África do Sul: De Klerk considera racista acção afirmativa do Governo
O antigo Presidente sul-africano e Nobel da Paz FW De Klerk considera que a política oficial de acção afirmativa, implementada pelo Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), é «racista e inconstitucional».
Em entrevista, sexta-feira, ao sítio na Internet do sindicato Solidariedade, Frederik De Klerk defendeu o fim da acção afirmativa que, na prática, significa reservar empregos e vagas universitárias para os não brancos, mesmo quando os candidatos mais qualificados para determinada posição são brancos.
“Dizer que a igual representação deve ser implementada no mundo social, no mundo cultural e no mundo empresarial é, em minha opinião, uma total distorção da Constituição, é desequilibrada e muitas vezes inconstitucional”, afirmou o ex-presidente.
De Klerk disse estar convencido de que o espírito do artigo nono da lei fundamental está a ser manipulado pelo Governo “para fazer crer que a acção afirmativa baseada na raça é aceitável”.
O artigo em questão decreta que “a igualdade inclui o gozo de todos os direitos e liberdades por igual. Para promover a igualdade, medidas legislativas e outras destinadas a proteger ou promover pessoas, ou categorias de pessoas, desfavorecidas por discriminação injusta, podem ser tomadas”.
O último Presidente branco da África do Sul, que libertou os presos políticos e negociou a transição para a democracia representativa com o ANC liderado por Nelson Mandela, defendeu uma acção afirmativa que proteja todos os que sejam ou tenham sido desfavorecidos independentemente da cor da pele.
“A melhor forma de dar poder às pessoas é pôr à sua disposição uma boa educação, habitação condigna e serviços municipais adequados e o verdadeiro poder advém de governação efectiva ao serviço do povo”, concluiu.
O “Solidariedade”, um sindicato que representa maioritariamente trabalhadores e técnicos de origem «afrikaner» que se opõem à linha da central sindical COSATU (aliada do Governo do ANC), trava neste momento uma batalha judicial contra o Estado, dado que várias vagas nos serviços forenses de Polícia não estão a ser preenchidas por todos os candidatos qualificados serem brancos.
No passado recente, o “Solidariedade” já venceu processos judiciais por discriminação contra técnicos brancos na administração pública que resultaram em admissões forçadas decretadas pelos tribunais e/ou indemnizações.
Maputo, Segunda-Feira, 25 de Maio de 2009:: Notícias