Comemoração do centenário do nascimento do escritor Óscar Ribas (1909-2004)
O presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, considerou, ontem, o escritor Óscar Ribas um dos “mais insignes investigadores angolanos, que soube resgatar, valorizar e promover, através das letras, muito do imaginário nacional e das tradições orais”.
Fernando da Piedade Dias dos Santos, que falava na abertura da Conferência Internacional sobre a vida e obra de Óscar Ribas, qualificou o autor de Missosso, Uanga e Ilundo, entre outras obras, um “homem notável” pelo “relevante contributo ao conhecimento, divulgação e valorização da realidade nacional”.
O Ministério da Cultura, ao celebrar o centenário do nascimento de Óscar Ribas, frisou, “procura promover o interesse no estudo e no aprofundamento” da cultura angolana. “Esta conferência pode constituir-se num elemento de dinamização da investigação científica no domínio das letras, das ciências sociais e humanas do país”, disse o líder do Parlamento, acrescentando que, “apesar dos progressos alcançados no domínio da ciência, da técnica e da expansão do ensino, a todos os níveis”, o “país ainda está marcado fortemente pela tradição oral”. Referiu que a reflexão iniciada, ontem, com a conferência é oportuna, por a sociedade, em nome das tradições culturais, assistir a “fenómenos que levam à desagregação da família e, muitas vezes, a fins trágicos, como acontece com crianças acusadas de feitiçaria”.
Fernando da Piedade Dias dos Santos manifestou a esperança de a conferência resultar num “amplo movimento de recolha, estudo, valorização e divulgação das tradições”e que o evento sirva de incentivo para a elaboração de teses, dissertações e trabalhos de fim de curso sobre a cultura, literatura e autores angolanos.
“Devemos ter a capacidade de assumir aquelas tradições que podem propiciar o desenvolvimento e relegar para o passado aquelas que obstaculizam ou passam a ser susceptíveis de gerar perturbações e conflitos sociais”, disse, acrescentando que as “tradições devem ser estudadas, valorizadas e divulgadas de forma a fortalecer o país”.
O presidente da Assembleia Nacional afirmou, igualmente, que a tradição oral “ocupa um lugar crucial e determinante do agir social” e que a cultura e a tradição oral “devem ser levadas em conta quando se perspectiva o desenvolvimento sustentável do país”.
Óscar Bento Ribas nasceu a 17 de Agosto de 1909, em Luanda, e faleceu no dia 19 de Junho de 2004, em Cascais, Portugal. Autor de várias obras literárias, o seu trabalho foi várias vezes reconhecido no país e no estrangeiro. Possuía dezenas de distinções, entre as quais a insígnia de Membro Honorário da Associação de Intercâmbio Cultural (Mato Grosso – Brasil), de Sócio Honorário do Centro dos Portugueses do Ultramar (Rio de Janeiro – Brasil) e de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Membros do Governo, deputados, entidades eclesiásticas, corpo diplomático, escritores e estudantes participam na conferência, que termina amanhã.
Jornal de Angola, 18 de Agosto de 2009