Maputo (Canalmoz) – Terminou esta terça-feira, na capital moçambicana, Maputo, a 41ª Assembleia-geral da Associação das Companhias Aéreas de África, AFRAA. Entre vários pontos da agenda estava previsto para ontem a eleição do novo presidente da associação, cargo que vinha sendo ocupado pelo actual Presidente do Conselho de Administração (PCA), das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), José Viegas. Até a retirada da nossa equipa de reportagem do Centro de Conferência Joaquim Chissano, local onde decorreu o encontro ainda não tinha sido anunciado o sucessor de Viegas. A AG da AFRAA decorreu sob o lema “Registando Sucessos em tempos de Crise”. Foram analisados e aprovados os relatórios anuais do secretário-geral e do Comité Executivo da AFRAA, aprovação das contas e nomeação de auditores para 2009, para além da aprovação do orçamento e subscrição da adesão de membros para o próximo ano. Mais de 200 delegados, em representação de companhias filiadas na associação, discutiram em três dias os principais problemas que afectam o desenvolvimento do sector, tendo a crise sido um dos principais pontos. Discutiram igualmente sobre como a tecnologia pode Ajudar as Companhias Aéreas Africanas a Cumprir a Legislação Ambiental”. Refira-se que Moçambique, através das Linhas Aéreas de Moçambique é membro da AFRAA desde 1976 e desde Novembro do ano passado presidia aos destinos desta organização continental. Dados da crise nada satisfatórios Dados recentemente tornados públicos pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) dão conta que as companhias aéreas africanas deverão registar 500 milhões de dólares americanos de perdas em 2009 devido à crise económica mundial. Segundo os mesmos dados, esta perda é a consequência duma baixa das quotas de mercado associada ao impacto da recessão. E isso faz com que a crise neste sector torna a sua liberalização ainda mais essencial. As companhias aéreas necessitam das mesmas liberdades comerciais como qualquer outro sector e de acesso aos mercados e aos capitais internacionais, foi ali defendido. Guebuza diz que a crise deve constituir uma oportunidade O presidente da República, Armando Guebuza, que também participou da Assembleia Geral disse que o continente africano precisa de agir rapidamente para conter e evitar que a crise que se abate sobre o sector de aviação ganhe maior magnitude e se alastre por mais sectores da economia, frustrando ou subtraindo os ganhos já conquistados no desenvolvimento económico-social de África. Segundo o chefe de Estado, “a combinação de factores negativos, está a resultar no decréscimo de passageiros, redução das rotas, perda de empregos e declínio da indústria do Turismo”. Guebuza frisou ainda que na sua história o continente foi aprendendo de crise em crise. “Aprendemos em cada crise a encontrar uma oportunidade para desafiarmos a nós próprios, para olharmos o mundo de forma mais abrangente e procurar, nesse prisma, a janela que pudesse transformar a crise no ponto de apoio para darmos um salto qualitativo em frente. Por isso, apesar de não gostarmos de crises, não as tememos”. O chefe de Estado indicou que as crises tornam os africanos mais criativos e mais fortes. “As crises não nos fazem desanimar. Forjam, isso sim, a nossa inteligência e estimulam a nossa autoconfiança, auto-estima”. Guebuza exortou também os representantes das companhias aéreas no sentido de olharem para aquilo que os une e capitalizar os pontos comuns, mostrando ao mundo que em tempo de crise a união dá mais força “do que a competição desalmada”. LAM poderá voar para Lisboa e Cape Town Entretanto, o PCA da LAM José Viegas anunciou que a companhia moçambicana poderá voltar a voar para capital portuguesa, Lisboa e Cape Town na África do Sul, isso após ter iniciado a nova rota para Angola. Viegas disse que tudo está sendo feito neste momento para que este plano se concretize o mais breve possível. “Estamos a trabalhar para concretizar isso visto que os preços actualmente praticados são elevados por falta de concorrência. O PR disse ainda que estão criadas condições para que a nova visão e os planos para responder a crise sejam sustentáveis e duradoiros. Referiu também que durante da reunião os participantes deveriam procurar tirar ilações de sucesso das várias companhias africanas e desenvolver um plano estratégico de desenvolvimento da indústria e contribuir para o reforço da organização. (Matias Guente) 2009-11-25