Queimadas devoram santuário do PNG
Pelo menos um terço da área do santuário do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), o equivalente a 36 hectares, foi completamente consumido por queimadas descontroladas no período entre os dias dois e nove do corrente mês.
Trata-se de uma zona de isolamento dos animais que acabam de ser translocados. A situação afectou negativamente a biodiversidade e a dinâmica dos seus ecossistemas. As autoridades da reserva assinalam que tal teve origem dentro e fora dos limites do parque. Assim, foram necessários vários dias para o respectivo controlo.
As aberturas feitas para prevenção de casos desta natureza no início do período seco, através de limpeza da vegetação nos dois lados da cerca, foram incapazes de travar a passagem das labaredas para a referida área de protecção.
De acordo com informações fornecidas pelo director de Departamento de Conservação do PNG, Carlos Lopes Pereira, no princípio deste mês os sistemas satélite de detecção de fogos activos registaram o início de vários incêndios na área de Nhanguo, que se presume sejam da autoria intencional de caçadores furtivos e involuntária por parte de alguns membros das comunidades locais.
Conforme soubemos junto do mesmo interlocutor, registaram-se igualmente nesta quinzena outras ocorrências de manifestação de combustões na região de Tambarara. As chamas altas alastraram-se para o interior do santuário de 6200 hectares favorecidas pela direcção do vento, vegetação seca e elevadas temperaturas.
Para circunscrever os fogos que seguiam diferentes frentes com mais de três quilómetros de largura uma equipa de trabalho multissectorial constituída por pessoal da área de Conservação e das Infra-Estruturas trabalhou ininterruptamente durante as 48 horas subsequentes às primeiras deflagrações.
Foram, no entanto, necessários mais três dias para a consolidação dos resultados do combate aos incêndios por um grupo restrito de dez trabalhadores da área afectada.
As referidas queimadas descontroladas, que lavraram áreas extensas da vegetação do Parque Nacional da Gorongosa, podem mesmo vir a tornar este santuário inviável para continuar a manter os animais que acolhe presentemente devido à escassez de alimentos.
“Dependendo da situação, nomeadamente a disponibilidade de capim, teremos que tomar uma decisão de manter ou libertar os animais. E libertar significa expô-los aos caçadores furtivos que continuam muito activos em todo o parque apesar das detenções e desmantelamento de laços e armadilhas”– precisou Pereira.
Trata-se, segundo ele, de espécies selvagens introduzidas a custos elevados e muito esforço de outros parques nacionais e da África do Sul, no âmbito da restauração da fauna bravia do Parque Nacional da Gorongosa.
Esta área de conservação compreende uma extensão total de 3770 quilómetros quadrados. O parque cruza a extremidade setentrional do Sistema Africano da Grande Zona do “Rift”, sendo delimitado a noroeste pelo maciço da Gorongosa, a sul pelo rio Púnguè e a leste pelo planalto de Cheringoma.
Horácio João
Maputo, Quarta-Feira, 14 de Outubro de 2009:: Notícias