24 de junho de 2012

Mondlane concorreu a presidência da FRELIMO com cartão da UDENAMO



Matola – O combatente da Luta de Libertação Nacional, Lopes Tembe, disse que Eduardo Mondlane, quando se juntou aos combates, teve que concorrer a eleição para a presidência da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) como membro da União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO).

Falando no simpósio por ocasião dos 50 anos da Frelimo que decorre na cidade da Matola, província de Maputo, Tembe explicou que Mondlane, quando veio a Moçambique, não tinha partido, ou seja, não pertencia a nenhum dos movimentos que existiam e, por essa razão não podia concorrer para a presidência.

A tese que ele sempre defendeu quando era convidado a liderar alguns dos movimentos, segundo Tembe, era a de que ele não podia ser líder de muitos partidos e que a condição para entrar era de que estes deviam se unir num único movimento, para serem mais fortes dai a posição de neutro que ostentou até a altura da união.

Tal como Chissano, Lopes Tembe, um dos fundadores do UDENAMO, sublinhou que a tarefa de Mondlane de unir todos os movimentos não foi fácil, tendo explicado que Adelino Guambe, líder desta organização foi uma das pessoas que mais se opuseram a união.

Tembe explicou que depois da criação deste movimento na Rodésia do sul em Outubro de 1960, apesar de ter colhido simpatias da ZAPU, partido que era liderado por Joshua Mkomo, foram informados que aquele partido não podia funcionar a partir daquele país por serem estrangeiros e que só podiam funcionar a partir da Tanzânia.

Não havendo outro caminho a seguir, segundo Tembe, rumaram para a Tanzânia. Só que, chegados àquele país, Guambe convocou uma conferência de imprensa na qual anunciou que o seu movimento dispunha de 15 mil homens prontos para lutar por Moçambique facto que provocou alarido no seio dos rodesianos e tanzanianos.

“Na Tanzânia fomos viver no “Mungulane Camp” que albergava todos os nacionalistas que chegavam aquele pais vindos de vários países africanos”, disse Tembe.

Depois, segundo contou Lopes Tembe, ele e outros seus companheiros foram seleccionados para uma formação no Instituto Ideológico no Gana, que concentrava combatentes africanos com o objectivo de formá-los em matéria de organização de partidos políticos.

Já no Gana, o grupo é surpreendido por uma visita do líder do movimento, Adelino Guambe, que lhes informou que os escritórios da Frelimo na Tanzânia tinham sido encerrados e que a saída era mudar a base para a Somália.

“Nós não acreditamos nesta informação e questionamos as razões. Pedimos para viajar para a Tanzânia para nos inteirarmos da veracidade desta informação e, uma vez no terreno, constataram que se tratava de uma pura mentira orquestrada por ele. Para além de que nos achamos que Somália era longe demais para um movimento que queria lutar por Moçambique”, explicou Tembe.

Já no final de sua dissertação, Lopes Tembe, manifestou o seu receio em ralação ao que chamou de ressurgimento do tribalismo, regionalismo e discriminação em Moçambique destacando que esta maneira de ser não da para conviver com ela.

MAD/DT

(AIM),16-06-2012