Moçambique: Estudo desvenda riqueza nos montes
Novos registos de espécies de plantas, répteis e anfíbios, borboletas e pássaros acabam de ser detectados nos ecossistemas mantanhosos do país, o que representa o alargamento da sua ocorrência e necessidade de uma maior conservação pelas autoridades e sociedade no geral.
Os dados constam de um estudo que demonstra a riqueza da biodiversidade e importância dos aspectos de conservação biológica em Moçambique que, considera, entretanto, existir ainda muito trabalho por realizar na componente de identificação e registo.
O facto foi tornado público semana passada na cidade de Maputo pelo Ministro da Ciência e Tecnologias, Venâncio Massingue, num seminário promovido pelo Instituto de Investigação de Moçambique (IIAM) destinado a divulgar os resultados preliminares do estudo dos ecossistemas montanhosos.
A pesquisa foi realizada entre Maio do ano passado e igual período do ano em curso nos montes Chiperone, Namúli, Mabu, Inago e Mchese, este último no Malawi.
Os maciços montanhosos escalados pelas expedições científicas são de particular significado biológico, uma vez que ocorrem em pradarias de altitude que comportam espécies de plantas endémicas bem como extensas áreas de floresta húmida.
Cerca de 15 espécies de plantas foram encontradas em Chiperone e aproximadamente 40 por cento das detectadas em Namúli não estão referenciadas no “checklist” de plantas vasculares do país.
No mesmo monte, sete espécies são novos registos na flora zambesíaca. Resultados preliminares do monte Mabu indicam uma lista de 250 espécies das quais duas são novos registos para Moçambique.
Relativamente à répteis e anfíbios foi apurado que as espécies que eram consideradas endémicas no monte Mulanje (Malawi) existem em Namúli, o que alarga a sua área de ocorrência natural.
Em Mabu os pesquisadores registaram uma espécie nova de víbora de floresta, a qual se deu o nome científico de “atheris mabuensis”. A mesma espécie foi, entretanto, observada no monte Namúli.
Ainda em Namúli foram registadas cinco novas espécies de borboletas, incluindo igual número em monte Mabu que estão ainda em estudo para a sua confirmação.
Em relação aos pássaros não houve novas espécies mas realça-se a existência de espécies ameaçadas e de novos registos de áreas de ocorrência natural. A título exemplificativo, em Chiperone oito espécies estão ameaçadas.
De destacar que o Namúli Aplis, único pássaro endémico do país e que até à data da pesquisa só tinha registos de ocorrência no monte Namúli foi encontrado em Mabu.
De acordo com a pesquisa, actividade humana como queimadas descontroladas, abertura de machambas, corte de madeira têm contribuído para a destruição das espécies raras no País.
Perante este cenário, os pesquisadores aconselham para maior coordenação entre as instituições ligadas à protecção das espécies ao nível interno e internacional.
“Neste momento, o desafio é a devolução deste conhecimento das espécies para as comunidades pelos próprios cientistas. É preciso fazer a avaliação do seu impacto social e económica porque o estudo não deve ser só para a nossa satisfação”, disse o Ministro.
Para Venâncio Massingue, é necessário estabelecer um programa nacional de investigação nesta área bem assim que urge o enquadramento de jovens cientistas.
“Encorajamos os programas transfronteiriços de modo a facilitar os pesquisadores do nosso País e de Malawi ou outras nações”, destacou.
Maputo, Quarta-Feira, 24 de Junho de 2009:: Notícias