Alveno Figueiredo e Silva vai lançar o seu segundo livro em Setembro
O livro, “Retalhos de Música Afro-Luso-Brasileira – Queijas, Tchufe e Lobo – Reis, crioulos e morna dos anos 30”, do jornalista Alveno Figueiredo e Silva vai ser lançado este mês, na ilha do Sal, durante as festividades do município.
Trata-se de uma divisão triangular entre três grandes nomes da música cabo-verdiana dos anos 30, Antoninho Lobo, Fernando Queijas e Tchufe, que alegravam as noites cabo-verdianas com serenatas ao tom da morna, samba e fado.
Conforme explicou o autor em declarações à Inforpress, o primeiro livro era dedicado a Antoninho Lobo, por quem guardava uma grande admiração e inúmeras lembranças das histórias contadas pelo pai. “Criei na ilha do Sal e lá conheci o pai do Ildo Lobo, mas nunca o ouvi cantar.
Foi o meu pai quem me atiçou a interessar pela grande figura que é Antoninho Lobo. No Sal fui estudar perto da sua casa, sempre o via, mas não tinha a noção da sua obra”, refere, Alveno Figueiredo.
Na Cidade da Praia, já como jornalista preparou um ensaio em homenagem aos Lobos e depois, a partir de algumas impressões com o falecido cantor Ildo Lobo, Alveno diz que passou a conhecer outras facetas de Antoninho Lobo e prometeu escrever um livro.
Entretanto, para apetrechar melhor o livro, decidiu homenagear outros dois grandes nomes da música, Queijas e Tchufe, criando uma divisão triangular nas vozes e na cultura das três ilhas onde viveu e que o marcaram, Sal, S. Vicente e Santiago.
Por outro lado, traz à ribalta alguns nomes já esquecidos ou se calhar pouco conhecidos, tais como, Tututa Évora, Irmanda Tchufe, Bela Preciosa, Morgadinho, Angelino, tocador de vilão, entre outros.
O autor explica que o livro retrata testemunhos de grandes figuras cabo-verdianas da nova e velha geração que conviveram com esses cantores tornando mais fidedigna e reais os factos. Além de um CD feito por recolhas ocasionais das vozes genuínas destes músicos, porque, conforme referiu, “não vale a pena dizer que Antoninho Lobo é uma grande voz da música cabo-verdiana se não houver provas”.
"Já fiz um livro ligado à música cabo-verdiana no século XX, mas o tema era conhecido de todos. Só faltava o reconhecimento escrito. Entretanto, este é diferente, porque os artistas foram conhecidos numa dada época e depois esquecidos. Por isso, tive mais paixão em ir atrás, “esgravatar” as suas histórias e divulgá-las, explica.
Em jeito ainda de enriquecimento, o livro complementa também as influências externas sofridas pelos cantores, nomeadamente, pelo fado e o samba, em conexão com a morna.
Conforme explica Alveno Figueiredo, levou muito tempo a elaborar este trabalho além de ter que enfrentar também enormes dificuldades, sobretudo no que tange à recolha de dados antigos e toda a documentação, ou mesmo testemunhos, devido à dispersão das ilhas.
Um outro obstáculo que o autor teve de contornar, segundo disse, é o facto de as pessoas não gostarem de falar ou de o fazerem com timidez quando deparam que estão a ser gravadas.
Entretanto está a preparar um segundo volume da obra, uma colecção de músicas feitas por cabo-verdianos a partir de recolhas de sambas, modinhas e fados, fruto da aculturação entre os respectivos países.
O primeiro livro do autor foi um ensaio, intitulado, “Aspectos político-sociais da música de Cabo Verde do século XX”, tendo sido lançado em cinco línguas.
Sapo CV, 01 de Setembro de 2009