Entre 1961 e 1974, 100 mil jovens abandonaram Portugal para fugir à guerra colonial. Alguns contam a sua história no filme "Guerra ou Paz”, do realizador português Rui Simões, que também se recusou a combater em África.
A luta armada de libertação de Angola teve início a 4 de fevereiro de 1961. Angola, Moçambique e Guiné-Bissau foram os três cenários da guerra colonial em África, que mobilizou milhares de portugueses e africanos.
Entre 1961 e 1974, 100 mil jovens militares portugueses partiram para a guerra nas antigas colónias. Nesse mesmo período, outros 100 mil, de classes e sensibilidade diferentes, decidiram sair de Portugal com destino a outros países da Europa porque não se reviam nessa guerra.
Alguns dos desertores ou refractários, como também foram chamados, contam a sua história no filme “Guerra ou Paz”. O documentário foi realizado em 2002 pelo português Rui Simões, ele próprio um dos protagonistas entre os que se recusaram a combater em África. Tinha na altura 22 anos.
Documentário retrata jovens que recusaram combater em África
“A guerra é algo que, à partida, um jovem de 22 anos devia recusar fazer. E foi o que eu fiz”, recorda. “Não tanto pelo facto de reconhecer a legitimidade dos povos do Ultramar à sua independência, porque embora eu tivesse essa consciência, não a tinha de forma a ser um motor para desertar das Forças Armadas do meu país”.