Ilha Quilálea
Chama-se Quilálea e é lindíssima esta pequena ilha. Em 1500 quando os portugueses e árabes chegaram a Quissanga, a “terra das areias”, atracaram os seus navios nesta pequena ilha para retemperar forças. Narra a história de que deste refúgio seguro surgiu a palavra swahili “lala” que significa dormir. De facto, este local, é um repouso para a alma. A construção da ilha foi pensada ao pormenor. As casas são feitas de tradicional pedra muani e os tectos de colmo makuti, com plataformas de teca indígena e portas de mogno. A madeira é predominante, assim, a belíssima arte makonde está bem marcada na sua arquitectura. Por exemplo, as estacas que suportam o telhado do bar, foram todas esculpidas à mão.
Cada uma conta uma história diferente. Um trabalho magnífico. Os quartos são muito acolhedores mas o que mais fascina é o cheiro da brisa marítima e a luz do sol ou do luar a entrar pela habitação dentro. As janelas abrem-se totalmente sob um alpendre ancorado na praia, misturando no mesmo ambiente uma amálgama de sentidos: o cheiro do mar, o som das ondas; a claridade do sol ou da lua... Neste local sente-se liberdade. As portas têm apenas trancas, sem chave, e finalmente você pode sentir-se seguro num local completamente isolado da civilização. Ouve-se o silêncio.
Anoitece cedo, uma hora antes do que em Maputo. Olhar o céu neste descampado é um momento mágico. Único. Dá vontade de ficar toda a noite a ver o cintilar das estrelas. Depois, é só deixar os olhos adaptarem-se à pouca luminosidade e deixar-se guiar pela luz das estrelas até ao seu quarto. Há noite pode ainda aproveitar para tomar um banho de piscina; a água aquece durante o dia e acredite que a sua temperatura degladia taco-a-taco com o melhor esquentador do mercado. A ilha conhece-se em 40 minutos pelo chamado percurso longo. Está bem sinalizado e terá de trilhar caminho entre vegetação seca mas não muito agreste, seguindo as placas irá ter à praia das tartarugas.
Deserta dá apenas abrigo a várias aves e algumas tartarugas vão aqui desovar. A água é quente e a areia fina e branca como a cal. As cores do mar oscilam entre o azul turquesa forte e o esverdeado, dependendo da incidência da luz. Ao longo desta praia encontrará enormes rochas que proporcionam sombra natural, ideal para uma sesta. Se gosta de espécies raras poderá ainda admirar a famosa águia do mar. Deslumbrante e impunente.
Quilálea é um pequeno paraíso por explorar. O local ideal para carregar baterias e esquecer os problemas. Alguns dos mais conceituados empresários portugueses já por aqui passaram, caso de Pereira Coutinho.
Texto: Teresa Cotrim