NAMPULA CELEBRA 53 ANOS RADIOGRAFANDO SUA HISTÓRIA
Aos 53 anos que a cidade de Nampula celebra a sua elevação àquela categoria, declarada em 22 de Agosto de 1956, faz uma radiografia do seu historial em que desde essa altura foi considerado um centro privilegiado de certos processos de governação no tempo colonial, onde há referência da instalação do quartel general do Exército português e no que tange ao desenvolvimento, pode-se assinalar a construção da linha férrea que liga o Porto de Nacala ao vizinho Malawi e que estrategicamente atravessa a chamada capital do norte.
Apelidade da “menina feiticeira”, porque tem constituído uma paixão para quem pela primeira vez a conhece e visita, conheceu nos últimos cincos anos um enorme dinamismo no processo de desenvolvimento social e económico dos seus munícipes e agentes económicos, factor consubstanciado pela colaboração feita pelos órgãos eleitos, onde o sector privado, desde o informal ao formal, toma a dianteira na instalação de micro-indústrias, que com a abertura feita pelo Executivo de Castro Sanfins Namuaca apostaram muito no investimento que resultou na mudança de abordagem de certos operadores.
Esta informação foi revelada por Castro Namuaca, Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, que hoje comemora pela 53ª vez o seu aniversário desde que foi elevada àquela categoria administrativa, que salientou ter-se notado durante esse período uma autêntica desconcentração do comércio a grosso que anteriormente era exercido basicamente no centro da urbe para a periferia, onde se assistem presentemente construções de grandes armazéns, pese embora subsistam alguns problemas relacionados com o ordenamento, saneamento do meio, abastecimento de água e fornecimento de electricidade em alguns bairros.
Numa entrevista aos órgãos de comunicação social baseados naquela cidade, o edil de Nampula, Castro Namuaca, apontou o problema de acesso aos bairros periféricos da urbe como sendo uma questão que lhe tira sono, tendo em conta que o crescimento demográfico que se assiste não foi acompanhado com aquilo que considerou de plano de estrutura e urbanização do município.
O “Notícias”, como forma de se juntar às comemorações destes 53 anos da cidade de Nampula, publica partes significativas da entrevista que o Presidente do Conselho Municipal de Nampula, Castro Sanfins Namuaca, concedeu aos órgãos de comunicação social baseados na chamada capital do norte.
COMO GESTORES SENTIMOS ORGULHO PELOS ANTECEDENTES...
Castro Namuaca, que renovou o seu mandato de presidente deste município, considerado o terceiro do país, nas últimas eleições autárquicas, disse que se sente orgulhoso por estar a frente duma cidade que possui um rol de antecedentes que permitem que alguns alicerces de desenvolvimento estejam implantados, mas reconheceu que esta cidade, na verdade, começa a ganhar um ímpeto maior de desenvolvimento a partir da data da independência do país, altura em que se regista uma explosão demográfica.
Então, é a partir da data da independência que os munícipes que viviam aqui na cidade de Nampula começam a despertar em si o seu saber e vontade para o engrandecimento da urbe e as estatísticas em nossa posse indicam que antes daquele período os residentes registados não ultrapassavam os dez mil, mas já em 1997 apuraram-se pouco mais de 300 mil habitantes, anotou.
Para o edil nampulense, este crescimento demográfico que se assistiu anos depois da independência encerrou em si muitos aspectos da vida dos munícipes, que se viram forçados a acolher concidadãos que fugiam da guerra e encontravam refúgio nas cidades e Nampula não fugiu à regra.
Para darmos suporte a este grande processo de crescimento demográfico tivemos alguns dados que nalgum momento eram inesperados, mas de 1997 a 2007 este crescimento ultrapassou os 50 por cento e indicava o registo de 465 mil habitantes que trouxe maior responsabilidade aos gestores da autarquia, em termos de acomodar este grande fluxo de pessoas que começou a registar-se, disse o presidente do município de Nampula, para quem o fenómeno arrastou consigo alguns problemas inerentes ao processo de desenvolvimento.
O nosso interlocutor entende que no período colonial o município conheceu problemas da época, que não especificou, o mesmo acontecendo em relação ao período posterior à independência em que o fenómeno guerra de destabilização “asfixiou” demograficamente a cidade e, por consequência, todos estes foram-se agravando até hoje, cuja maior parte foi identificada e que está a merecer um trabalho profundo por parte do seu elenco.
Quero em primeiro lugar mencionar o problema de ordenamento e ocupação do solo que continua ser a maior preocupação não somente dos gestores da autarquia, mas também das populações. Temos ainda alguns bairros bastante desordenados a precisarem de grandes intervenções em termos de ajustamento da implantação das infra-estruturas e mesmo das actividades dos residentes, observa.
Segundo Namuaca, a falta de ordenamento que se verifica em alguns bairros da chamada capital do norte por vezes condiciona a instalação de serviços e bens de utilidade pública que devem ser providenciados às comunidades, tais como o abastecimento de água. O acesso à maior parte dos bairros é outro problema apontado por Castro Namuaca, que cria em alguma medida transtornos à mobilidade das pessoas que neles residem.
O abastecimento de água e fornecimento de energia aos munícipes que residem nestes bairros com acessos descontínuos em algum momento provêm do ordenamento, pois nas diversas vezes quando contactados os provedores desses serviços mostram alguma hesitação em realizar o seu investimento na sua plenitude, com receio de algum dia estes investimentos financeiros reduzirem-se a um trabalho nulo por causa desses problemas de urbanização, sublinhou Castro Namuaca.
Para suprir este problema de ordenamento em 1994 o município esforçou-se em encontrar algumas zonas de expansão da cidade que já não suportavam com a pressão dos munícipes, que queriam construir suas habitações e outras edificações e não encontravam espaço suficiente. Foi então que se abriram as zonas de expansão de Marrere, Natikiri e Rex.
No que diz respeito ao abastecimento de água aos munícipes, o Presidente do Conselho Municipal de Nampula sublinha o facto de a taxa de cobertura ter crescido em 18 por cento em 2004 para os actuais 50 por cento.
Portanto, este rol de problemas que são os que mais nos preocupam têm as suas implicações naquilo que é o tempo que as nossas populações precisam para cuidarem das suas crianças e seus parentes, principalmente no abastecimento de água e a nossa contribuição para debelar essa falta do precioso líquido tem sido feita de forma integrada, resolvendo gradualmente, mas considerando todos esses vectores de preocupações, referiu a nossa fonte.
Castro Namuaca reconhece que, na realidade, foram os mais dinâmicos no desenvolvimento do município que mostraram ter energia física, espiritual, intelectual e nalguns casos cheios de recursos à sua volta para dar uma outra e nova roupagem a cidade de Nampula.
…RECUPERAMOS ZONAS VERDES E MICRO-INDÚSTRIAS...
No processo de dinamização do crescimento e desenvolvimento da cidade de Nampula um dos aspectos que o edil se orgulha ter feito é a recuperação das zonas verdes que se encontravam na cintura verde da urbe e que haviam sido invadidas pelas populações refugiadas da guerra.
Ao de leve pode parecer que este exercício de recuperação das zonas verdes não significou nada para os munícipes, mas olhando a história, a cidade de Nampula foi em tempos grande e tradicionalmente produtora de hortícolas, cuja prática afrouxou com a ocupação destas zonas por gente refugiada de a guerra. Actualmente já conseguimos produzir nestas zonas da cintura verde pouco mais de 10 toneladas de produtos hortícolas diversos, indicou Namuaca, para quem os produtores tiveram posteriormente problemas de colocação no mercado, mas que, entretanto, esse problema foi ultrapassado.
Relativamente às micro-indústrias, cujo potencial é inquestionável, os munícipes foram durante este tempo investindo, com maior realce para o sector privado, desde o nível informal, formal e até os grandes operadores que demonstraram a sua prontidão e mudança na abordagem das suas actividades respectivas, tendo-se assistido ao incremento da construção e edificação de centros comerciais e hoteleiros.
Mas pode não ser uma abordagem eventualmente conclusiva, porque soubemos que existem alguns mitos à volta da localização desses empreendimentos, mas que não deixam de ser um grande “input” para a nossa cidade de Nampula. Os nossos investidores demonstraram que poderiam ir buscar investimentos de diversas fontes e colocar ao dispor dos munícipes, nomeadamente estabelecimentos turísticos de gabarito nacional ou internacional, tais como os hotéis Girassol, Milénio e Executivo, para além de outros empreendimentos de menor escala, observou.
Nesse aspecto, o entrevistado apontou a relevância com que o sector informal contribuiu sobremaneira para engordar as finanças do município em consequência e resultado da reformulação e reabilitação do mercado central, assim como o aparecimento de novos mercados preferenciais, como o de Resta, operacionalização duma feira de barracas no espaço adjacente ao Comando dos Bombeiros, a construção de um mercado de peixe no Belenenses, no bairro da Muhala, entre outros locais cujas infra-estruturas estão em processo de construção.
PROBLEMAS DE NAMPULA TERÃO SOLUÇÃO APENAS COM ORDENAMENTO
O “tubo de escape” dos problemas que a cidade de Nampula enfrenta tem como solução, de acordo com o respectivo edil, a criação de condições estruturais para que aqueles munícipes que se sentem pressionados nos locais onde residem possam ter outros para se acomodarem e foi nessa abordagem que se definiram as chamadas novas zonas de expansão acima referenciados, nomeadamente Marrere, Natikiri e Rex.
Nestas zonas, onde ainda as construções não iniciaram, o abastecimento de água está já garantido com instalação de tubagem deste precioso líquido para o consumo, para além de que a energia eléctrica também é uma realidade.
O outro sector que mereceu nossa atenção durante este período foi o dos transportes semicolectivos de passageiros, onde procurámos alternativas de como inserir o sector privado na gestão destes serviços, tendo para o efeito sido elaborados vários regulamentos, nomeadamente o de rotas, paragens e abertura de duas terminais minimamente com infra-estruturas básicas para a actividade, referiu Castro Namuaca.
A defesa da cidade e das respectivas posturas municipais mereceu igualmente as atenções do elenco de Castro Sanfins Namuaca, com a formação de mais agentes da Polícia Municipal, que passou de pouco mais de 20 elementos para cerca dos actuais 120.
Castro Namuaca considera o período entre os anos 2004 e 2008 de impetuoso, onde foi necessário o reforço do equipamento de limpeza, que de um tractor que herdaram do elenco anterior adquiriram cinco tractores e dois camiões para a remoção do lixo, mas que com o tempo estes meios foram demonstrando o seu cansaço inerente à actividade.
Outro vector que demonstra que a nossa cidade está a ganhar um grande ímpeto e dinamismo tem a ver com a área social, que se circunscreve no crescimento do sector da Educação a diversos níveis, tendo até a particularidade de ter uma instituição do ensino superior com sede na cidade de Nampula, a UNILÚRIO, para além da UP, UCM, a POLETÉCNICA e a Academia Militar “Samora Machel”, finalizou Castro Sanfins Namuaca, que falava no âmbito das comemorações dos 53 anos de elevação de Nampula à categoria de cidade a 22 de Agosto de 1956.
Luís Noberto
Maputo, Sábado, 22 de Agosto de 2009:: Notícias
22 de agosto de 2009
Moçambique: Nampula comemora hoje, o 53º aniversário de elevação à categoria de cidade
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MOZ
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