27 de março de 2012

Moçambique: Agentes comunitários sensibilizando a população

 
Em Tete, o dia-a-dia dos agentes comunitários é mais do que dar palestras para sensibilizar a população a adoptar comortamentos saudáveis. Implica integrar-se no meio rural, perceber a população e posteriormente criar mecanismos convincentes a tomada de decisões.

Sapo MZ

Automobilistas e excessos de álcool em Maputo

O excesso de álcool tem caracterizado o dia a dia dos moçambicanos.
Bebem tanto que acabam em situações insólitas, o pior, é quando pegam no volante e somos confrontados com índices de acidentes de viação elevadíssimos.
Sapo MZ

Continua o braço de ferro entre vendedores e o Conselho Municipal de Maputo


Depois do Conselho Municipal ter autorizado a prática do negócio de rua em algumas avenidas da cidade de Maputo, uma medida que exclui os passeios das escolas e dos hospitais, ainda se verifica uma certa resistência por parte de alguns vendedores, que afirmaram ao SAPO que “custe o que custar, não iremos deixar de vender aqui”.

Após um encontro de concertação entre a edilidade e os vendedores dos passeios de forma a sensibilizar aqueles comerciantes à abandonarem os locais considerados de riscos e impróprios para a prática comercial, a proposta não foi aceite pelo grupo, facto que obrigou o Edil a ceder a pressão tendo logo estabelecido que somente proibia nos passeios das escolas e dos hospitais.

Carta Aberta ao Primeiro-Ministro e Ministros da Economia e das Finanças



Srs. Governantes de Portugal,

Sou uma técnica administrativa, de uma empresa pública de transportes da área metropolitana de Lisboa (que está prestes a ser destruída), sou possivelmente uma candidata séria ao desemprego, pois aquilo que está previsto para esta área é bastante preocupante. Aufiro um vencimento que ronda os 1100€ (líquido), tenho 36 anos e “visto a camisola” da minha empresa desde os 19 anos.

Tenho o 12º ano de escolaridade, porque na época em que estudava os meus pais, que queriam o melhor para mim, não tinham possibilidade de me pagar uma universidade, por isso tive de ingressar cedo no mercado de trabalho, investi na minha formação e tirei alguns cursos para evoluir, continuo a ambicionar tirar um curso superior. Pensava efectuar provas no próximo ano, para tentar ingressar numa universidade pública, faria um sacrifício para pagar as propinas (talvez com o dinheiro que recebesse do IRS, conseguisse pagá-las), mas realizaria um sonho antigo.

24 de março de 2012

Estamos todos à rasca (Mia Couto)



Maputo - Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.

Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...),mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse.

Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada. Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo.

E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca.

Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer “não”. É um “não” que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso.

Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos – e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas – ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.

A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço

Fonte: Novo Jornal (06 Março 2012)

Os Guardiões do Segredo de Estado ou da MÁFIA? (Nguituka Salomão)


Luanda - O segredo é a alma do negócio. – Provérbio popular

Introdução

“Se eu revelar Segredos de Estado, não sei se o País acorda amanhã” tal bombástica e abismal afirmação é atribuída ao antigo comandante da polícia nacional da província de Luanda, Quim Ribeiro (QR). As fontes de tal noticia esqueceram-se voluntaria ou involuntariamente de mencionar o local e as circunstancias em que tal assombrosa afirmação foi proferida, se o fizera durante o contacto regular entre o réu/QR e os seus advogados ou se numa audiência de julgamento, tal é importante para a ‘formatação’ dos comentários a volta do mesmo.

O Prenuncio do Armagedon Politico

Que segredos de Estado QR esta se referindo? O segredo no que refere a localização de baterias de mísseis e regimentos de forças especiais espalhados pelo País? O sistema de defesa anti-aéreo de Angola? As últimas decisões do ‘ultra (?!) secreto staff privativo de JES? A localização do Bunker de JES? A localização de uma hipotética rede de túneis sob o Futungo ou o improvável plano de ataque das FAA a um País vizinho?

Em suma, QR esta realmente na posse de segredos de estado que perigam a Segurança ou Defesa interna e externa de Angola? Ora qualquer uma das hipóteses acima mencionada “pode até ser verdade” mas será que o proferimento ou a publicação de qualquer uma delas faria com que o “país não acordasse no dia seguinte?” na minha opinião não é a divulgação deste ‘tipo’ de segredo que iria fazer desembocar o País para o ‘abismo’ pois este é precisamente o cenário ‘desenhado’ pela mente ‘bestial’ de QR, se meter a boca no trombone; ABISMO ou o Armagedon politico do País.

Então uma pertinente pergunta impõe-se que tipo de segredo de Estado se referiu QR? Ora, vamos analisar o contexto da referida afirmação, de acordo a imprensa; “Meu crime foi desmantelar a rede do narcotráfico”.

A MÁFIA EM ANGOLA – Antecedentes

Ninguém dúvida de que em Angola existe o crime organizado, (Máfia quer dizer essencialmente; Crime organizado) devidamente escalonado e ‘vibrantemente’ actuante em toda a extensão do território Angolano e com ramificações e contactos a Máfia internacional. O crime organizado em Angola teve o seu inicio ‘oficial’ pouco tempo antes da derrocada da chamada era do partido único (1984-1992) em 1992 já a Máfia estava seriamente enraizada na sociedade, e como já o mencionei num dos meus artigos, os serviços secretos, a chefia das ex-FAPLA e da polícia estiveram na vanguarda da organização da Máfia em Angola.

22 de março de 2012

O saco azul do poder (Armando Esteves Pereira)


A execução orçamental dos primeiros meses de 2012 confirma que os funcionários públicos e os reformados são os principais alvos dos cortes na despesa, enquanto a economia encolhe e aumenta a pressão sobre os contribuintes que restam.

Mas as maiores vítimas da crise são as empresas que fecham portas e as centenas de pessoas que diariamente perdem o emprego. Neste quadro negro fica a ideia de que a crise não é igual para todos. A denúncia da Associação de Juízes sobre os gastos dos gabinetes do anterior Governo tem o mérito de alertar para as despesas escondidas do poder, de ministros que formalmente não recebem muito, mas que graças aos cartões de crédito e fundos de maneio, conseguem um rendimento bastante superior.
 
Correio da Manhã, 22 de Março de 2012

Santa Comba Dão lança “marca Salazar”




Salazar vai ser marca registada

António de Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, a 28 de abril de 1889, onde está também sepultado, mas a ideia de recorrer à "marca Salazar" para o desenvolvimento do concelho, como explicou o presidente da autarquia, João Lourenço, "não pretende alicerçar-se no saudosismo nem nas romarias da saudade" em relação ao antigo ditador.

Segundo João Lourenço, "o tempo dos grandes investimentos acabou para as autarquias. Os municípios têm tudo feito, das redes de saneamento aos espaços culturais e desportivos, e, obrigatoriamente, o papel dos municípios terá de ser redirecionado, o desenvolvimento tem de partir de ideias locais".

O objetivo da autarquia – que criou já a Associação de Desenvolvimento Local (ADL) de Santa Comba Dão - é "ligar um nome conhecido em todo o mundo aos produtos da terra", como é o caso do vinho, criar condições para historiadores e investigadores poderem estudar o Estado Novo e fornecer aos visitantes um espaço que lhes permita contactar com o passado de Oliveira Salazar na sua terra".

Toda a parte de recuperação patrimonial pode custar, segundo o autarca, dez milhões de euros, dinheiro esse que terá de vir da iniciativa privada, "mas também de entidades públicas" que tenham como missão o desenvolvimento local, sendo que este "é um dos ‘projetos âncora’ para o desenvolvimento da região Dão-Lafões".

O objetivo é potenciar a economia do concelho que viu nascer o antigo Presidente do Conselho, Santa Comba Dão, e um dos primeiros produtos com esse cunho será o vinho "Memórias de Salazar".

A ideia é dar agora um "novo fôlego" ao projeto, criar uma "marca Salazar" e, através da ADL, "procurar investidores que permitam o desenvolvimento integral da ideia, que passa pela recuperação da área urbana do Vimieiro ligada ao património que pertenceu a Salazar e espaço envolvente".

Para Maria Natália, de 78 anos, que nasceu na casa ao lado daquela que viu nascer Oliveira Salazar, "é uma necessidade não deixar morrer a memória de Salazar".

Sapo PT 15 de Março de 2012

18 de março de 2012

Moçambique: Mendigo dormindo na Praça Samora Machel em Maputo



Um Homem dormindo próximo da Praça Samora Machel, em pleno dia de chuva, na capital do País, realidade cada vez mais crescente num dos países mais pobres do Mundo.

Sapo MZ

David Simango dançando com as mamanas



Mamanas levam o Edil de Maputo a dar um pé de dança no dia da homenagem ao Ex-Presidente da Camara de Roma.

Sapo MZ

Moçambique: O dia-a-dia dos varredores de rua em Maputo



Em plena Avenida Eduardo Mondlane, um varredor de rua usa todos os meios para tirar o lixo da cidade, até mesmo colocar ervas e capim sobre a cabeça.

Sapo MZ

Moçambique: Mesquita remodelada em Maputo



Na cidade das Acácias houve a remodelação de uma das mais antigas mesquita do País, a zona da baixa ganhou um novo ar, após recentes mudanças.

Sapo MZ

Alemanha: Casas típicas (Estado da Baviera)



O virtuoso Vale (Francisco Moita Flores)



Sempre me fascinaram os grandes burlões. De tal forma que escrevi uma série para televisão sobre o maior entre os maiores, o Alves Reis, célebre falsário que na década de 20 do século passado encharcou o País com notas de 500 escudos com um golpe quase perfeito e com tal impacto que pôs o País à beira da bancarrota.

Também o Alcibiades, um poderoso feiticeiro da palavra, conseguiu vender a ponte 25 de Abril a um grupo americano. O fascínio resulta de perceber que vigaristas deste coturno começam por acreditar nas suas próprias palavras, nas suas fantásticas propostas, para passarem aos actos com a convicção de que aquela verdade é tão óbvia que basta a sedução e a exploração dos sentimentos interesseiros das suas vítimas para realizarem as suas proezas criminosas.

Vale e Azevedo não chega aos calcanhares dos dois campeões que recordei. Persiste na verdade que criou, na sua convicção construída, para já condenada pelos tribunais portugueses, forjando, alimentando e produzindo a imagem de uma vítima perseguida pelas forças maléficas da Justiça portuguesa. Porquê? Porque era o arauto da transparência contra a corrupção que minava o futebol. O lusitano Viriato, espada desembainhada, a defender o seu Benfica, que, diga-se, também vigarizou para os seus negócios ilícitos, contra todos os bandidos futebolísticos do País e dos arredores. Esta posição vingadora fez furor na altura. Ele sabia manipular as paixões. Porém, veio o balde de água fria.

Um punhado de crimes descobertos, e Vale e Azevedo na cadeia. No tribunal, a mesma defesa. Ele era vítima dos poderosos interesses obscuros, que, dizia o próprio, estavam amedrontados com a sua fabulosa cruzada purificadora. Terá havido um tal juiz Barroso que não foi na cantiga e o meteu cadeia. Passados tempos, libertado. Tempos de depois, pira-se para Londres, vivendo na zona luxuosa dos lordes. Teve um mérito a sua fuga. O pedido de extradição anda embrulhado há anos nos tribunais ingleses, revelando que os atrasos não são só na nossa Justiça, até que agora um tal juiz Purdy declarou que não estava perante uma vítima, mas frente a um criminoso fugido à Justiça portuguesa.

Declaração mais relevante de Vale e Azevedo, e dita com convicção, depois da decisão: Eu não fugi! Pois não, acrescento eu. Malta deste calibre não foge. Apenas dá de frosques.

Correio da Manhã, 18 de Março de 2012

Negócio da China (João Vaz)



Os portugueses têm uma visão da China que se confunde com dinheiro fácil. Todos sabem o que é um negócio da China, mais ou menos entendido como forma de enriquecimento ilícito. E por alguma razão há pouco mais de um século se entendeu plantar em Macau a nova árvore das patacas.

Pataca era o nome da moeda portuguesa na colonização do Brasil e serviu para fazer correr muita riqueza de lá para cá. Após a independência do grande país-irmão (1822), os novos poderes acabaram com as patacas. O nome fazia porém reluzir os sonhos portugueses, e a pataca reapareceu como moeda portuguesa de Macau quando a China acordou. A pataca ainda é a moeda de Macau, mas os magnatas dos casinos enriquecem sem saber o que é a árvore das patacas.

As expressões populares traduzem ideias arreigadas nos nossos comportamentos. Quando o capital chinês substituiu o Estado na EDP e na REN, avisou-se que ia haver electricidade a preço de loja do chinês. Não se esperou muito até ver como os portugueses gostam de negócios da China e árvores das patacas. Caem muito mal estes abusos num ano de dificuldades em que o País tanto precisava da convicção, coragem e honestidade do Governo.

Correio da Manhã, 18 de Março de 2012

12 de março de 2012

4 de março de 2012

Excelente artigo de Jacques Amaury sobre Portugal


Excelente artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, acerca de Portugal

Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, professor na Universidade de Estrasburgo, a ler com olhos de ler.

"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais.

Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união.

Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.

Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.

Imaginem...

IMAGINEM...

Imaginem que eu, Mário Crespo, não aceitava logo no dia a seguir às eleições um lugar que já estava prometido, para N.York, onde gosto de estar, como prémio de tão "duro" que fui antes...

Imaginem que os Loureiros, Varas, Limas... deste país são julgados e obrigados a repor o que roubaram...

Imaginem que se conseguia com esta camarilha pagar todos os empréstimos que andam por aí e se relançava o aparelho produtivo...

Imaginem que havia justiça e mão pesada para os prevaricadores e não se faziam leis para os momentos e personagens que vão passando pelo poleiro...

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados.

Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Marginal de Maputo



A Marginal de Maputo visto de cima, um dos cartões de visita da capital moçambicana.

Sapo MZ