A decisão do Tribunal Constitucional veio confirmar o que já se suspeitava. Existem medidas orçamentais que ferem a Constituição. O executivo voltou a repetir erros do ano passado e sai muito coxo e derreado. O que se seguiu, nas homílias desesperadas e nas alegrias pelas vitórias, foi o repetir do triste carnaval em que mergulharam dirigentes políticos, preferindo arrastar-nos para o afundanço definitivo do País, a perder a paixão pelo lugar-comum e pelos projetos particulares. Já nem conseguem amargurar, por serem tão vulgares, as banalidades despejadas frente a microfones e câmaras. A deputada do PSD Teresa Coelho veio dizer que estava surpreendida com a decisão. Não se sabe porquê. Só se andou fora e não leu, nem ouviu o que foi dito por dezenas de constitucionalistas. E ameaçou logo com a receita do costume. Isto vai custar a subida de mais impostos.
António José Seguro foi príncipe. A sua declaração esvai-nos de tanto patriotismo. Solene, sem se rir, afirmou que estava pronto para governar. Não disse como, nem com que apoio. E acrescentou com a genialidade própria das frases redondas e sem sentido: quem fez o mal que o resolva! Ora aqui está o cerne da questão. Ele que é o herdeiro dos governos que nos levaram a esta tragédia, caso isto não fosse um circo, lá estaria a dar um passo em frente para ajudar. Mas não deu. A coragem quando é de palavras e não de atos é mera bazófia. Especialidade nacional cada vez mais apurada, a bazófia tornou-se produto nacional. É por isso que melhor se compreende a declaração eufórica de Jerónimo de Sousa. Para ele, a inconstitucionalidade dos quatros pontos do Orçamento não é produto da decisão de juízes, mas sim ‘da luta dos trabalhadores’.
Quando aqui se chega, já não há paciência para mais. O BE gritou outra vez que o governo tem que ir para a rua. O CDS mais uma vez escapou-se no habitual lugar-comum que o faz fugir pelos intervalos da chuva. Esta rapaziada tem soluções? Esta gente sabe o que fazer perante tão grandes problemas de que o País sofre? Tem o lugar-comum. A vulgaridade. A bazófia. E estão vazios de ideias. Começou a hora de pormos as boias de salvamento e prepararmo-nos para a tempestade final, para o afundanço final: sair do euro. A única solução contra a mediocridade antipatriótica em que estamos atolados.
Correio da Manhã, 7 de Abril de 2013