Hungria, 1989: O piquenique que mudou o mundo
No Verão de 1989 um piquenique perto da cidade de Sopron, na fronteira entre a Hungria e a Áustria, ficou para a história como um dos acontecimentos marcantes na queda do comunismo e, em consequência, na reunificação da Alemanha. Foi anunciado como Piquenique Pan-Europeu pelos organizadores - grupos da oposição pró-democrática da Hungria, que durante vários dias distribuíram panfletos a anunciar a reunião pacífica, a decorrer junto à célebre cortina de ferro que separava os dois mundos europeus.
Num gesto simbólico, uma das portas da fronteira entre a Áustria e a Hungria iria ser aberta durante três horas. Não era um gesto inédito; semanas antes, os dois países tinham começado o processo de redução de vigilância nas fronteiras com o corte também simbólico, pelos ministros dos negócios estrangeiros austríaco e húngaro, de uma parte da vedação fronteiriça.
Neste Agosto de 1989, milhares de cidadãos da Alemanha de Leste, que faziam férias na Hungria, acorreram ao piquenique. Incrédulos, na maior parte, mantiveram-se a alguma distância daquela porta que lhes permitiria a fuga, desejada por muitos, para o ocidente. Mas algumas centenas decidiram-se a atravessar. Os guardas húngaros tinham ordens para disparar caso alguém tentasse a fuga, mas acabaram por fechar os olhos. Mais de 600 alemães de Leste ficaram nesse dia em território austríaco, donde procuraram, depois, autorização para seguir para a Alemanha Ocidental.
O piquenique de 19 de Agosto foi um dos primeiros sinais do êxodo massivo que ocorreu nos meses seguintes. A ideia de uma cortina impenetrável caía por terra, apesar de nos dias seguintes a Hungria ter ainda reforçado a guarda fronteiriça. Mas a pressão tornou-se demasiado forte. Em Setembro, a Hungria abriu definitivamente as fronteiras. Em Novembro, o Muro de Berlim, a outra grande divisão entre a Europa Ocidental e a Europa de Leste, caíu também por terra.
No lugar do piquenique foi feito um memorial que assinala este dia.
19 de Agosto de 2009