A queda da Europa
Até há algumas décadas, os chamados ‘estados civilizados’ faziam a guerra com armas, homens e equipamentos. Hoje, os actores são múltiplos, e muitos deles mais importantes do que alguns Estados, actuando na esfera das finanças, da economia, da comunicação.
O que se passa com a crise das dívidas soberanas europeias é porventura expressão dessa nova forma de guerra: não no terreno, mas nos computadores e nas salas de mercados.
Wall Street, ou seja, alguns grandes interesses financeiros de empresas sediadas nos EUA, quer ganhar à custa da fraqueza das economias europeias. Começaram por atacar os mais fracos e endividados. Progressivamente, ampliaram a sua esfera de acção e irão chegar ao coração da Europa. Esta não tinha mecanismos de defesa; para não falar de mecanismos de direcção e coordenação. É um conjunto sem unidade e comando, e um exército sem esses elementos é facilmente derrotado.
A Europa política não percebeu as novas formas de guerra, não percebeu que os mercados são os novos teatros de operações. É por isso que os actuais líderes políticos europeus ficarão para a história como aqueles que em vez de a construírem a deixaram tombar.
Por: Ângelo Correia, Gestor
Correio da Manhã, 27 de Novembro de 2011