Ilha de São Nicolau
No interior montanhoso da ilha de São Nicolau estão sinalizados diversos itinerários pedestres que proporcionam caminhadas esplêndidas, com desfiladeiros ou o Atlântico como pano de fundo.
Nos portos de Tarrafal e Preguiça organizam-se grupos de pesca desportiva vocacionados para peixes de grande porte. Explore também as angras e grutas espalhadas pela Baía de São Jorge, alugando um barco de pesca na praia do Carriçal, situada no extremo oriental Sul de São Nicolau.
Com sete picos acima dos 500 metros de altura, formando entre vales estreitos e escarpados, a ilha de São Nicolau – tal como a de Santo Antão – é uma das mais imponentes do arquipélago cabo--verdiano. O pico mais elevado é o do Monte Gordo, com 1.304 metros, situado na confluência de duas cordilheiras vulcânicas orientadas, respectivamente, nos sentidos Norte/Sul e Noroeste. Este pico dista de Ribeira Brava, capital administrativa da ilha, apenas 8 km, para Ocidente.
A Norte de Monte Gordo, no coração de São Nicolau, espraia-se o Vale da Fajã e, a Noroeste, o Vale de Ribeira da Prata, as duas zonas mais férteis, bonitas e verdejantes da ilha, onde serpenteiam ribeiros de água tépida durante o ano inteiro e se cultivam, no sopé dos vales, a cana-de-açúcar e a banana e, nos socalcos superiores, o milho e o feijão. Para Ocidente do maciço central situam-se planícies pedregosas e para Leste um espinhaço rochoso estéril, em forma de dedo apontado em riste, percorre a ilha, a toda a largura, até Castilhano formando, a Sul, a Baía de São Jorge – a maior de Cabo Verde.
São Nicolau está integrada no grupo de ilhas do Barlavento cabo-verdiano, entre Santa Luzia, a Oeste, e a ilha do Sal, a oriente. A sua superfície de 343 km2, reparte-se entre um comprimento máximo de 25 km, no sentido Norte/Sul e uma largura máxima de 50 km, no sentido Este/Oeste.
Um pouco de história
A ilha de São Nicolau foi descoberta em 1461, provavelmente no dia consagrado ao santo – 6 de Dezembro.
No entanto, o relevo muito acidentado da ilha, salvaguardando dos olhares furtivos o interior fértil e a existência de cursos de água permanentes favoráveis à agricultura e à pecuária, adiaram o seu povoamento por mais de um século.
Em 1683, um marinheiro inglês relatou que em São Nicolau habitavam apenas 100 famílias e descreveu com surpresa os vinhedos verdejantes e a abundância de madeiras existentes no interior da ilha.
Por outro lado, a sua exposição fácil à rapina dos corsários fez com que só depois da construção do Forte de São Jorge (em 1818), na pequena povoação de Preguiça, São Nicolau oferecesse condições de segurança para novos colonos.
Em 1866, o médico e filantropo Júlio José Dias – filho de um fazendeiro abastado – doou a sua mansão de Ribeira Brava para a instalação do primeiro Seminário de Cabo Verde.
A escola anexa ao Seminário ministrava um ensino de qualidade equivalente às universidades portuguesas, proporcionando aos seus alunos ingressarem nas carreiras da administração civil e eclesiástica do império colonial.
As mentes mais brilhantes do arquipélago dirigiram-se, a partir de então, para São Nicolau, transformando Cabo Verde no pólo de irradiação da evangelização portuguesa na África ocidental e a ilha de São Nicolau no centro da produção intelectual do país durante os 60 anos seguintes – até ao encerramento definitivo do Seminário, em 1917.
Foi aí que nasceu, em 1936, o importante movimento literário ‘Claridade’, protagonizado por Baltazar Lopes, Manuel Lopes, João Lopes e Jorge Barbosa.
São Nicolau tem actualmente 20 mil habitantes, a maior parte dos quais residem na vila piscatória do Tarrafal.