26 de novembro de 2009

Estados Unidos: A lista negra de Hollywood (1947)



1947: A lista negra de Hollywood

Hollywood, 25 de Novembro de 1947: os patrões dos grandes estúdios, reunidos no Waldorf-Astoria, publicaram a primeira "lista negra" da indústria do cinema americano. Dela constavam os nomes de dez pessoas - realizadores e argumentistas - acusados pelo Comité das Actividades Anti-Americanas de obstrução aos trabalhos do Congresso. Na prática, a acusação baseava-se na suspeita de que os argumentistas e realizadores em questão tivessem ligações ao partido comunista americano e estivessem envolvidos em actividades consideradas subversivas.

Foi um dos vários episódios das perseguições políticas em Hollywood. Já nos anos 30 se tinham feito sentir tensões entre os patrões da indústria e os sindicatos, alguns com ligações efectivas ao partido comunista, que então conseguira alguma popularidade. Ainda durante a II Guerra Mundial, vários foram os actores denunciados por alegadamente serem comunistas. A lista incluía estrelas como Humphrey Bogart ou James Cagney.

Na América conservadora do pós-guerra, a desconfiança e o ódio face ao comunismo cresceram. Em Outubro de 1947, o Comité das Actividades Anti-Americanas listou um grupo de trabalhadores de Hollywood sobre os quais recaíam suspeitas de fazerem subrepticiamente propaganda pró-comunista nos filmes em que participavam. Destes, onze foram chamados perante o comité, por recusarem prestar declarações. Um deles - Bertold Brecht, então emigrado nos EUA - acabou por responder às questões. Os outros 10 invocaram a 1ª Emenda da constituição americana (direito à liberdade de expressão e associação) e recusaram falar. Foram esses 10 os nomeados na primeira "lista negra".

Os "10 de Hollywood" na primeira lista negra da indústria: na primera fila (a partir da esquerda): Herbert Biberman, os advogados Martin Popper e Robert W. Kenny, Albert Maltz, Lester Cole. Fila do meio: Dalton Trumbo, John Howard Lawson, Alvah Bessie, Samuel Ornitz. Fila de trás: Ring Lardner Jr., Edward Dmytryk, Adrian Scott.

Enquanto decorriam as audiências, a agitação em Hollywood era grande. Os donos dos grandes estúdios aproveitaram a situação para fazerem purgas e as denúncias cresceram. Em 1948, os 10 acusados foram condenados a pena de prisão. Muitos não conseguiram retomar as suas carreiras no cinema.

Ao longo dos anos 50, a perseguição continuou, instigada pelo senador McCarthy. Entre as personalidades que estiveram sob a mira do comité contam-se Leonard Bernstein, Arthur Miller, Dorothy Parker, Orson Welles, Richard Attenborough e Charles Chaplin. Em 1952, quando seguiu para a Europa no que pensava ser uma curta viagem, Chaplin viu-se impedido de regressar. O serviço de emigração americano revogou-lhe o visto de entrada, sob pretexto de questões políticas. Chaplin, que criara toda a sua carreira nos EUA, declarou então, publicamente, que nunca mais voltaria ao país.

25 de Novembro de 2009