Mia Couto: "Eu na escrita não sei, eu quero não saber"
"Jesusalém", o novo romance do escritor moçambicano, é lançado hoje em Lisboa. Mia Couto falou-nos desta obra, da sua escrita, de Moçambique, da lusofonia, do (des)encantamento do mundo - e muito, muito, de poesia.
Diz que na escrita não sabe, e quer não saber - que ama essa ignorância. Essa a premissa com que parte para cada novo livro, para não se prender nem a um formato, nem à imagem que o mundo começava a colar-lhe à pele: a de inventor de palavras. Em Jesusalém há menos palavras inventadas, mas há um país inventado segundo a vontade de um homem - Silvestre Vitalício, o pai de família que decide fundar a sua própria nação, Jesusalém, para se fechar ao mundo.
São vozes femininas as que Mia Couto convocou como fundo deste romance. É uma história povoada por homens, mas onde a ausência de uma mulher, Dordalma, é a figura omnipresente. Sophia de Mello Breyner, Hilda Hist, Alejandra Pizarnik e Adélia Prado - o escritor diz que as escolheu para abrir cada capítulo, mas que foram também elas quem o escolheu.
Sapo MZ, 23 de Julho de 2009