A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ontem, em Maputo, que as autoridades nacionais participam nas novas investigações sobre a morte do primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Machel, bem como a existência de novos dados sobre o despenhamento do avião (Tupolev) que vitimou, a 19 de Outubro de 1986, o estadista e outros 33 acompanhantes nas colinas de Mbuzini, África do Sul.
Maputo, Sábado, 15 de Dezembro de 2012:: Notícias
Em entrevista à Televisão de Moçambique (TVM), Ângelo Matusse, Procurador-Geral Adjunto, disse, porém, não poder entrar em detalhes por se estar a meio de uma investigação confiada a uma comissão mista composta por técnicos moçambicanos e sul-africanos.
Aliás, mesmo as escassas informações divulgadas esta semana pela Imprensa da África do Sul resultaram de uma fuga de informação do lado sul-africano, onde se encontra parte da comissão mista, de acordo com o entrevistado.
“Ainda não podemos falar. Trata-se de uma investigação liderada por uma comissão muito séria. Não podemos avançar detalhes relativamente às pistas que estão a ser seguidas neste momento”, disse.
Entretanto, a PGR nega que tenha havido um novo comando por parte do Governo sul-africano para a suposta reabertura do inquérito da tragédia de Mbuzini porque, apesar do abrandamento que se registou nos últimos tempos, as investigações nunca estiveram encerradas desde que o Presidente da República, Armando Guebuza, pediu apoio nas investigações ao seu homólogo sul-africano, em 2005. Foi nesse âmbito, segundo a fonte, que foi criada a referida comissão mista que trabalha no caso.
“Os membros da comissão encontram-se sempre que for necessário. Estas equipas trabalham de forma permanente, pelo que as investigações nunca estiveram paradas”, assegurou.
Apesar do decurso dos trabalhos, a PGR concorda que o passar do tempo vai levando consigo alguns vestígios do crime, mas acredita que a verdade será descoberta investigando ou por via de eventuais denúncias de coniventes que podem estar do lado moçambicano ou sul-africano.
O jornal “Times” de Joanesburgo noticiou há dias a existência de uma nova investigação aberta depois de a Polícia ter recebido “novas informações” fornecidas por uma fonte não identificada, em Janeiro deste ano, e que incluem documentos inéditos.
Os documentos, salienta o artigo do “Times”, voltam a sugerir a hipótese de as autoridades do regime do “apartheid” terem interferido na rota do “Tupolev TU-134” presidencial moçambicano com recurso a falsos sinais de rádio – conhecidos em aeronáutica como VOR – e que teriam atraído o aparelho para as montanhas dos Libombos, na zona fronteiriça de Mbuzini, onde viria a embater contra montanhas, com um saldo de 34 mortos e nove feridos.
Uma investigação do jornal apurou que o novo inquérito envolve, para além das polícias dos dois países, o Ministério Público sul-africano e a Autoridade de Aviação Civil sul-africana. Segundo o jornal, especialistas teriam já tirado novas fotografias aéreas do local do acidente, que ocorreu em 19 de Outubro de 1986, bem como obtido imagens de satélite e leituras de GPS da zona de Mbuzini.