O escritor Mia Couto disse hoje que gostaria de usar o valor do Prémio Camões para desenvolver um projeto que dê "espaço aos jovens escritores moçambicanos", algo que, considera, Moçambique não dispõe nesta altura.
"Gostaríamos (o escritor e os seus irmãos) muito de poder intervir (...) em áreas junto do livro, dos jovens escritores que não têm espaço", disse Mia Couto, quando falava, em Maputo, numa conferência de imprensa a propósito do Prémio Camões, que lhe foi atribuído ontem.
Segundo Mia Couto, "todas as semanas", algum jovem escritor lhe bate à porta com um "manuscrito para mostrar", o que lhe causa "muita impressão", pois revela "uma grande solidão", uma vez que "essas pessoas" não têm com quem partilhar a "preocupação" do valor da obra.
"Não existe instituição em Moçambique que possa receber esta gente, que possa organizar um momento que é essencial, que é alguém escutar, olhar aquele texto preparado pelo jovem e poder ver se ali há uma potencialidade de alguém que pode ser amanhã um escritor", disse.