Raúl Domingos assume “morte” política
O líder do PDD diz o Conselho Constitucional é um instrumento político do partido no poder com vista à instalação de um regime autocrático, autoritário, propenso à idolatria e avesso à observância da Constituição e das leis.
O presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, Raúl Domingos, chamou ontem a imprensa para manifestar a sua profunda indignação e preocupação com o suposto risco de “extinção” da democracia no país.
A preocupação do líder do “pangolim” surge na sequência do seu afastamento do leque dos candidatos à presidência da República, cujo sorteio dos três, que permanecem na disputa foi ontem realizado pelo Conselho Constitucional, deitando por terra qualquer esperança de uma eventual repescagem dos outros cinco Yá-Qub Sibindy, Khalid Sidat, José Viana, Leonardo Cumbe e Artur Jaquene.
O CC como instrumento manipulador
De acordo com Raúl Domingos, o PDD sempre levou ao conhecimento de toda a comunidade nacional e internacional, de que o governo estabelecido em Moçambique, desde Janeiro de 2005 - liderado por Armando Guebuza - tem se empenhado em “implantar no país um regime autocrático, autoritário, ditatorial, propenso à idolatria, avesso à observância da Constituição e das leis”.
Em cumprimento desta agenda que culminará com a instalação da ditadura no país, Raúl Domingos acusa o Conselho Constitucional de servir de instrumento no processo orientado para “eliminar os direitos e liberdades fundamentais, promoção da discriminação, da exclusão e suspensão da democracia participativa no país” e foi nesta base que aquele órgão de soberania decidiu “rejeitar” a sua candidatura e dentre outros candidatos.
Na visão daquele político, a sua rejeição não teve qualquer fundamento jurídico-constitucional, mas sim na “forma mais expedita de eliminar as candidaturas não convenientes”.
A morte política do candidato
Em jeito de desabafo político, Raúl Domingos assume, embora não de uma forma explícita, que poderá estar acabado como político de primeira linha no país. Assume a dado passo que está sendo perseguido e existe um interesse de o “matar” como candidato. “De modo a evitar que o candidato regularizasse o seu processo eleitoral como manda a lei, o Conselho Constitucional, agindo como se de um Tribunal Militar Revolucionário se tratasse, ou Tribunal de Morte Rápida, como tristemente chegou a ser conhecido na gíria popular, decidiu matar, logo à partida, a candidatura de Raúl Domingos”.
Mensagem de esperança
Já numa mensagem dirigida aos seus correligionários, Domingos diz que embora tenha sido condenado à morte sem direito de defesa, os mesmos não podem perder a esperança e a sua fé na democracia. “Da mesma forma como perseguiram os nossos compatriotas que morreram na luta pela liberdade e justiça sem direito à defesa, eu também fui excluído pelo Conselho Constitucional sem direito à defesa, porque algumas pessoas neste país têm medo da democracia e da minha candidatura” setenceiou aquele antigo pré-candidato.
O País, 18 de Agosto de 2009
19 de agosto de 2009
Moçambique: Líder do PDD, Raúl Domingos, assume "morte" política
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MOZ
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