Irmãs Doroteias no Niassa andam aterrorizadas
Morte ou mortes à catanada?
“A morte ocorreu fora do convento” - Dom Jaime Pedro Gonçalves, Arcebispo da Beira
Beira (Canalmoz) - Chegou-nos a informação de que no Niassa as irmãs Doroteias andam apavoradas desde há umas semanas com assassinados à catanada que têm vindo a ocorrer, embora se tenha até mantido segredo sobre os mesmos. Uma morte está confirmada, as outras ainda estão por confirmar e esclarecer.
O Arcebispo da Beira, Dom Jaime Gonçalves, esta segunda-feira, quando o contactámos, pessoalmente, tendo em vista obtermos uma explicação sobre as misteriosas ocorrências que nos estão a ser reportadas, começou por nos pedir um tempo para consultas. No dia seguinte, terça-feira, falou-nos nos termos seguintes:
“Por aquilo que apurei a estória é a seguinte: existia uma senhora portuguesa que se ofereceu a trabalhar com as irmãs Doroteias num projecto de assistência às crianças, na cidade de Lichinga. A tal senhora veio para trabalhar com as irmãs neste projecto. Ela não quis viver numa casa particularmente destinada a si, por motivo de segurança, de modo que ao tempo que ela cá permaneceu, até à saída para Portugal, viveu com as irmãs”.
Na verdade, estória sobre a dita morte misteriosa, não se passou na comunidade das irmãs Doroteias, mas, sim, fora desta. Houve morte à catanada, em que foi vítima a irmã de uma irmãzinha de caridade. Mas a falecida tinha a sua vida independente. Portanto, a senhora portuguesa, perante este acontecimento, ficou muito assustada, tendo decidido regressar a Portugal.
Em Maputo, nesta viagem de regresso a Portugal, na casa de uma pessoa que a hospedou, a senhora deu uma entrevista sobre esta estória do assassinato da família da irmã, e continuou a sua viagem para Lisboa. “Essa entrevista terá sido orientada por alguém da Polícia. Na verdade, o assassinato não aconteceu dentro da casa das irmãs Doroteias, localizada no centro de Lichinga, mas fora do convento”, disse ao Canal de Moçambique o Arcebispo Dom Jaime Gonçalves.
O Arcebispo da Beira aconselhou, no entanto, um contacto directo com as irmãs da congregação das Doroteias. “Eu aconselho-os a procurarem pelas irmãs Doroteias, em Maputo”.
Preferimos ir directamente à procura de fontes no Niassa.
O Canal de Moçambique telefonou para o convento das Irmãs Doroteias, em Lichinga, tendo-nos atendido uma irmã que se identificou por irmã Ferreira. Afirmou-nos: “Aqui somos quatro freiras. Estamos todas bem. A falecida chama-se Lina, que é irmã de Teresa Palmira, nossa irmã, que está em Xai-Xai.”
Pedimos que nos explicassem as razões à volta daquela morte, mas tanto Dom Jaime como a irmã Ferreira disseram não estarem a par dos factos.
Para além destas informações que até aqui conseguimos apurar, há ainda a indicação, por confirmar, que para além do caso agora confirmado há ainda suspeitas de mais quatro óbitos, mantidos até aqui no mais profundo segredo.
Tentaremos prosseguir as nossas investigações por forma a desvendar o que falta saber de verdade ou mentira, sobre esta estranha história de mortes à catanada, no Niassa.
Temos ainda a indicação de que, entre as vítimas, há uma cidadã angolana.
À hora em que esta notícia foi enviada à redacção central do Canalmoz, em Maputo, a partir da Beira, eram estas as informações disponíveis.
Outras fontes revelaram-nos que há grande empenho em manter-se toda a história no segredo, porque quem está no terreno receia que possa haver consequências nefastas para quem se pronunciar.
(Adelino Timóteo, Beira)
2009-09-02