Angola: Cassongue é um oásis de sítios culturais
Pedra do Jole, em formato de alpendre onde se encontram gravadas as pinturas
O município de Cassongue ostenta sítios de interesse turístico que no passado foram alvo de pesquisas de investigadores e historiadores nacionais e estrangeiros. O conflito armado relegou esses sítios ao total abandono e a sua beleza natural vai-se esbatendo com o tempo.
Com os novos tempos de paz que o país vive, as autoridades municipais procedem ao levantamento destes sítios, visando apurar o estado em que se encontram, a fim de projectarem acções para a sua revitalização, com vista a ocupar os tempos livres dos habitantes da região e turistas.
O município tem três sítios turísticos de interesse cultural, a Pedra do Sino do bairro Bândua, as Pinturas Rupestres do Jole e as Pinturas do Muyacuva, na comuna da Pambangala.
O responsável da cultura de Cassongue, José Jobino Fernando, disse ao Jornal de Angola que a falta de verbas e transporte está a dificultar o processo de levantamento dos sítios de interesse turístico e cultural e apelou à classe empresarial da região para se juntar aos esforços de identificação e exploração destas áreas.
José Jobino Fernando sublinhou que estes sítios são o “cartão de visita” que encantam os turistas nacionais e estrangeiros, mas lamenta o facto de poucos se interessarem na sua recuperação.
Pedra do Sino da Bândua
A Pedra do Sino da Bândua, localizada a 17 quilómetros da sede municipal, está situada ao longo da estrada que liga a sede da comuna do Dumbi à sede de Cassongue.
Segundo o responsável da cultura em Cassongue, José Jobino Fernando, a Pedra do Sino existe desde os nossos antepassados. O lugar era tido como “de sorte ou azar”. Se ao bater nela soasse pouco significava o prelúdio do azar, se a pedra soasse bem alto até ao raio de 25 quilómetros, aproximavam-se os bons tempos.
O local foi utilizado para a venda de escravos. Antes da partida das caravanas, após o processo de compra e venda, a pedra do sino tocava para alertar os que se encontravam em fuga para escaparem do negócio.
Quando descobriram que a pedra do sino também servia de alarme, em 1950 os comerciantes removeram-na do sítio, mas essa acção viria a abortar porque ela deixou de produzir som.
Revoltados, os sobas da região exigiram aos portugueses a sua reposição, o que mais tarde veio a acontecer com algum desgosto porque desde aquela data a pedra perdeu a potência de som anterior.
Mas apesar de o som já não se ouvir a grandes distâncias, actualmente o local é preferido de visitas de turistas nacionais e estrangeiros, homens de negócios e académicos.
Pinturas Rupestres do Jole
As pinturas rupestres do Jole constituem outro local atractivo de interesse turístico e cultural da região. Localizadas numa pedra, com formato de alpendre, no passado as imagens e letras tinham forma natural e espontânea, e o tamanho, cor e formas variavam de tempo em tempo.
Os portugueses decidiram criar as condições de o local servir para banquetes nas datas festivas e também nos fins-de-semana, e o cenário que representava a beleza e singularidade do local está patente até aos dias de hoje.
Actualmente as pinturas tomaram forma única, mas as imagens continuam intactas na pedra. Sendo obra da natureza, não se sabe quando vai voltar à posição inicial. Como humanos nada se pode fazer.
Enfim, são maravilhas da natureza escondidas. As gerações actuais e vindouras têm de saber de nós como foram na fase inicial. É uma obra que requer o envolvimento sério dos historiadores e antropólogos
Jornal de Angola, 02 de Setembro de 2009
2 de setembro de 2009
Angola: Cassongue é um oásis de sítios culturais
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MOZ
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Angola - Geografia e Natureza