12 de agosto de 2021

Shaka Zulu: Pai fundador da nação zulu (por Thuso Khumalo, rl)

 

Muito se tem dito sobre Shaka Zulu. Quando se trata de separar factos da ficção, o historiador Maxwell Zakhele Shamase é uma referência, uma vez que está a escrever um livro sobre ele, juntamente com Mthandeni Patrick Mbatha. A DW falou com ele.

DW: Porquê escrever um livro sobre Shaka Zulu?

Maxwell Shamase (MS): Há muito poucos artigos escritos sobre o Rei Shaka da perspetiva africana. E algumas das coisas escritas por não-africanos são factualmente incorretas. Queremos contar a história a partir de uma posição africana.

DW: Como descreveria o Rei Shaka?

MS: Antes do nascimento de Shaka, uma profetisa chamada Sithayi disse que iria "nascer uma criança que traria uma nova ordem e uma nova nação". Ele era um génio militar em África. Era um construtor de nações e não um assassino sedento de sangue. Ele não era um assassino impiedoso.

DW: Quando e onde nasceu Shaka?

MS: Shaka nasceu em julho de 1787 entre o povo eLangeni, de onde a sua mãe era originária.

DW: De onde vem o seu nome?

MS: Shaka Zulu era filho do Príncipe Senzangakhona e da Princesa Nandi da família real Mhlongo, que vivia em eLangeni. O nome Shaka era originário de uma doença chamada "ishaka", que provocava dor, preguiça e inchaço nos corpos das mulheres. Quando a sua mãe, que na altura não era casada, engravidou, as pessoas pensavam que ela estava com ishaka. Foi assim que Shaka recebeu este nome. Ele chamava-se Shaka kaSenzangakhona - Senzangakhona era o seu pai.

DW: Será que o pai de Shaka, Senzangakhona, aceitou a sua paternidade?

MS: Ele tentou negá-la porque tinha medo do pai, o rei Zulu. Senzangakhona era o possível herdeiro do trono e, naquele tempo engravidar uma rapariga antes do casamento era uma vergonha, que podia tirar-lhe o direito à ascensão ao trono. Mas Senzangakhona pagou o dote à família da Princesa Nandi, o que permitiu que esta se mudasse para a casa da família de Senzangakhona.

DW: A união dos dois não foi longa, tendo Senzangakhona expulsado Nandi e Shaka da sua casa. O que aconteceu?

MS: Nandi era arrogante e estava constantemente a dar ordens a todos. Por isso, a relação deles era atribulada. Como não aguentava mais, Senzangakhona expulsou-a juntamente com o filho, Shaka. Posteriormente, Nandi conheceu Ngwati, por quem se apaixonou. Os dois ficaram juntos e tiveram mais uma filha.

DW: Como é que Shaka chegou ao exército de Mthethwa?

MS: Após a morte de Ngwati, Nandi e os seus dois filhos foram levados pelo rei Mthethwa Dingiswayo. Graças à sua inteligência e coragem, não demorou muito até ser recrutado como guerreiro para se juntar ao regimento de Izicwe.

Arqueólogos encontram uma cidade perdida na África do Sul


O que se pensava ser uma dispersão de antigas cabanas de pedra nos arredores de Joanesburgo, África do Sul, afinal, eram os restos de uma cidade próspera, perdida na história durante 200 anos.

Entre a vegetação, não há muito para ver a olho nu. Mas, depois de três décadas de investigação cuidadosa, arqueólogos na África do Sul encontraram uma cidade perdida durante séculos nos arredores de Joanesburgo.

Com recurso a tecnologia de laser chamada “Lidar”, o sítio arqueológico foi revelado como o que é realmente: uma verdadeira metrópole, composta por centenas de habitações e redes comerciais.

O estudo trouxe esta cidade, chamada Kweneng, de volta à vida. Atualmente é o lar de um grupo étnico que fala Tswana, mas acredita-se que as 800 propriedades de Kweneng tenham abrigado nada menos que dez mil pessoas.

“Isto significa que preenchemos uma enorme lacuna histórica, especialmente para a África Austral, porque sabemos que a história pré-colonial da África Austral não tem registo escrito”, explica Fern Imbali Sixwanha, um arqueólogo da Universidade de Witwatersrand. “Estamos a começar a preencher as lacunas usando a tecnologia LIDAR.”

Esta é a mesma tecnologia com a qual os cientistas localizaram uma antiga megalópole Maia no início do ano passado. Hoje, está a ajudar a preencher um enorme ponto cego histórico na África Austral.

Com milhões de pulsos de luz dos laser nas encostas ocidentais mais baixas das colinas de Suikerbosrand, perto de Joanesburgo, os investigadores puderam virtualmente “ver” através de toda a vegetação e noções preconcebidas que fizeram com essa cidade ficasse perdida e esquecida.

Estudos revelam agora que Kweneng, que se estendia por cerca de 20 quilómetros quadrados, estava no seu auge entre os séculos XV e XIX. E, no seu auge, os investigadores acreditam que tenha sido uma cidade rica e próspera.

Vários pares de paredes de rocha paralelas sugerem que havia inúmeras passagens para a cidade, muitas das quais se parecem com caminhos de gado, construídos para as vacas e outros animais em algumas partes da cidade.

No meio de Kweneng, permanecem restos de dois recintos maciços, que juntos ocupam um espaço estimado em dez mil metros quadrados. Arqueólogos pensam que estes podem ter sido recintos que abrigavam quase mil cabeças de gado.

Mas, assim como muitas outras cidades Tswana, acredita-se que esta também tenha caído em declínio após a agitação civil. Longe estão os cidadãos, as torres de pedra, as propriedades, o gado, a riqueza. Graças à tecnologia LIDAR, no entanto, a história continuará viva.


Fonte: ZAP, 5 Fevereiro 2019

Portugal: Igreja em Tomar pode ter sido o “Vaticano” dos Templários


O historiador Paulo Alexandre Loução diz que a Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, pode ter sido uma espécie de “Vaticano” da Ordem dos Templários.

A Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, pode ter sido um local de grande importância para a Ordem dos Templários. O historiador Paulo Alexandre Loução diz mesmo que pode ter sido “o lugar mais importante para os Templários em Portugal”, equivalente ao Vaticano para os católicos.

A igreja foi mandada construir pelo cavaleiro Gualdim Pais, no século XIII, para servir de panteão da Ordem Templária, escreve o Diário de Notícias.

“Aqui se faziam rituais fúnebres e talvez rituais iniciáticos dos Templários“, explicou o historiador numa reportagem da BBC. Loução referiu, por exemplo, a Estrela de Cinco Pontas da igreja, que conduz à ideia de “elevação do espírito humano”.

“Na minha interpretação simboliza o regresso ao útero – a ideia de que o cavaleiro na sua iniciação regressa ao útero da terra para renascer espiritualmente”, acrescentou.

Os Templários foram uma ordem militar de Cavalaria, tendo sido fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito original de proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista. O súbito desaparecimento da maior parte da infraestrutura europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas que mantêm o nome dos Templários vivo até aos dias de hoje.

“Tomar torna-se o centro eclesiástico de todas as igrejas cristãs que se vão edificando além-mar e a igreja sede de todas essas igrejas é a Igreja de Santa Maria do Olival”, salientou o historiador. O próprio Infante Dom Henrique de Avis era um Templário, cujo papel foi determinante nos Descobrimentos.


Fonte: ZAP -31 Julho, 2020