenciada pelo “Tribunal de Guerra” por terem cometido crimes contra o “Estado Português”.

Em seguida o meu irmão retornou a Tete para cumprir o tempo de serviço militar que ainda lhe faltava para passar à disponibilidade.

Falando em militares condenados pelo “Tribunal de Guerra” e presos na Xefina Grande, quem não se lembra de nos meados dos anos sessenta, um militar ter morto a tiro, três camaradas seus à porta da entrada do Quartel Geral (Alto-Maé) na cidade de Lourenço Marques?

Pois eu lembro-me desta tragédia, nunca o vou esquecer enquanto viver, porque um deles abatido. pertencia à nossa família e era filho único, sem irmãos, a casa onde morava ele e os pais ficava perto do Quartel onde foi morto, na Avenida 24 de Julho – Alto-Maé.

Os pais com o desgosto de ficarem sem o único filho, poucos meses duraram, ficaram todos sepultados no Jazigo de Família no Cemitério de S. José de Lhanguene.

Esta imensa vergonha que, com a Inquisição, constituem as mais negras páginas de uma História gloriosa – como foi a de Portugal – talvez para mostrar que mesmo um povo de heróis pode gerar traidores e fratricidas.

- Porque é que Portugal não pôs uma ponte aérea para os portugueses saírem de Moçambique como fez em Angola?

- Porque é que Portugal deu um prazo gigantesco, estranho e excessivo de 10 anos para entregarem Macau à China, e não fez o mesmo com as Províncias Ultramarinas, com todo o seu Império Colonial Português?!

Que o povo moçambicano tenha muita paz, muita saúde, que seja muito feliz e que viva com muita prosperidade.

11 de agosto de 2024

Portugal: Província Ultramarina de Moçambique (Ano 1960)





Fonte: Arquivo Pessoal
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Portugal: Província Ultramarina de Timor (Ano 1960)



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Portugal: Província Ultramarina de Macau (Ano 1960)



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Portugal: Província Ultramarina do Estado da Índia (Ano 1960)



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Portugal: Província Ultramarina de S. Tomé e Príncipe (Ano 1960)



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Portugal: Província Ultramarina de Angola (Ano 1960)



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