Inaugurado monumento "Paz e Amizade" do escultor Malangatana
Foi inaugurado ontem no Barreiro o Monumento escultórico Paz e Amizade, da autoria de Malangatana.
Durante seis meses, no seu atelier no Barreiro, o escultor moçambicano produziu um monumento imponente, composto por 120 peças de um metro cada que, casadas de duas em duas, constituem seis módulos. O monumento escultórico a que o mestre moçambicano chamou de Paz e Amizade está localizado em frente ao Fórum Barreiro, bem no centro da cidade, na Praça com o nome da obra de Malangatana.
A cerimónia de inauguração começou com uma visita ao Auditório Augusto Cabrita onde está patente uma exposição do Making of da obra escultórica, tal como algumas peças produzidas por Malangatana durante a sua estadia na cidade da margem sul do Tejo.
O Auditório Augusto Cabrita acabou por ser pequeno para receber tanta gente que se deslocou ao local para apreciar a obra do mestre moçambicano. De entre os presentes, destaque para o Ministro da Cultura portuguesa José António Pinto Ribeiro, do embaixador da República de Moçambique em Lisboa, Miguel Costa Mkaina, do presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho, entre muitas outras personalidades barreirenses mas também muitos artistas africanos que acederam ao convite para marcar presença nesse dia histórico para a cidade.
O Ministro da Cultura de Portugal agradeceu ao mestre Malangatana pela obra, destacando que este trabalho reflecte a grande ligação entre os dois povos e mostrou-se particularmente agradado com o convite feito a Malangatana para realizar a obra, uma vez que o próprio é natural de Moçambique.
O edil barreirense, Carlos Humberto Carvalho aproveitou para agradecer ao escultor moçambicano, não só pela obra em si mas também por aquilo que o artista trouxe com a sua estadia. Malanganta participou em ateliers de pintura, fez parte de grupos de convívio, interagiu muito com a população e foi uma presença notada na cidade.
O presidente da Câmara referiu ainda que o monumento representa aquilo que é o Barreiro, uma cidade multi-cultural, uma cidade de paz e amizade de convívio entre povos diferentes, até porque a cidade é habitada por muitas pessoas que estiveram no ultramar mas também por emigrantes ou descendentes de emigrantes das ex-colónias portuguesas.
Após uma visita aos quadros expostos sobre como o mestre Malangatana e outros escultores que com ele trabalharam na execução da obra, seguiu-se um jantar servido ainda no Auditório Augusto Cabrita, antes da inauguração propriamente dita.
Com uma plateia recheada de pessoas, Malangatana mostrou ser um artista multifacetado, ao cantar com o Coral dos Trabalhadores das Autarquias do Barreiro. Em palco estiveram ainda o grupo da Associação de Dança MGBOSS, assim como o grupo moçambicano Xipane-pane, que , para além de cantos tradicionais, presenteou o público presente na Praça Paz e Amizade com danças de Moçambique.
O próprio Malangatana e o embaixador de Moçambique fizeram questão de mostrar que ainda sabem dar um pezinho de dança, ao juntarem-se ao grupo.
A grande ovação da noite aconteceu quando Malangatana subiu ao palco, juntamente com as duas filhas e agradeceu aos barreirenses pela amabilidade, hospitalidade e amizade conquistada ao longo dos últimos seis meses em que o artista levou um pedaço de Moçambique até ao Barreiro.
Na hora dos agradecimentos, Malangatana fez questão de lembrar dois nomes simbólicos da cidade. Augusto Cabrita com quem privou e quem o convidou para uma visita a cidade da margem sul do Tejo e Alfredo da Silva, um homem cuja vida e obra marcou o Barreiro.
Sapo MZ, 15 de Setembro de 2009