Zambézia: Caça furtiva e queimadas dizimam fauna bravia
A caça furtiva e as queimadas descontroladas são dois dos principais problemas apontados pelos ambientalistas como estando na origem da destruição do potencial faunístico na província da Zambézia.
De há uns tempos a esta parte tanto nas principais reservas florestais e noutras regiões com potencial faunístico começa a ser difícil encontrar animais protegidos por lei bem como outros tipos que constituem a população faunística, atracção para o turismo e obtenção de proteína animal para a alimentação.
Os participantes à I Conferência Provincial sobre o Desenvolvimento Comunitário, que decorreu ontem na cidade de Quelimane, debateram muito este assunto ligado às mudanças climáticas no país. De acordo com os vários oradores, o desaparecimento do potencial faunístico na Zambézia está associado à violência da acção humana, como, por exemplo, a caça furtiva e queimadas descontroladas para abater madeira e animais de pequeno porte, que acaba se abatendo sobre as florestas. O sector da Agricultura na Zambézia ainda não tem dados sobre o nível de violência com que as queimadas descontroladas e caça furtiva incidem sobre a fauna.
O governador da Zambézia, Carvalho Muária, disse que a província da Zambézia tinha muitos animais, como leões, elefantes e lobos, mas devido a acções atrás abordadas não é possível encontrar esses animais nem de outro tipo nos locais onde se suspeitava a sua existência em quantidade. Afirmou, por exemplo, que várias vezes já circulou pela Reserva Nacional de Gilé mas não viu um único animal.
Nos distritos de Maganja da Costa, Pebane, Gilé e Alto Molócuè eram sistemáticos os casos de elefantes e leões que invadiam as áreas residenciais da população ou destruição extensões em hectares de campos de cultivo. Estes cenários deixaram de existir não porque há uma grande organização e controlo mas porque os animais não existem.
O Director provincial da Agricultura na Zambézia, Mahomed Valá, disse que em Mocuba nos últimos dias tem recebido muitas informações sobre a caça furtiva na região sul da província da Zambézia, mais precisamente, na reserva de caça de Mainba e Derre.
Entretanto, os cento e sessenta delegados afloram sobre o papel das universidades no desenvolvimento comunitário.
O Governador da Zambézia afirmou que o papel dessas unidades não pode encerrar-se apenas na formação de técnicos mas apostar na investigação socio-cultural para compreender a razão do porquê das queimadas descontroladas nas comunidades. Os estudos, segundo Muária, devem ser disseminados as próprias comunidades para melhor compreenderem os perigos das queimadas descontroladas, como a destruição do ecossistema, morte de animais e destruição de plantas que dariam dinheiro ao país no futuro através do corte da madeira e deitar abaixo as perspectivas de exploração turística.
Quando se fazem queimadas podemos atingir os cajueiros e perder as plantas e o dinheiro que devíamos ganhar para resolver os nossos problemas, disse o timoneiro da província da Zambézia.
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Maputo, Sexta-Feira, 20 de Novembro de 2009:: Notícias