31 de janeiro de 2009

Moçambique sai do chão E vai no porão... (Gorwane, Xtaca Zero e Gprofam)

A letra pertence ao escritor Mia Couto, a musica foi feita pelos Gorwane, Xtaca Zero e Gprofam, sendo o video da autoria de Pipaz Forjaz.(with English below) Moçambique sai do chão E vai no porão ... Moçambique sai do chão E vai no porão Caiu a sombra, tombou no chão Fica um buraco no pé da nação Lá vai a tábua de um caixão O morto é a floresta de uma nação Toda a riqueza para exportação Não fica nada para nós, não, não Não fica nada para nós, não, não Já está mais que na hora, põe a mão na cabeça E vê agora como a terra chora A moto-serra, serra, serra Rouba o verde, numa outra guerra Lá vai a umbila Lá foi o cimbirre Caiu a chanfuta Caiu pau-preto E voa a mssassa Voou a mbaúa Quem canta agora É a moto-serra Quem canta agora é a moto-serra Parando a árvore, despindo a terra Roubando o verde, numa outra guerra Quen toca agora é a moto-serra A música que agora toca no mato Não é xigubo, makwaiela, nem campo adubado Não é enxada, não, não, não Não é nem fumo de xitimela, my brother Oh Papá, oh Titio Corta aqui, mas depois planta ali, Oh! Oh Papá, oh Vôvô Corta aqui, mas depois planta ali, Oh! A música, agora, não é a canção É o simples ronco do camião Lá vai o tronco, lá vai a madeira Lá vai a riqueza sem algibeira _________ Mozambique is being uprooted And stored in the hold of a ship A shadow has fallen on the ground A hole is opened at the nation's feet There go the planks of a coffin The dead is the nation's forest All the wealth is being exported Nothing is left for us, no, no Nothing is left for us, no, no Now it is time, put your hands on your head And see how the land cries The chainsaw cuts, cuts ,cuts Stealing the green in yet another war There goes the umbila There went the cimbirre The chanfuta has fallen The ebony has fallen The mssassa is flying The mbaúa has flown Who sings now Is the chainsaw Who sings now is the chainsaw Raping the trees, undressing the land Stealing the green, in yet another war Who sings now is the chainsaw The song played in the bush now Is not xigubo, makwaiela, or fertilized land It is not a hoe, no, no It is not the smoke of a train my brother Oh father, oh Uncle Cut here, but then plant there, Oh! Oh father, oh grandma Cut here, but then plant there, Oh! The music now is not a song It is the simple roar of a truck There go the logs, there goes the timber There goes the wealth without a pocket.

Pudim de Peixe (Moçambique)

Pudim de Peixe Ingredientes: 5 tomates escaldados pelados 3 cebolas picadas 2 dentes de alho esmagados sal ao gosto 1/2 limão 1/2 Peixe serra cozido, desfiado, e sem espinhas (quantidade: metade da quantidade do peixe em pão) 1 pão de forma sem côdea (aos pedaços) Salsa Preparação: Tempera-se o peixe já cozido e desfiado, com alho esmagado, sal e limão. Faz-se um refogado com azeite, 1 dente de alho, cebola e tomate. Quando o refogado estiver bem apurado mete-se o peixe desfiado lá dentro dentro, mexendo sempre sem parar. Mergulha-se os pedaços de miolo de pão, na água que cozeu o peixe, e espremesse até ficar seco. Depois do peixe estar envolvido no refogado, mete-se o miolo do pão aos pedaços, e continua-se a mexer até ficar uma papa, não muito mole. Deixa-se cozer a apurar durante uns 20 minutos. Acrescentado a água do peixe se necessário para não secar. Adiciona-se salsa a gosto. Em seguida unta-se um pirex alto com manteiga, e põe-se o pudim dentro do pirex. Polvilha-se com pão ralado por cima, e mete-se no forno a 180 graus, até a parte de cima corar e ficar um pouco rija. Acompanhe com batatas fritas ou legumes.

Peixe à Lumbo (Moçambique)

Peixe à Lumbo Ingredientes: 2 pimentos verdes 2 pimentos vermelhos 1 kg de peixe (pargo ou goraz etc.) 5 dl de leite de coco 1 ramo de coentros 3 cebolas 5 tomates piripiri q.b. 500 grs de miolo de camarão sal q.b. Preparação: Depois do peixe arranjado, corta-se às postas e salpica-se com um pouco de sal. Picam-se todos os legumes bem picadinhos, rega-se com o azeite e tempera-se com sal. Reserve. Num tacho coloca-se metade desta mistura. Por cima põem-se as postas de peixe e o miolo de camarão. Cobre-se com a restante mistura. Adiciona-se o leite de coco. Tapa-se o tacho e leva-se ao lume muito brando para cozer, o que leva +- 30 minutos. Convém verificar. Depois de pronto serve-se acompanhado de arroz.

Papas de Mandioca (Moçambique)

Papas de Mandioca Ingredientes: 3 tomates maduros 1 colher de sopa de manteiga 2 cebolas 1 raminho de salsa 1 dl de óleo 2 dentes de alho 150 grs de farinha de mandioca +- 4 dl de caldo de peixe sal q.b. Preparação: Leva-se um tacho ao lume com o óleo, as cebolas e os dentes de alho picados a alourar. Juntam-se os tomates sem peles nem sementes e a salsa picada. Deixa-se cozer o tomate até se desfazer. Adiciona-se um pouco de caldo de peixe e a mandioca também, desfeita num pouco de caldo. Mexe-se muito bem com uma colher de pau para não fazer grumos e deixa-se cozer cerca de 10 minutos em lume brando. Depois de cozido retira-se do lume e junta-se a manteiga. Misture. Deve ficar consistente. É um bom acompanhamento para peixes etc.

Mimini (Moçambique)

Mimini Ingredientes: leite de coco q.b. 1 cebola 3 tomates 0,5 dl de azeite ou óleo sal q.b. piripiri q.b. 600 grs de mandioca 700 grs de garoupa cortada às postas Preparação: Tempera-se o peixe com sal depois de arranjado e cortado às postas. Fica a tomar gosto cerca de 30 minutos. Frita-se o peixe. Reserve. Leva-se um tacho com a cebola picada, o óleo e o tomate sem peles nem sementes a refogar. Descasca-se a mandioca e corta-se aos palitos, que se põe no refogado depois de lavada. Tempera-se com sal e piripiri. Adiciona-se o leite de coco suficiente para cobrir. Deixe levantar fervura, juntam-se as postas de peixe frito e ferve-se até a mandioca estar cozida.

Matapa de Abóbora (Moçambique)

Matapa de Abóbora Ingredientes: 200 grs de amendoim descascado e pisado 1 cebola picada 700 grs de camarões cozidos e descascados 700 grs de folhas de abóbora 2 dl de leite de coco 2 tomates maduros piripiri q.b. sal q.b. Preparação: Em primeiro lugar cortam-se as folhas de abóbora como se fosse para caldo verde, mas mais grossas. Cozem-se em água temperada com sal e depois de cozidas deixa-se a escorrer num passador. Leva-se um tacho ao lume com o óleo e a cebola picada a alourar. Junta-se o tomate sem peles nem sementes e deixa-se cozer até desfazer-se. Adicionam-se a este refogado as folhas de abóbora escorridas. Juntam-se o leite de coco, os camarões cozidos e descascados e o amendoim pisado e desfeito em um pouco de água. Tempere com sal e gindungo. Leve novamente ao lume para apurar. Sirva acompanhado com Chima de Arroz (ver receita) ou arroz branco. Nota: Caso não encontre folhas de abóbora pode confeccionar este prato com espinafres ou couve, embora eu goste mais com folhas de abóbora.

Mandioca com Miudezas (Moçambique)

Mandioca com Miudezas Ingredientes: 1 kg de mandioca limpa das cascas e raízes 6 tomates pelados e sem sementes 2 cebolas 1 colher de sopa de rajá, (pó de caril) 500g. de miudezas de galinha 2 dentes de alhos 6 colheres de sopa de azeite 200 g. de grão de bico cozido Preparação: Num tacho ferve-se agua com um pouco de sal, a mandioca e o grão de bico até ficar tudo cozido, deita-se a agua da cozedura fora, deixando a mandioca e os grãos em repouso. Refoga-se o tomate, a cebola, o alho, no azeite durante 2 minutos. Em seguida junta-se o rajá e as miudezas. Apurada a cozedura das miudezas junta-se por fim a mandioca e os grão de bico. serve-se numa travessa, enfeitando com azeitonas pretas sem caroços. Sirva como acompanhamento uma salada de pepinos e cenouras.

Galinha com Manga (Moçambique)

Galinha com Manga Ingredientes: 1 galinha 1 cebola 3,5 dl de leite completo 3 dentes de alho 250 grs de polpa de manga cortada aos bocados piripiri q.b. sal q.b. 1 dl de azeite Preparação: Num tacho leva-se ao lume a refogar o azeite, a galinha cortada aos bocados, a cebola e os dentes de alho picados. Quando a galinha perder a cor de crua, adiciona-se o leite e os bocados de manga. Tempera-se com piripiri e sal. Tapa-se o tacho e deixa-se cozer. Sirva acompanhada com arroz.

Frango Cafrial à Zambeziana (Moçambique)

Frango Cafrial à Zambeziana Ingredientes: 1 frango médio 1 coco ralado 8 dentes de alho 1 folha de louro sal q.b. Preparação: Limpe bem o frango e deixe escorrer num passador. Rale o coco para dentro de uma bacia plástica e, depois de ralado deite meia chávena de chá de água quente e meia de água fria, mexa muito bem com as mão até ficar um leite mais ao menos cremoso, deixe arrefecer, enquanto pila-se o alho e o sal. Para temperar o frango, ponha-o num tabuleiro e tempere com o preparado e a folha de louro. Uns minutos depois deite meia quantidade do leite do coco e fica a marinar por meia hora. À parte, numa tijelinha junte o resto do leite de coco e um pouco de azeite. Este frango é assado na brasa e de vez em quando, com uma pena de galinha vá borrifando o preparado de leite e azeite sobre o frango até estar pronto para servir. Nota: O preparado de leite de coco e azeite é para que na altura de assar o frango na brasa a pele fique mais estaladiça.

Frango com Amendoim (Moçambique)

Frango com Amendoim Ingredientes: 1 frango 2 dentes de alho sal q.b. piripiri 1 dl de óleo 1 cebola grande 500 grs de amendoim sem sal +- 1 litro de água quente Preparação: Pisa-se muito bem o amendoim no almofariz até ficar em pasta. Junta-se a água a ferver, mexe-se bem e passa-se por um passador de rede fina. Leva-se ao lume num tacho o óleo, a cebola e o alho picados. Deixa-se alourar. Põe-se o frango cortado aos bocados e deixa-se tomar gosto por 2 minutos. Adiciona-se a água do amendoim. Tempera-se com piripiri, sal e pimenta. Tapa-se o tacho e deixa-se cozinhar durante +- 30 minutos. Sirva acompanhado de arroz branco solto.

Cuscuz de Moçambique (Moçambique)

Cuscuz de Moçambique Ingredientes: 1 chávena de açúcar 1 chávena de leite 2 chávenas de farinha de trigo 2 chávenas de farinha de milho 1 colher de sopa de manteiga 1 colher de sopa de canela 1 colher de sopa de fermento 2 ovos Preparação: Batem-se os ovos com o açúcar e depois junta-se a manteiga. Bate-se até ficar cremoso. Depois juntam-se as farinhas (de trigo e de milho), o fermento, a canela e o leite. Depois de tudo preparado, verte-se a mistura numa forma untada com muita manteiga e leva-se ao forno a cozer.

Chima de Arroz (Moçambique)

Chima de Arroz Ingredientes: 4 dl de leite de coco 500 grs de farinha de arroz sal q.b. Preparação: Leve o leite de coco num tacho a ferver. Assim que levantar fervura junta-se a farinha de arroz em chuva, mexendo sempre com a colher de pau para não ganhar grumos. Deixe cozer e tempera-se com sal. Esta chima deve ficar consistente. Depois de pronta põe-se numa travessa passada por água fria. É um bom acomapnhamento para carnes, peixes etc.

Camarões à Moda da Nacional (Moçambique)

Camarões à Moda da Nacional Ingredientes: 2 Kg. de camarão de tamanho médio 6 dentes de alho grandes Sal (q.b.) Piri-piri (q.b.) 1 pacote de margarina de 250Gr. Preparação: Lavem-se os camarões, escorram-se. Com uma tesoura ou faca muito bem afiada, cortam-se os mesmos ao meio, no sentido longitudinal e pelo dorso porém sem separar totalmente as duas metades uma da outra, e retirem-se-lhes as tripas. Reserve. Num almofariz, junte os alhos, o sal e o piri-piri. Esmague tudo isto muito bem e junte a margarina, criando uma pasta homogénea. Com esta pasta barre a carne dos camarões abertos ao meio. Disponha os camarões numa terrina de barro e leve ao forno bem quente. Retire ao fim de cerca d 15 minutos, quando a cor avermelhada das cascas dos camarões indicar estarem os mesmos já assados. Sirva com batatas fritas cortadas em rodelas semi-grossas.

Camarões com Leite de Coco (Moçambique)

Camarões com Leite de Coco Ingredientes: 5 a 6 dl de leite de coco 1 cebola 1 kg de camarões 2 tomates 1 colher de café de açafrão sal q.b. malagueta q.b. 1 dl de azeite Preparação: Descascam-se os camarões em cru. Reserve. Num tacho leva-se ao lume o azeite, a cebola picadinha. Logo que a cebola esteja loura, junta-se o tomate sem peles nem sementes e picado e deixa-se cozer até se desfazerem. Junta-se o miolo do camarão e deixa-se tomar gosto, mexendo por 2 minutos. Adiciona-se o leite de coco misturado com o açafrão, a malagueta e o sal. Deixa-se fervilhar em lume brando durante 15 minutos. Sirva em travessa acompanhado com arroz branco.

Bolo Catembe (Moçambique)

Bolo Catembe Ingredientes: Para o bolo: 250 grs de manteiga 220 grs de farinha de trigo 1 dl de leite completo 2 ovos 170 grs de açúcar 2 colheres de chá de fermento em pó Para barrar a forma: 100 grs de açúcar +- 1 dl de manteiga derretida 50 grs de pão torrado e moído 60 grs de castanha-de-caju moídos Preparação: Primeiro a forma:
Com os ingredientes para barrar faz-se uma papa e barra-se uma forma redonda. Põe-se a forma no frigorífico e prepare o bolo. O bolo: Bate-se a manteiga com o açúcar até ficar cremosa. Juntam-se os ovos um a um batendo sempre. Adiciona-se o leite alternando com a farinha misturada com o fermento, mexendo para ligar. Deita-se a massa às colheradas na forma, que entretanto retirou do frigorífico, tendo o cuidado de não tocar no preparado que a reveste. Leva-se ao forno médio a cozer durante +- 1 hora. Convém verificar.

Bifes com Molho de Amendoim (Moçambique)

Bifes com Molho de Amendoim Ingredientes: 2 dentes de alho 500 grs de bifes de vitela não muito altos 60 grs de amendoim 3 tomates maduros 2 cebolas 1 dl de azeite sal q.b. pimenta q.b. 1 dl de água Preparação: Temperam-se os bifes com sal e pimenta. Leve um tacho ao lume com o azeite, as cebolas cortadas às rodelas finas, os dentes de alho pisados, os tomates sem peles nem sementes picado e por cima ponha os bifes. Tapa-se o tacho e deixa-se cozer. Quando a carne estiver tenra adiciona-se o amendoim pisado e misturado com 1 dl de água. Deixa-se ferver para apurar. Sirva acompanhado com batatas doces cozidas.

Bananas com Leite Condensado (Moçambique)

Bananas com Leite Condensado Ingredientes: 1 lata de leite condensado casca ralada de 1 limão 6 bananas maduras 2 colheres de sopa de manteiga 3 colheres de sopa de coco ralado 1 colher de chá de canela em pó 2 gemas Preparação: Descascam-se as bananas e cortam-se ao meio no sentido do comprimento. Colocam-se num pirex que possa ir à mesa e ao forno. Polvilha-se com a casca ralada do limão, a canela e nozinhas de manteiga. Misture muito bem o leite condensado com as gemas e verta por cima das bananas. Polvilhe com coco ralado e leve ao forno a gratinar. Deve ficar dourado. Sirva morno ou frio.

M'boa ou Matsavo (Moçambique)

M'boa (ronga) ou Matsavo (changane) (folha de abóbora) Ingredientes: 5 molhinhos de folha de abóbora 500 gr de camarão seco ou fresco (no seco tem de se tirar as cabeças) 2 tomates médios 1 cebola média 3 chávenas de farinha de amendoim 3 chávenas de água 5 malaguetas ou piripiri e sal q.b. Preparação: Tiram-se os fios das folhas, como se fosse feijão verde. Lava-se folha por folha em água corrente. Corta-se aos bocadinhos não muito finos, para um tacho, a que se junta a cebola, tomate, camarão, malagueta, sal, farinha de amendoim e água. Deixa-se cozer em lume brando durante 20 a 25 minutos. Caso esteja muito espesso, adiciona-se água de amendoim, se estiver muito líquido junta-se farinha. Não leva muito tempo a cozer, mas deve-se ter cuidado para não deixar pegar ao fundo. Serve-se com arroz branco ou farinha de milho.

Matapa (Moçambique)

Matapa (folha de mandioca ou couve com amendoim) Ingredientes: 750 gr de amendoim 1 coco 1 kg de camarão fresco ou seco 1 kg de folhas de mandioca ou couve 2 litros de água sal q.b. Preparação: Pila-se o amendoim até ficar em pó e dissolve-se em cerca de meio litro de água. Rala-se a polpa de coco e espreme-se num passador, juntando a pouco e pouco o restante líquido, de modo a extrair todo o leite de coco. Junta-se a este leite de coco a água com o amendoim. Migam-se as folhas de mandioca ou couve com uma grossura de cerca de 2 cm. Cozinham-se as folhas (sem água) durante meia hora. Se forem folhas de couve acrescenta-se uma pequena porção de água para que fiquem tenras. Num tacho, leva-se ao lume a mistura de leite de coco com água de amendoim, e quando começa a ferver juntam-se-lhe as folhas da verdura e tempera-se de sal. Por fim, juntam-se os camarões já preparados e cozinhados e deixa-se apurar uma hora e meia em lume brando. Serve-se com arroz branco ou farinha de milho.

Galinhas à Moçambicana (Moçambique)

Galinhas à Moçambicana Ingredientes: 2 frangos novos (1 kg cada) 1 coco 4 dentes de alho 1 colher de chá de colorau 2 a 3 folhas de louro 1/4 de chávena de óleo de amendoim 1 limão 100 gr de manteiga sal e piripiri em pó q.b. Preparação: Rala-se o coco e junta-se 1 litro de água a ferver e coa-se para um recipiente. Os restantes condimentos são pisados num pilão e depois juntam-se ao leite de coco, que já deve estar frio. Os frangos ficam neste molho cerca de 12 horas no frigorifico, virando-se de vez em quando. Os frangs são assados em lume brando de carvão vegetal, bezuntando-se com parte deste molho. Ao resto do molho que ficou, junta-se o sumo do limão e a manteiga; leva-se ao lume a ferver e deita-se por cima dos frangos que também devem estar muito quentes. Pode servir-se com batatas fritas e salada.

Bolo de Mandioca (Moçambique)

Bolo de Mandioca Ingredientes: 1/2 Kg de açúcar 1 copo de água (200 ml) 120g de margarina ou manteiga 8 gemas 1/2 kg de mandioca ralada 200ml de leite de coco Preparação: Faça uma calda com o açúcar e a água. Deixe ferver até o ponto de calda. Desligue o lume e adicione a margarina. À parte, misture a mandioca ralada com as gemas e o leite de coco. Adicione a mistura à calda de açúcar. Untar uma forma com margarina polvilhada com açúcar e despejar a mistura. Deixar em forno quente durante 50 minutos.

Doce de Manga (Moçambique)

Doce de Manga Ingredientes: Mangas Açúcar Preparação: Lavar as mangas, descascar e cortar aos bocados. Passar por uma peneira. Fica um polme bastante fino e sem fios. Medir igual quantidade de açúcar. Leva-se ao lume e deixa-se ferver até tomar ponto. Mexer com colher de pau, de vez em quando para não pegar. Leva algum tempo a fazer.

Caril de Amendoim de Galinha (Moçambique)


Caril de Amendoim de Galinha Ingredientes: 1 galinha média 4 chávenas de amendoim sem película 6 tomates médios maduros 2 cebolas médias piripiri, sal e água (q.b.) Preparação: Deita-se o amendoim num centrifugador juntamente com uma chávena de água fria, e logo que esteja em forma de massa, tira-se e deita-se numa taça com 2 litros de água; mexe-se e depois coa-se. Se se verificar que a mistura está muito grossa, acrescenta-se mais água até ficar com uma consistência de leite. Num tacho, coloca-se a galinha cortada em pedaços, não muito pequenos, juntamente com o tomate e a cebola cortados; tempera-se com o sal, dá-se uma pequena fervura para cozer o tomate e a cebola; em seguida, deita-se o leite de amendoim e deixa-se ferver, mexendo sempre. Coze aproximadamente 1 hora; se se achar que o molho está muito espesso, pode acrescentar-se água e deixar apurar em lume brando. A seguir põe-se o piripiri que é para não cozer e picar muito. Caso se goste de muito picante, o piripiri deverá ser adicionado junto com a cebola e tomate. Nota: pode substituir-se o amendoim por manteiga de amendoim.

Frango à Cafreal (Moçambique)

Frango à Cafreal Ingredientes: Frangos azeite piripiri manteiga sal e pimenta Preparação: Abrem-se os frangos pelas costas e espalmam-se (ficando o peito inteiro) e batem-se as articulações com um maço. Untam-se com um pouco de azeite, temperando com sal e pimenta e assim se deixam umas horas até se grelharem. Num pilão esmaga-se uma boa porção de piripiri com um pedaço de manteiga e com esta massa se vão untando os frangos enquanto grelham no carvão.

Caril de Caranguejo (Moçambique)


Caril de Caranguejo Ingredientes: 2 Kg de caranguejo; 4 tomates médios pelados; 2 cebolas médias picadas; 4 dentes de alho picados; 2 folhas de louro; 6 cravinhos da Índia ; 1 porção de gengibre; 3 colheres de sopa cheias de óleo de amendoim; 1 coco ralado misturado com uma colher cheia de tamarindo esmigalhado e junta-se a um litro e meio de água a ferver e coa-se num pano para uma tigela; 2 colheres de sopa bem cheias de pó de caril; 1 colher de chá cheia de tamarindo; sal (q.b.). Preparação: Lava-se, limpa-se e parte-se o caranguejo. Numa panela juntam-se o tomate, a cebola, alho, louro, cravinho, gengibre e óleo. Põe-se tudo a refogar muito bem, juntamente com pequenas porções de água a ferver. Depois de cozido, junta-se a têmpera e um pouco de leite de coco. Deixa-se cozer muito bem a têmpera, acrescentando-se leite de coco sempre que necessário. Depois deita-se o caranguejo, e deixa-se ferver em lume brando, acrescentando-se o resto do leite de coco até ficar um molho grosso e bem apurado.
Serve-se com arroz branco solto ou com arroz cozido em água do leite de coco.

Caranguejos à Sofala (Moçambique)



Caranguejos à Sofala Ingredientes: 200 grs de miolo de pão 3 ovos 1 cebola grande 4 dl de leite 1 dl de azeite 4 caranguejos grandes 1 folha de louro sal q.b. piripiri q.b. pão ralado q.b. Confecção: Cozem-se os caranguejos, depois de bem lavados e esfregados com uma escova, em água temperada com sal cerca de 20 minutos. Depois de cozidos retiram-se do lume e abrem-se aproveitando o recheio sem partir a casca. A carne desfia-se e reserve. Leva-se um tachinho ao lume com o azeite, a cebola picada e a folha de louro a refogar. Assim que a cebola alourar junta-se a carne de caranguejo e o miolo de pão embebido no leite quente. Tempera-se com sal, piripiri e juntam-se os ovos battidos. Leve novamente ao lume para apurar. Enchem-se as cascas de caranguejo com este recheio. Polvilha-se com pão ralado e leva-se ao forno quente para gratinar.

30 de janeiro de 2009

Moçambique - Campanha Contra a Corrupção (Cartaz Nº 15)

Moçambique - Campanha Contra a Corrupção (Cartaz Nº 14)

Moçambique - Campanha Contra a Corrupção (Cartaz Nº 13)

Moçambique - Campanha Contra a Corrupção (Cartaz Nº 12)

Moçambique - Campanha Contra a Corrupção (Cartaz Nº 11)

Garapa ou Quissângua de Abacaxi (bebida angolana)

Garapa ou Quissângua de Abacaxi

Bebidas Ingrediente Principal: Abacaxi Ingredientes 1 abacaxi 250 g de açúcar Preparação Descasque o abacaxi. Corte o abacaxi às tiras (ao alto) e passe-as na máquina de sumos. Aproveite o sumo para beber. É a polpa do abacaxi que ficou na máquina que se aproveita para fazer a garapa. Ponha numa panela 5 litros de água a ferver. Deite a polpa do abacaxi e junte o açúcar. Mexa com uma colher de pau e tape a panela. Reserve e vá mexendo 2 vezes por dia. Ao fim de 2 ou 3 dias começam a formar-se umas bolhas e nessa altura já estará boa para beber. Coe então a garapa para uma garrafa e não a tape. Ponha no frigorífico e beba bem fresco.

Quissângua de Fuba (bebida angolana)

Quissângua de Fuba


Bebidas Ingrediente Principal: Água Ingredientes 200 g de fuba 3/4 litros de água 250 g de açúcar Fermento Preparação Ponha 5 litros de água a ferver. Misture a fuba num pouco de água até dissolver e junte à água que está a ferver.

Vá mexendo até ferver durante 5 minutos. Deixe arrefecer, coe a bebida para um garrafão e misture o açúcar e o fermento (leverina ou fermento de padeiro). Não feche o garrafão. Quando começar a borbulhar é sinal de que está pronto. Deve beber-se muito fresco.

Quissângua de Milho (bebida angolana)

Quissângua de Milho

 Bebidas Ingrediente Principal: Água


Ingredientes
1 kg de milho 250gr de açúcar 1 colher de chá de fermento Preparação Coza o milho em cerca de 5 l de água. Deixe ferver durante 40 ou 50 minutos. Depois de cozido deixe arrefecer e coe a água para o garrafão. Misture o açúcar, o fermento (leverina ou fermento de padeiro). Deixe repousar por uns dias sem tapar o garrafão. Quando começar a borbulhar está pronta para beber. Deve beber-se muito fresco.

Caldeirada de Cabrito à Angolana (gastronomia angolana)

Caldeirada de Cabrito à Angolana

Carnes Ingrediente Principal: Cabrito

 Ingredientes

Cabrito ½ chouriço Sal q.b., alho, louro, vinho branco Batatas, cebola, tomate, pimento

Preparação 

Corte o cabrito em pedaços e tempere de véspera com sal, alho esmagado, louro e vinho branco. No dia seguinte coloque a marinada numa panela, leve ao lume mas não o deixe cozer totalmente. Descasque as batatas e corte-as em rodelas não muito finas. Corte em rodelas a cebola, o tomate maduro, o pimento e o chouriço e reserve-os num recipiente. Numa panela disponha um camada de batatas, um pouco de cabrito e um pouco dos ingredientes juntos no recipiente. Disponha uma segunda camada de batatas, cabrito e os restantes ingredientes do recipiente. Regue tudo com azeite. Numa tijela à parte misture vinho branco, sal, gindungo, polpa de tomate e uma pitada de colorau e deite tudo na panela. Regue com vinho até cobrir o tudo. Deixe cozer e apurar bem. Vá agitando a panela para não pegar no fundo. Acompanhe com salada e uma boa quissângua.

Bacalhau com Broa e Queijo (gastronomia portuguesa)

Bacalhau com Broa e Queijo Peixes Ingrediente Principal: Bacalhau Ingredientes Bacalhau: 4 postas do lombo demolhadas Azeite: cerca de 2 dl (depende da quantidade de broa) Alho: 4 dentes Cebola: 1 Broa: 250 g Queijo parmesão ralado: qb Preparação Põe-se o bacalhau a corar no azeite de ambos os lados. Quando estiver corado transfere-se para uma assadeira . No azeite de corar o bacalhau, juntam-se os alhos e a cebola picados e deixa-se refogar um pouco só para amaciar. Acrescenta-se o miolo de broa esfarelada ( pode-se colocar na picadora que é mais rápido), mexe-se e junta-se o queijo ralado. Coloca-se este preparado sobre as postas de bacalhau e leva-se ao forno médio 25 a 30 minutos. Serve-se com batatas fritas às rodelas. Sugestões Acompanhar com um vinho Regional do Cartaxo.

Caldeirada de Choco à Pescador (gastronomia portuguesa)

Caldeirada de Choco à Pescador Peixes Ingrediente Principal: Choco Ingredientes 2 cebolas 1 folha de louro 4 dentes de alho 1 malagueta 3 tomates 2 pimentos q.b. de azeite q.b. sal 1 raminho de coentros 6 batatas 2 kg de choco (congelado) Preparação Limpar o choco. De seguida o choco é cozido à parte (na panela de pressão) com apenas sal como tempero (cerca de 30 minutos). Guarda-se a água da cozedura para a confecção posterior da caldeirada. Preparam-se as cebolas em rodelas finas, o louro, a malagueta e os alhos, que devem ir a lume brando, com azeite, num tacho. Logo que a cebola aloure e fique macia, acrescenta-se o tomate (previamente cortado em pedaços) e o pimento, deixando cozinhar sem água, apenas por breves momentos. Adiciona-se a água do choco, os coentros e as batatas em rodelas, acrescentando um pouco de sal. Ao fim de 5 minutos de fervura, adicionamos o choco já partido em tiras e ao fim de 10 minutos, apaga-se o fogo. Por fim juntamos os coentros e a salsa, e temos a nossa "Caldeirada de Choco à pescador" confeccionada. Sugestões Acompanhe com uma boa salada de agriões.

29 de janeiro de 2009

Pirão (gastronomia angolana)

Pirão Acompanhamentos Ingrediente Principal: Farinha de milho Ingredientes 1 pacote de farinha de milho 1 l de água Preparação Ponha cerca de um litro de água a ferver. Numa tijela ponha um pouco de água fria e misture cerca de 3 a 4 colheres de farinha e misture, de preferência com uma colher de pau lisa. Quando a água levantar fervura junte o preparado da tijela. Vá juntando o resto da farinha e mexendo com o luicô até entrar em ebulição. Não deixe que se forme bolas de farinha, mexa sempre energicamente. Retire do lume e continue a mexer durante mais algum tempo. Acompanhe com moamba de galinha.

Moamba (gastronomia angolana)

Moamba Carnes Ingrediente Principal: Dendém Ingredientes 1 kg de Dendém fresco ou óleo de palma extraído deste fruto 5/6 colheres de óleo de palma Um fio de azeite de mesa Uma colher de chá de banha Um frango (ou galinha) cortado aos bocados Sal q.b., gindungo, quiabos, lossakas, 1 ou 2 tomates maduros, 1 cebola grande e 1 dente de alho. Preparação Uma hora antes, tempera-se o frango partido com sal e alho esmagado no almofariz. Numa panela pica-se a cebola grande e um ou dois tomates maduros. Mistura-se o azeite e a banha e deixa-se refogar ligeiramente. Junta-se então o frango e deixa-se refogar mais um pouco. Entretanto numa panela à parte (panela de pressão) ponha cerca de 1 litro de água e o dendém fresco. Deixe cozer 20 minutos com a panela fechada. Depois deite fora a água e pise o dendém na própria panela onde o cozeu.Deite-lhe por cima 1 litro de água fria e mexa com uma colher de pau. Com as mãos, retire os caroços e as cascas e as fibras do dendém. Coe esta água com um passador e junte ao frango. Prove de sal e acrescente um pouco se for necessário. Junte ao frango as 5/6 colheres de óleo de palma. Deixe apurar mais um pouco e acompanhe com funge, pirão ou arroz branco.

23 de janeiro de 2009

O Edifício Sede dos CFM: Um Pouco de História (Paulino Sicavele)

O EDIFÍCIO SEDE DOS CFM: UM POUCO DE HISTÓRIA A construção da estação central dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques (Maputo), hoje totalmente encoberta pela imponente fachada que depois se lhe acrescentou encimada pela magnífica cúpula em cobre com a esfera armilar, havia sido começada no ano de 1908. Veio substituir a antiga - de madeira e zinco, construida pela companhia concessionária, que existia do outro lado da avenida 18 de Maio, defronte do actual Posto médico dos CFM. Fachada principal da Estação Central dos CFM - Maputo Tendo sido dada por concluida, ela foi solenemente inaugurada no dia 19 de Março de 1910. Tratava-se de um melhoramento importante que se ficava a dever ao engenheiro Lisboa de Lima, autor do projecto. Freire de Andrade, então Governador geral, solicitara ao Ministro e Secretário do Estado da Marinha e do Ultramar que fossem enviados «dois escudos de Armas Reais portuguesas, lavrados em mármore, para serem afixados nos pórticos». Mas elas só chegariam em 1911, depois de proclamada a República, e as armas tiveram que ser alteradas. Mesmo assim, jamais lá seriam colocadas por incúria dos que sucederam a Freire de Andrade: Para o pórtico da estação, por iniciativa, do Governador geral, Freire de Andrade fora requisitada de Lisboa um Escudo Nacional em mármore lavrado, o qual tendo chegado a Lourenço Marques (Maputo) em 1911 a bordo do paquete «Beira», depois se perdeu. Por fim recuperado nos nossos dias, foi solenemente colocado no seu lugar em Julho de 1970 por iniciativa do Gabinete de História dos Caminhos de Ferro de Moçambique - CFM. O Escudo Nacional, trabalhado em pedra de liós, é uma obra de arte de muita valia, tendo sido executado em Lisboa nas oficinas de Germano José de Salles & Filhos. Ao acto solene da inauguração da nova estação, mesmo sem o escudo das Armas Reais, fez-se nesse dia aos 19 de Março de 1911, com a saida dos dois primeiros comboios para S. José de Lhanguene, onde se celebrava a festa de S. José, padroeiro daquela missão, presidiu o Governador geral Freire de Andrade. sete meses depois deste acontecimento proclamava-se a República. Uma vez implantado o novo regime, passado o período de entusiasmo pela vitória da revolução, inicia-se o da fúria demagógica na perseguição movida pelos «carbonários» de Lourenço Marques, que se intitulavam de «vigilantes da República», contra Freire de Andrade e certos directores e chefes de serviços públicos tidos por desafectos à República e por «reaccionários e traidores ao novo regime». Exige-se a demissão imediata de tais entidades e a sua expulsão de Moçambique, o que por fim veio a verificar-se em 8 de Abril de 1911. Era então nomeado Governador geral da Província (Moçambique), o capitão-tenente Freitas Ribeiro. O engenheiro Lisboa de Lima, vítima também dessa desconcertante incompreensão popular fomentado pelos «carbonários», demite-se do cargo de director de porto e do Caminho de Ferro de Lourenço Marques. É substituido pelo engenheiro Lopes Galvão. Este, por sua vez, é substituido em 1912 pelo engenheiro João Henrique Von Haffe. Porém, a confusão política, com reflexos na administração pública da Província, continua. Em 14 de Março de 1912 regressam a Lourenço Marques os cidadãos que em 2 e 5 de Julho de 1911 haviam sido, pelo Alto Comissário Azevedo e Silva, mandados desterrar para diferentes pontos da Província, como «carbonários». As grandes figuras republicanas da época julgam então ter chegado a altura de submeter ao Ministro das Colónias uma representação-protesto reclamando melhoramentos imediatos para Moçambique. Em sessão magna reuniram-se os dirigentes da Associação dos Proprietários, dos Empregados de Comércio e da Indústria, dos Lojistas e da Cámara de Comércio. Os Seviços dos Caminhos de Ferro de Moçambique, estiveram sempre em mãos de engenheiros distintos, com sobejas provas da sua capacidade e a eles coube solucionar diversos e intricados problemas do pôs-guerra, num ambiente de ligeira trégua política. Assim, deu-se por concluido o majestoso edifício sede dos CFM, um dos mais belos de Lourenço Marques (Maputo - Moçambique) e não só; construiram-se em Ressano Garcia 4 casas de alvenaria para a moradia de 10 famílias de empregados dos CFM; construção de uma nova ponte metálica de 80 metros de vão sobre o Rio Matola; construção de 3 novos hangares para o serviço dos armazéns gerais; nova gare de triagem ao quilómetro 3; assentamento de novas feixes de linhas para o serviço da carvoeira; ampliação das linhas da estação de Ressano Garcia para se adequarem ao novo serviço de carvão; construção de 2 reservatórios de cimento armado de 200 metros quadrados de capacidade; instalação de um aparelho central de manobra e encravamento de agulhas e sinais na estação de Lourenço marques; instalação de agulhas automáticas nas estações de Moamba e Incomáti; construção de triângulos de inversão em Lourenço marques, Moamba e Ressano Garcia [...]. A entrada de Portugal na guerra resultara, a despeito de todos os sacrfícios impostos à nação, de certo modo benéfica, pois deste modo se salvou a integridade do Ultramar, de modo especial de Moçambique e de Angola. Paulino Sicavele (editor) 22 de Janeiro de 2009

Gare da Estação Ferroviária de Maputo (CFM), considerada a sétima mais bela do mundo

GARE DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE MAPUTO CONSIDERADA PELA REVISTA NEWSWEEK COMO A SÉTIMA MAIS BELA DO MUNDO A Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro em Maputo foi considerada pela Revista americana Newsweek como sendo a mais bela de toda a África e a sétima colocada numa lista que compreende nove (9) Estações ferroviárias eleitas mediante monitoria especializada feita em todos os continentes. Segundo a Revista Newsweek, 'A Estação Central de Maputo, provávelmente a mais bela de África, foi desenhada por Gustave Eiffel em 1910 e a ideia era que a sua aparência se assemelhasse a um Palácio com pilares de mármore e enfeites em ferro fundido'. A Revista descreve de forma resumida as nove melhores Estações Ferroviárias do mundo e apresenta no fim a classificação das mesmas pela seguinte ordem: 1. St. Pancras, Londres 2. Grand Central Terminal, Nova York 3. Chhatrapati Shivaji, Mumbai 4. Central Station, Antwerp, Bélgica 5. Dare des Bénédictins, Limoges, França 6. Lahore Railway Station, Paquistão 7. Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro, Maputo, Moçambique 8. Hua Hin Railway Station, Thailand 9. Atocha Station, Madrid. 22 de Janeiro de 2009

14 de janeiro de 2009

Biografia do escritor moçambicano Eduardo White

Biografia de Eduardo White Escritor moçambicano, Eduardo Costley White nasceu em Quelimane (Moçambique), a 21 de Novembro de 1963. Após uma formação durante três anos no Instituto Industrial, o escritor exerceu funções directivas numa empresa comercial, foi membro do Conselho de Coordenação e fundador da revista «Charrua» e dirigente da Associação de Escritores de Moçambique. Tem colaboração na imprensa lusófona e várias publicações como "Amar sobre o Índico" (1984), "País de Mim" (1990), "Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de Ser Ave" (1992), "Dormir com Deus e um Navio na Língua" (2001), "As Falas do Escorpião" (2002), "O Manual das Mãos" (2004), entre outros. Recebeu vários prémios literários e foi considerado, em 2001, em Moçambique, a Figura Literária do Ano. Numa preocupação com as origens, Eduardo White reflecte na sua poesia a sua história e reflecte sobre Moçambique, numa tentativa de apagar as marcas da guerra e de dignificar a vida humana. Para isso, escreve através de um amor diversificado que pode ser pela amada, pela terra ou mesmo pela própria poesia, sempre num tom de ternura, de onirismo, de musicalidade e de erotismo.

Baseado no livro de Mia Couto: Filme “Terra Sonâmbula” na mostra de Nova Iorque



Baseado no livro de Mia Couto: Filme “Terra Sonâmbula” na mostra de Nova Iorque A longa-metragem “Terra Sonâmbula”, baseada no livro do escritor moçambicano Mia Couto, abre hoje a mostra “Global Lens 2009”, em acto a ter lugar no Museum of Modern Arts de Nova Iorque (MOMA). Esta produção cinematográfica faz parte de uma dezena de películas que serão exibidas neste certame. Depois da apresentação no Museum of Modern Arts de Nova Iorque, “Terra Sonâmbula” ficará por uma semana e depois seguirá para outras 35 cidades dos Estados Unidos. O filme da cineasta portuguesa Teresa Prata, é baseado no romance homónimo do escritor moçambicano Mia Couto. Conta a história de Muidinga, um menino que procura a família em plena guerra dos 16 anos. Esta produção cinematográfica conta com apenas dois actores profissionais no elenco, a moçambicana Ana Magaia e a portuguesa Laura Soveral. Os restantes, incluindo o menino de 12 anos que protagoniza Muidinga, são amadores. Quanto à cineasta Teresa Prata, ela é formada em argumento e realização pela Deutsche Film und Fernsehakademie Berlin (Academia de Cinema e Televisão de Berlim). Passou a infância em Moçambique e a adolescência no Brasil, estudou em Portugal, e agora está baseada na Alemanha, tem uma formação bastante ecléctica: estudou piano no Rio de Janeiro, formou-se em Biologia em Coimbra e Cinema em Berlim. Leu o livro de Mia Couto quando estudava em Berlim e achou a história fantástica, decidindo passá-la ao cinema, com o consentimento do escritor, que quando visionou a longa-metragem gostou da adaptação feita. "Terra Sonâmbula" é uma co-produção portuguesa (Filmes do Fundo), alemã (ZDF/ARTE), e a moçambicana (Ébano Multimédia), com o apoio do Ministério da Cultura, por meio do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), da RTP, e do Instituto Camões. É distribuído pela The Global Film Iniciative. “Terra Sonâmbula” já conquistou um galardão: Prémio da Federação Internacional da Crítica de Cinema no Festival Internacional de Cinema na Índia. Maputo, Quarta-Feira, 14 de Janeiro de 2009 :: Notícias

9 de janeiro de 2009

Poema de Despedida (Mia Couto)

POEMA DE DESPEDIDA Não saberei nunca dizer adeus Afinal, só os mortos sabem morrer Resta ainda tudo, só nós não podemos ser Talvez o amor, neste tempo, seja ainda cedo Não é este sossego que eu queria, este exílio de tudo, esta solidão de todos Agora não resta de mim o que seja meu e quando tento o magro invento de um sonho todo o inferno me vem à boca Nenhuma palavra alcança o mundo, eu sei Ainda assim, escrevo Mia Couto

Sotaque da Terra (Mia Couto)

SOTAQUE DA TERRA Estas pedras sonham ser casa sei porque falo a língua do chão nascida na véspera de mim minha voz ficou cativa do mundo, pegada nas areias do Índico agora, ouço em mim o sotaque da terra e choro com as pedras a demora de subirem ao sol Mia Couto

Mia Couto aprova filme "Terra Sonâmbula"

MIA COUTO APROVA FILME "TERRA SONÂMBULA" O escritor moçambicano Mia Couto elogiou a adaptação cinematográfica da realizadora Teresa Prata da obra de sua autoria, "Terra Sonâmbula". O autor de "Mar me quer" considerou que o produto final "respeita o espírito da história" e que a cineasta "soube recolher o essencial" do romance. "É um filme sério e limpo", classificou o escritor. A película tem estreia mundial prevista para o dia 27 deste mês no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Montreal, no Canadá. Estreia de Teresa Prata no grande ecrã, "Terra sonâmbula" foi publicado em 1992. O filme foi todo rodado em Moçambique, mais precisamente numa área de 200 quilómetros nos arredores da capital, Maputo. A acção tem como pano de fundo a guerra civil em Moçambique e conta a história de Muidinga, um rapaz de 12 anos que se lança na aventura de reencontrar a família. No momento em que contacta com um diário pertencente a uma mulher que procura o filho, acredita ser ele a criança e parte em busca da mãe, em direcção ao mar. A produção de Mia Couto não é desconhecida da Sétima Arte. Aquele que é o autor moçambicano mais lido no estrangeiro já teve outras obras transpostas para o cinema. "O olhar das estrelas", filme de João Ribeiro, baseou-se no conto "Saíde, o lata de água", enquanto que "Um rio", de José Carlos Oliveira, é uma adaptação do romance "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra". Jornal de Notícias, 21 Agosto 2007

Pequeninura do Morto e do Vivo (Mia Couto)

PEQUENINURA DO MORTO E DO VIVO O morto abre a terra: encontra um ventre O vivo abre a terra: descobre um seio Mia Couto

4 de janeiro de 2009

Moçambique: Maria de Lurdes Mutola - Filha da Nação



MARIA DE LURDES MUTOLA - FILHA DA NAÇÃO Maria de Lurdes Mutola contestou o maior prêmio do atletismo mundial: um milhão de dólares por cinco corridas de seguida. Conversa com um herói de Moçambique Maria de Lurdes Mutola não é uma campeã qualquer. A mulher mais nacional do mundo nos 800 metros, primeira medalhalímpica de Moçambique, tornou-se o herói heróico. Um símbolo, num país necessitado de referências. Os moçambicanos tratam-na domesticamente por Lurdes, já lhe erigiram uma estátua, deram o seu nome a uma avenida e à escola primária onde andou. O Presidente Joaquim Chissano, que lhe foi posto à disposição do número de telemóvel, é dos primeiros a ligar-lhe depois das provas. E ela não desdenha a sua importância. «Estou tão difícil desse carinho todo que me é capaz de sentir o que sinto. Acho que devo parte do que sou a esse apoio», disse esta semana ao EXPRESSO.

3 de janeiro de 2009

Venenos de Deus, Remédios do Diabo (Mia Couto)

VENENOS DE DEUS, REMÉDIOS DO DIABO (MIA COUTO) Venenos de Deus, Remédios do Diabo é o mais recente romance de Mia Couto, escritor moçambicano nascido em 1955. Neste livro, tomamos contacto com Sidónio Rosa, médico português que decide fazer trabalho cooperativo em Moçambique para tentar encontrar a sua amada Deolinda, uma mulata que conheceu num congresso em Lisboa. Chegado a Via Cacimba só encontra os pais de Deolinda – Bartolomeu Sozinho e Dona Munda – que justificam a ausência da mulata por suposto estágio. No decorrer da narrativa Sidónio é confrontando com histórias antagónicas sobre o que terá acontecido a Deolinda e sobre o passado da família Sozinho. Adensa-se o mistério e Sidónio mergulha, também ele, na cacimba que parece cobrir a Vila Cacimba. Mia Couto sabe contar uma história, doseia a informação com mestria, revela os factos no momento certo, fá-lo quando já estamos desconfiados da sua existência e sem chamar a atenção para si. O leitor só sabe aquilo que a personagem principal sabe, embora haja algumas excepções, e toma conhecimento dos factos ao mesmo tempo que Sidónio. Isto permite que cada revelação seja, no contexto da narrativa, verosímil e permite também uma maior envolvência da parte do leitor. Em Venenos de Deus, Remédios do Diabo é fácil gostarmos das personagens pelo carisma e pela quase total ausência de maldade. Não são heróis, são pessoas que, como todos nós, cometem erros, mentem, falam verdade, têm medos, fantasmas e acreditam em algo que não se vê e que não é terreno. Nessa galeria de personagens destaca-se Bartolomeu Sozinho, um velho reformado que andou toda a vida, quando Moçambique era uma colónia portuguesa, embarcado no transatlântico Infante D. Henrique. Passa os dias fechado no seu quarto, apenas com a companhia da televisão que, como é dito, sonha por ele. Mal visto em Cacimba, por causa da sua ligação ao regime colonial que é empolada por uma daquelas lendas heróicas que alguns contam – neste caso o administrador Suacelência – para se vangloriar e conseguir um lugar de destaque junto da comunidade. A sua esposa, Dona Munda, é uma mulata acusada pelo seu marido de ser feiticeira. Guarda segredos que nunca chegamos a conhecer na sua totalidade. Tão depressa deseja, aparentemente, matar o seu marido como deseja que ele não morra e que recupere do mal que o consome. Com um papel de menor destaque desfilam na prosa de Mia Couto outras personagens com traços particulares e que prevalecem na nossa memória finda a leitura deste romance. Disso exemplo é Suacelência, o administrador da cidade que deseja um medicamento que acabe com o suor. A própria Vila Cacimba assume um destaque simbólico, porque tudo nela – locais (cemitério) e personagens – parece, como o nome indica, estar envolto num nevoeiro que não deixa ver a realidade. Na vila, o tempo (passado, presente e futuro) parece não existir e as histórias têm tantas versões quantos os habitantes que as contam. Venenos de Deus, Remédios do Diabo apresenta o trabalho sobre a linguagem típico de Mia Couto, onde as palavras são alteradas pela oralidade e pelo uso efectivo do dia-a-dia. Ainda assim, Mia Couto exagera nos adágios que coloca na boca das personagens e na voz do narrador. Parece haver uma necessidade de colocar em filosofia popular todo e qualquer acontecimento. Mesmo a personagem mais humilde tem a capacidade de soltar uma máxima em relação à coisa mais ínfima. Em alguns casos esse exagero de máximas é justificado e até recebido com um sorriso de aprovação, noutros parece um puro exercício de estilo feito a pensar em antologias de pensamentos de bolso. Cito alguns exemplos: “O amor acontece para a gente desacontecer” (página 38) e “Viver é um verbo sem passado” (página 46). Com o desenrolar da acção, deixamos de reparar nesse pequeno pecado e passamos a devorar com ganância cada página, na esperança de ver atadas todas as pontas da história. É esse o grande mérito de Mia Couto: sabe contar uma história e isso é um bom motivo para pegar num livro. por Emanuel Amorim

Moçambique: Lurdes Mutola: Briosa Homenagem à Pérola do Índico


LURDES MUTOLA: BRIOSA HOMENAGEM À PÉROLA DO ÍNDICO
 
A cerimónia de homenagem a um atleta, Muto, uma imagem passada, o centro de conferências realizadas na sexta-feira, preparada à imagem Joaquim Alberto Chi foi preparada à imagem, sempre Moçambique cola ao peito. Tudo foi elaborado ao apresentar, com consideração e consideração mínima ao nível da exigência e exigência de cerimónia como figuras mais importantes do Governo e do desporto. Como era de esperar, a “Pérola do Índico”, como é carinhosamente tratada Lurdes Mutola, foi congratulada com uma briosa homenagem, dirigida pelo Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, que lhe concedeu o título de “Heroína do Trabalho da República” ” “de Moçambique”. Mais de 200 pessoas presentes, entre membros do Governo, familiares, desportistas e amigos aplaudiriam euforicamente o gesto, afinal era o mais alto reconhecimento após 20 anos de carreira. A coroa da carreira de brilho que encheu de satisfação à frente dos milhões de milhões de cheios de tela ou “in-loco ” vibravam com as cavalgadas da tela de ouro que quase terminavam em vitória. As vitórias nos Campeonatos do Mundo dos 800 metros e nos Jogos Olímpicos em Sidney-2000 foram seguramente o momento mais alto de uma caminhada cheia de êxitos. Mutola estreou-se ao mais alto nível nos Jogos Olímpicos de Seul/Coréia, tendo ocupado a sétima posição. Na homenagem a Lurdes Mutola não houve quem não se rendeu à campeã dos 800 metros. Os elogios feitos de figuras diferentes do esporte moçambicano. Todos foram unânimes em dizer que a homenagem é inteiramente merecida. “Briosa homenagem à Pérola do Índico”. 

Maputo, Segunda feira: 24 de Novembro de 2008

Quissico (Mia Couto)

QUISSICO 1. Deixei o sol na praia de Quissico De bruços sobre o Verão eu deixei o Sol na extensão do tempo Molhando, quase líquido, o dia afundava nas fundas águas do Índico A terra se via estar nua lembrando, distante, seu parto de carne e lua 2. Não o pássaro: era o céu que voava O ombro da terra amparava o dia A luz tombava ferida pingando como um pulso suicida um minhas ocultas asas Mia Couto

Saudades (Mia Couto)

SAUDADES Magoa-me a saudade do sobressalto dos corpos ferindo-se de ternura sói-me a distante lembrança do teu vestido caindo aos nossos pés Magoa-me a saudade do tempo em que te habitava como o sal ocupa o mar como a luz recolhendo-se nas pupilas desatentas Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo, tua noite sem remédio tua virtude, tua carência eu que longe de ti sou fraco eu que já fui água, seiva vegetal sou agora gota trémula, raiz exposta Traz de novo, meu amor, a transparência da água dá ocupação à minha ternura vadia mergulha os teus dedos no feitiço do meu peito e espanta na gruta funda de mim os animais que atormentam o meu sono Mia Couto

O Macaco e o Cágado (Conto Macua)

O MACACO E O CÁGADO (CONTO MACUA) "O macaco e o cágado fizeram-se amigos. Certo dia, o macaco disse: - Amigo, vem a minha casa. O cágado respondeu: - Está bem. O cágado saiu e foi a casa do seu amigo. Quando lá chegou, o macaco matou um galo, fez echima, pô-la na mesa e disse: - Amigo, vamos lá comer a echima. - Ah, o meu amigo pôs a echima na mesa sabendo que eu não consigo subir? - pensou o cágado. Tentou subir, tentou, mas não conseguiu comer a echima! Por fim resolveu ir para casa, mas antes pediu ao macaco: - Amigo, dá-me as minhas ferramentas para me ir embora. Quando estava para sair, perguntou ao macaco: - Quando é que vais a minha casa? - Hei-de ir na próxima semana - disse o macaco. - Está bem - respondeu o cágado. Na semana seguinte, o macaco foi a casa do amigo. Quando lá chegou, mataram um galo, fizeram echima. O cágado deitou fora a água das panelas e disse para o amigo: - Não há água, mas podes lavar as mãos no poço. Tem cuidado para não as pores no chão quando voltares. O macaco foi ao poço com a sua mulher. Lavou as mãos e começou a andar só com duas patas. O cágado tinha queimado todo o capim à volta da casa e havia muita cinza. Quase ao chegar, o macaco não aguentou mais e pôs as mãos no chão ficando com elas todas sujas. Teve que voltar ao poço para as lavar de novo. Fez isto tantas vezes que acabou por desistir. Foi com a sua mulher despedir-se e pedir as suas ferramentas. A partir daí o macaco e o cágado nunca mais voltaram a ser amigos." in: "Contos Macuas",1992, ed. Associação dos Amigos da Ilha de Moçambique, p.16, coordenação de Elisa Fuchs e ilustrações de Malangatana.

2 de janeiro de 2009

Entrevista de Mia Couto, autor de "O último Voo do Flamingo"


ENTREVISTA DE MIA COUTO, AUTOR DE "O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO" O escritor moçambicano Mia Couto, adotado pelo vestibular 2007 da Cásper – "O último voo do flamingo" está na lista de obras obrigatórias –, falou em entrevista da importância de aproximar Brasil e África por meio da literatura. "O simples facto de um livro ser publicado no Brasil já parece constituir uma espécie de alerta, de uma aceitação de que há um outro país que produz coisas que podem ser partilhadas", assegurou. Para evitar leituras equivocadas, o autor expôs a necessidade de os alunos visitarem os livros de história para compreender O último voo. “Conhecer um país por via da literatura pode ser uma maneira extraordinária de conhecer este país, mas com o devido cuidado, sabendo que este livro fala de um Moçambique inventado por mim, do meu Moçambique. Não é possível entender exatamente a história que está contatada neste livro se não souber sobre a guerra em Moçambique. É preciso conhecer alguma coisa sobre a sociedade moçambicana, a história, a cultura”, avisa. Abaixo entrevista concedida pelo escritor São Paulo por ocasião do lançamento de O outro pé da sereia. Como é a relação de Moçambique com a literatura e como foi sua trajetória para se consolidar como escritor moçambicano? Eu não tive trajetória nenhuma, as coisas me aconteceram por acidente. Nunca aconteceu na minha vida que eu assumisse que tenho uma carreira literária, não gosto da idéia de carreira. Tenho livros que estão dentro de mim e os faço sair. Não sei que percurso possa ter se amanhã deixar de escrever e, sei lá, montar um grupo de teatro e me divertir mais. Isso não tem problema nenhum. Portanto, não houve nem haverá nunca a idéia de um projeto ou percurso, alguma aspiração de ser escritor. Não me dou bem com a idéia de ser escritor. Por quê? Por duas razões. Primeiro porque não sei se alguém é escritor. Acho que o verbo estar é melhor que o verbo ser. Alguém está escritor enquanto está produzindo, enquanto tem doação com a escrita, com os outros, com a língua. Enfim, estou a recusar com isto a idéia de que por essência nós seremos qualquer coisa. Por outro lado, também podemos não ser por essência, mas porque queremos ser. Não escrevo para querer ser escritor, escrevo porque quero contar histórias. Há nessa comunidade de escritores – não em todo lado, no Brasil, por acaso, noto que é diferente – certa vaidade, petulância, de alguém que pensa ser escritor, que eu não quero ter. Quando escreve, o senhor pensa escrever para alguém ou é algo seu? Eu escrevo para mim mesmo. Só quando eu escrevo para teatro estou a pensar “quem é que vai fazer este papel”, mas no resto não, são fantasmas, vozes que estão escondidas dentro de mim, não há um destinatário que esteja claro. Em sua opinião, por que um escritor pára de escrever? Por que deixa sua vivência? Não te posso dizer por que não é fácil dizer que há uma coisa chamada escritor. Recuso a idéia de que há um retrato único. Há várias maneiras de ser escritor, cada um tem sua própria maneira de se converter em escritor. Há escritores de um só livro, há outros que pensam que estão escrevendo livros diferentes e estão escrevendo sempre o mesmo livro – mas isso não é mal, ele está a fazer aproximações de escala (risos). Há escritores que investem numa coisa que é, de facto, contar uma história. Há outros que não, que trabalham a própria escrita. É difícil falar de maneira geral. Às vezes, me penso mais como reescritor do que escritor, porque reescrevo tanto aquilo que eu atirei pela página que provavelmente este é o momento mais importante. Só posso falar de mim, e mesmo de mim falo mal. O eu ser escritor tem a ver com a maneira de eu trabalhar minha própria existência, minha própria vida. Tentar fazer com que esse meu lado de infância, de perceber que o mundo não está feito, esse flagrante da língua que está em construção, como se ela não estivesse feita, como se eu estivesse chegando como um ser completamente ingênuo, visitando a vida pela primeira vez. Mostrar ao mundo, às pessoas, isso que me faz ser feliz. Depois se isso resulta em escrita ou não, já é uma coisa a se perguntar. O ensino secundário do Brasil divide o conceito de literatura em portuguesa e brasileira, não usa o conceito um pouco mais amplo de literatura de expressão em língua portuguesa. De certa forma, isso marginaliza a literatura feita na África. Como o senhor avalia esse aspecto do nosso ensino? De maneira geral, acho que se desconhece muito do que acontece nos países africanos de língua portuguesa em geral, não é só na literatura, mas nas áreas de cultura, história, etc. É muito comum aqui [no Brasil] eu dizer para uma pessoa do táxi ou do restaurante que sou de Moçambique e ver que ele não sabe do que estou a dizer. Há caricatos que me perguntam coisas extraordinárias, como “você é de Moçambique, América Latina?” Eu e alguns colegas de Angola e Moçambique notamos que há uma ignorância que não é localizada só na área literária. O Brasil não conhece muito o que é África e o que é África de língua portuguesa. Ainda hoje, uma jornalista brasileira me falava da necessidade que ela tinha de resgatar esta idéia de que há uma constelação de países que têm uma história comum, uma língua comum. Isso tem que ser fabricado, não é uma coisa que vai por si, os brasileiros não sabem automaticamente que existe Angola, Moçambique, Guiné-Bissau ou São Tomé [e Príncipe]. Isso deve ser resultado de um trabalho dos vários governos, para que seja resolvido. Ou isto não é sequer percebido como um problema e pronto. Compreendo que o Brasil tenha um contexto geográfico e econômico particular, e essa não é uma preocupação urgente, não posso fazer um juízo de valor. O que eu noto é que há certa esquizofrenia nessa coisa, porque de um lado se faz um elogio desta família lusófona, do português no mundo, etc., e depois, ao mesmo tempo, se cuida muito pouco de criar esse espaço. O livro Coração das Trevas [de Josef Conrad] discute a África interna como um cenário de trevas e estupefação. A cultura de massa não deturpa um pouco a maneira como a África é vista? O que é a África hoje e como ela pode ser representada de maneira não tão deturpada, de maneira não tão homogenia como passam para gente? Não estamos a trabalhar num terreno inocente, porque em princípio existem idéias preconcebidas sobre o que é a África. Essas idéias caminham muito sobre este lugar, o lugar das trevas, não é? Antes do livro O Coração das Trevas já havia a idéia dominante sobre o continente que era obscuro, que não cabia dentro do entendimento europeu. A idéia da África foi criada nesta relação, neste confronto entre o olhar europeu e aquilo que vinha de dentro da África. São várias Áfricas. A resposta precisa ser uma resposta que contrarie este clichê, os vários estereótipos sobre a África. Eu vejo muito falar sobre a África profunda, África verdadeira, África autêntica, e eu não sei por que se tem que falar da África nesses termos. Quando falo da Europa, eu não falo da Europa autêntica, ou da Europa verdadeira ou profunda. A África tem vários retratos simultâneos e são profundamente diversos. Se olharmos para a África do Norte, com países do Magreb, por exemplo, há um tipo de cultura com diferenças entre eles profundas, todos esses países são diferentes, diversos. Eu já estou a comprar estereótipos, já estou a dividir a África em Sul do Saara, Norte do Saara. Não sei por que tenho que fazer isto. Este é um processo [de desmistificação] que tem que começar a partir dos próprios africanos, são os africanos que tem que trabalhar sua própria idéia de si próprios, transferir deles para os outros e criar um processo de população com os outros, uma identidade que sabemos ser móvel, fluída, em construção. Nunca se chega àquela coisa de que a África é isto, este identitário simplista muito redutor que nós temos hoje Em Moçambique há uma divisão partidária, questões religiosas, minorias contraditórias (ex-marxistas, católicos), etnias que não participaram do processo de libertação. Ou seja, uma realidade muito complexa. Como o senhor consegue trabalhá-la literariamente, de maneira a dar conta de registrar essas diferenças? Mesmo que eu soubesse responder não responderia (risos)... Para mim como pessoa, antes de pensar-me como escritor, pensando como cidadão, me fascina este jogo de contrates, estas repostas diversas. Fascina-me, sobretudo, naquilo que toca na relação com o divino e aqui se chega a um ponto: a religiosidade dos africanos. Há qualquer coisa que é comum nas religiões africanas, que não são nunca instituídas. Embora vivam numa esfera que está sempre misturada como se houvesse a religião da África. Ela não tem essência autônoma, ela permeia todos os outros campos de existência, mas existe alguma coisa que eu acho importantíssima, quer dizer, se cremos ter uma idéia de África, daquilo que podemos chamar África Negra, é preciso perceber que religiosidade está ali presente. Eu só posso compreender os brasileiros se souber alguma coisa sobre o catolicismo, por exemplo; a influência profunda que tem o catolicismo, que depois se sincretizou e misturou com outras religiões provenientes da África. Mas se não sei nada sobre catolicismo, eu não posso entender os brasileiros, não é? Não é possível se eu não tiver nenhuma visão sobre isso. A maior parte das pessoas que quer entender a África não tem nenhum elemento sobre essa religiosidade dos africanos, elas sequer se apercebem da dimensão divina, da construção de Deus, dos preceitos éticos que fazem com que uma coisa seja vista como bem ou mal; se isto não é entendido não; se pode entender a África. Como biólogo, o senhor vive em contato com os elementos da natureza, eles também são elementos de religiosidade? Quando estou no campo trabalhando, pergunto sempre como se diz nas línguas locais certa palavra, certo conceito e, quando chego à idéia de como se diz ambiente, como se diz natureza, é muito curioso porque nenhuma das línguas bantos de Moçambique tem uma palavra para traduzir este conceito. [Nós, que falamos português] temos palavras que dizem coisas muito gerais, conhecimentos muito integradores, como sociedade, cultura, ambiente,tudo junto numa mesma palavra. Isso mostra que estamos perante uma filosofia diferente, outra maneira de ver o mundo, que não separou, que não fez gavetas ou fronteiras entre natural ou não natural. Para uma noção até mesmo histórica do continente africano como um todo, de que maneira o Último voo do flamingo pode auxiliar o jovem brasileiro a ter contato com Moçambique e com o continente em si? O simples facto de um livro ser publicado no Brasil já parece constituir uma espécie de alerta, de uma aceitação de que há um outro país que produz coisas que podem ser partilhadas. Agora, começar a conhecer um país por via da literatura pode ser uma maneira extraordinária de conhecer este país, mas com o devido cuidado, sabendo que este livro fala de um Moçambique inventado por mim, do meu Moçambique. Eu não vejo que só este livro ou só a literatura por si mesmo possa trazer uma idéia de Moçambique que seja produtiva, que seja funcional. Estamos a falar de coisas que precisam ter futuro, que tem que criar futuro. Essas coisas [os livros] precisam ser produtivas, não podem só fazer apelo à história do passado, devem ter alguma coisa que punciona a dinâmica de hoje. Num comentário sobre o Último voo do flamingo, o senhor falou da necessidade de não deixar a esperança morrer. O senhor acredita passar essa esperança da possibilidade de uma utopia através de sua literatura? A idéia de que se está a lutar e de que se abdica de um sonho, seja ele qual for, é uma idéia que me parece igual à morte, para quem saiu de uma guerra e tem que recomeçar e olha para trás e não quer nunca mais aquilo. Isso é uma coisa que me motiva como pessoa. Este livro será lido por estudantes entre 17 e 25 anos que estão acostumados com toda uma cultura urbana, como a de São Paulo. Quais outros elementos ou livros o senhor acha interessante para que eles entendam um pouco mais o próprio contexto moçambicano e africano, para ir um pouco além do seu Moçambique? A literatura tem que ter apoio, porque a literatura sozinha não pode fazer esse trabalho. A literatura não chega a fazer trabalho nenhum, nem chamaria de trabalho aquilo que a literatura faz. A literatura funciona num outro domínio, no domínio de uma outra dimensão, o que tem que ir junto é informação sobre o país. Acho que o estudante deve receber um trabalho sobre o contexto histórico, político, ou seja, não é possível entender exatamente a história que está contatada neste livro se não souber sobre a guerra em Moçambique, se não souber sobre o conflito que esteve latente em Moçambique, que é muito semelhante ao que esteve presente em Angola. É preciso conhecer alguma coisa sobre a sociedade moçambicana, sobre a história, sobre a cultura. Obviamente não se pode pedir aos livros de ficção que tragam todo esse conjunto de elementos. Em Terra Sonâmbula, o senhor diz, através do personagem Kindzu, que suas palavras são como grãos de areia e que esses grãosformarão páginas de terra. Em outro diálogo, personagem diz que “é bom fazer alguém sonhar”. O senhor é mais velho que seu próprio país, um Moçambique que ainda está em formação. Deque maneira sua literatura auxilia ou tenta vislumbrar um projeto de país? Não te vou dizer a minha literatura, acho que a literatura pode ter alguma função nessa invenção de um sentimento de nação, um projeto de nação. Uma das coisas que eu vejo que pode ser importante é o facto de que Moçambique resolveu de maneira cirúrgica o problema da memória da guerra. Nós tivemos uma guerra traumática de 16 anos, um milhão de mortos, e se tu fores a Moçambique hoje, ninguém fala mais nisso, não existiu, como se houvesse um apagamento, quer dizer, uma esponja que passou. Isso é um consenso silencioso que mostra que talvez seja uma melhor solução essa amnésia coletiva. Mas, por outro lado, é preciso pensar que esse tempo tem que ser nosso. Nós temos que resgatar esse tempo, não pode ser um tempo do esquecimento, temos que ter acesso. Se queremos, vamos lá. A literatura pode ser um convite para reduzir para esse tempo, sem o dedo culpabilizante de quem teve responsabilidade nas coisas. Acho que a literatura moçambicana está fazendo isso, está mostrando a História através das pequenas histórias, criando um sentimento de que essa história é bonita, que vale a pena ter essa história, mesmo que não seja muito verdadeira – nenhum país tem uma história completamente verdadeira. Nós [escritores moçambicanos] estamos criando aquilo que são os mitos fundadores da nação. Durante a ditadura militar perguntaram a Clarice Lispector qual era o papel do escritor, e ela disse que naquele momento era ficar calado. Em seus livros, há referências às guerras que aconteceram em Moçambique, e o senhor, por ocasião da invasão no Iraque, escreveu uma carta ao presidente Bush, na qual terminava dizendo que os países do terceiro mundo possuíam uma “arma de construção massiva: a capacidade de pensar”. Qual o papel de um escritor hoje, tendo em vista os conflitos mundiais que vemos renascer? Não sei se é o papel do escritor, mas o papel que eu quero manter é de alguma intervenção, minha própria história está ligada a isso. Não consegui nem farei isso de ficar indiferente às coisas que me convocam, e uma coisa que me convoca é esta espécie de estado de estupidificação que é passado em nome de certa ordem mundial. A escrita, não que seja uma coisa acima do mundo, mas não tem papel nenhum. Não por que ela não seja objeto de interesse, mas porque devia estar acima dessa pergunta funcional “serve para quê?”. O amor serve para quê? Uma característica sua é a criação de palavras. Até que ponto essas palavras são realmente novas, ou são uma captação daquilo que o senhor vê e ouve nas ruas e no interior de Moçambique? O senhor faz alguma avaliação para aplicar essa linguagem na literatura? Talvez grande parte dessas palavras para mim tenha surgido como sendo minhas, mas as palavras não são de ninguém. Ou elas estão dentro dos limites das possibilidades, das potencialidades da língua, ou não funcionam. Em alguns casos eu tenho sido surpreendido, por exemplo, uma amiga telefonou-me, dizendo: “estou aqui numa loja que vende mobiliário e está aqui uma palavra que poderia ser tua”, que era arrumário em vez de armário. A palavra tem uma lógica muito bonita, porque a gente usa o armário para arrumar. De facto, eu pensava que eu tinha inventado essa palavra, já tinha escrito isso em um livro meu, mas alguém usou também e acredito que quem usou não conhecia meus livros. Eu estou trabalhando numa lógica que ultrapassa a questão literária, uma lógica de povos que estão tomando o português como empréstimo, criando em cima desse português coisas que são da sua própria cultura. Isso cria uma espécie de baliza, há ali uma lógica que faz com que a palavra, mesmo não estando lá, seja uma palavra possível. É uma palavra mais do que inventada é uma palavra descoberta, como se houvesse um véu que está sendo retirado. Sobre a quebra da lógica, Roland Barthes, em Leçon, afirmou que a língua obriga a pensar de maneira “fascista”, faculta a liberdade, condicionando a pessoa a certa forma de pensamento e lógica. Como o senhor trabalha com essa luta contra esse poder da língua, quebrando a lógica que não seja só do português? Como “trapaceia” dentro da língua? Eu sou uma criatura privilegiada nesse ponto de vista, porque venho de uma cultura também européia. Uma parte de mim está ancorada naquela margem, e outra parte de mim está na outra margem, e eu posso fazer a ponte. Sinto que tenho essa possibilidade de fazer contrabando entre uma coisa e outra; me interessa realmente essa área furtiva, esquiva, em que as coisas às vezes se tocam. Não é uma promoção da língua em torno da maneira de olhar o mundo, as coisas estão muito misturadas. Por exemplo, agora ocorreu o caso da cobra cantadora, noticiado num jornal de Moçambique. Um colega foi lá e se fartou em discutir sobre o que era exatamente aquela cobra, que identidade tinha aquela criatura. Houve grande discussão, então, meu colega perguntou: “isto é ou não é uma cobra?”, e um homem disse: “Quase é, doutor, quase é.” O que me fascina é essa possibilidade de haver uma categoria chamada quase-ser. Este é o fascínio desta espécie de transgressão. Nós aprendemos que as coisas são ou não, é clara esta dicotomia única de uma coisa não ser e ser ao mesmo tempo. Uma coisa é e/ou não é. Há uma espécie de fresta nesta construção que mostra que há uma coisa que pode quase-ser. Esse é o caminho que me apercebi. Como o senhor engravida as palavras para materializar esse quase-ser? É resultado de um trabalho poético. A poesia foi o primeiro instrumento que eu tive para desarrumar o mundo, para perder familiaridade com a própria língua, perder familiaridade com a minha visão de mundo. Nesta capacidade de eu ser de repente estranho na minha própria casa e sentir-me estrangeiro nela. Essa habilidade de me poder distanciar e visitar as coisas como se elas fossem novas, como se eu de repente fosse criança, um menino chegando pela primeira vez no mundo. Acho que vai por aí, mas acho que tem que ser uma mistura de várias coisas. Outro autor que fez esse trabalho de campo, anotando experiências em cadernos, foi Guimarães Rosa, que o senhor conheceu por meio do escritor angolano Luandino Vieira. Em que medida sua obra tem influência ou ressonância de Guimarães? Que outros escritores o senhor tem como referência? O Guimarães foi uma iluminação para mim, uma descoberta importantíssima. Eu tinha feito já um livro, Vozes anoitecidas, em que eu me deparava com essa coisa do como é que eu vou escrever usando esta língua portuguesa herdada dos portugueses com uma estrutura, uma lógica, uma racionalidade e como esta língua pode contar as histórias que eu quero, como pode dar luz a esses personagens que vivem numa outra cultura. Luandino [Vieira] foi a primeira influência grande. Ele faz isso com o linguajar de Angola, particularmente dos subúrbios de Luanda. Depois, numa entrevista que Luandino deu, eu tomei conta de que existia um tal João Guimarães Rosa deste lado. Mas não tinha nenhuma maneira de chegar até ele, porque nós tínhamos a guerra e não havia coisas do Brasil circulando. Pedi a um amigo que me trouxesse um livro, trouxe Primeira Histórias. De facto, foi um momento mágico. A escrita do Guimarães Rosa está cheia não só desse trabalho de reconstrução de uma língua mais plástica, mas também há ali um convite para que a oralidade invada a escrita, numa espécie de transbordação daquilo que é a lógica da escrita, que se deixa ir por uma outra lógica. Acho que é mais do que um trabalho lingüístico-poético. É uma coisa que tem a ver com a fronteira entre a oralidade e a escrita, isso é que foi importante para mim. O senhor já manifestou afinidade com Manoel de Barros, autor que também foi adotado pelo vestibular, e sua “brincriação” da descoberta é similar. O que o senhor enxerga no universo pantaneiro dele que talvez se expressa por essas palavras descoberta? Manoel de Barros é também uma fascinação. Encontrei nele não só alguém que trabalha no domínio do verso o que Guimarães Rosa já vinha fazendo no domínio da prosa. Parece-me que aqui também há uma coisa interessante que eu noto no português do Brasil. É um português que está em luta consigo próprio, quer dizer, cria dinâmicas muita curiosas. Há coisas que vocês provavelmente não notam porque estão dentro do próprio edifício, mas muita coisa ficou do português arcaico, que em outros territórios de língua portuguesa teve outras evoluções. O Brasil está retrabalhando a língua portuguesa a um jeito que está acontecendo com outras culturas diferentes, não européias, outras línguas que estão pegando o português e dizendo “agora nós termos que imprimir neste corpo a marca da nossa alma”. Tem que haver um trabalho de namoro, que no caso de Manoel de Barros teve também a filosofia, não é só um trabalho lingüístico. Filosofia de resgatar a importância da pequena sujidade, da pequena coisa que não é nada, a importância do nada, da vulgaridade que pode ser um tesouro. Isso se encosta com uma coisa da minha vida, quando eu era menino e ia fazer os meus deveres de casa nos caminhos de ferro onde meu pai trabalhava – estação de trem como você dizem. Meu pai levava-me pela linha do trem a apanhar pequenas pedras, eram pedras que tinham cores especiais, brilho especial. Essa foi uma primeira grande lição de poesia para mim, porque havia guerra colonial, estava no meio de um mundo que se rasgava e, de repente, tinha meu pai como feito uma criança apanhando pequenas coisas que brilhavam no chão. No fundo venho reencontrar essa lição no Manoel de Barros. Conhece Graciliano Ramos? Tem alguma influência? Qual a influência de outros escritores brasileiros que não somente brincam com a língua, mas que também tenham oralidade? Sou mais marcado pela poesia, ainda hoje, penso-me poeta enquanto escrevo em prosa, contando história. De facto, Drummond de Andrade é um mestre, João Cabral de Melo Neto, também. Gosto muito de Adélia Prado, e Manoel Bandeira foi outra marca da experiência. AHá na poesia brasileira casou com a canção de uma maneira que nunca aconteceu em Portugal, por exemplo. A maneira como a língua passou a ser cantada passou a ser não só objeto de letra, mas de poesia. Casos como o de Vinicius de Moraes, Chico Buarque, etc., marcaram muito minha geração, quando todo mundo convidava a que não buscássemos a nossa própria língua porque era uma língua dita dos povos pequenos, uma língua da periferia. A língua grande era a língua inglesa, já naquela altura a cultura anglo-saxônica já estava nesse percurso que depois vai dar nisto que chamamos agora de globalização. Esta espécie de milagre de a gente de repente se apaixonar por uma coisa que sempre esteve dentro de nós, que é a língua que falávamos mesmo antes de nascermos, no fundo é a língua da poesia. Não estou a falar da língua portuguesa estou a falar desta outra coisa anterior a nós mesmos. Todo esse re-encantamento foi feito quase sempre por via de brasileiros. Claro, houve outros, como Luandino Vieira, portugueses, como Sofia de Melo Braga, que para mim foram importantes também. A estudiosa Cremilda Medina falava na década de 80 em se perseguir um registro mestiço da língua, assumindo as diferenças entre as línguas portuguesas e, desta forma, aprender a ser poliglota em português. Essa marca mestiça é um imperativo para a utopia da lusofonia? Faz-nos falta primeiro criar essa comunidade. Eu não sei o que vamos fazer no mundo, provavelmente o mundo nem sequer está a pensar que nós [moçambicanos] temos algum lugar nele. [É preciso saber] o que pode ser nosso lugar, como alguém que diz “olha, nós resistimos e temos alguma coisa para dizer”. Isso que temos para dizer não sabemos o que é, estamos procurando. É qualquer coisa que a gente só pode fazer quando, primeiro entre nós, nos reconhecermos parceiros nessa caminhada. Não vejo outra hipótese. Uma habilidade que nós temos, que nos foi conferida pela história, é, realmente, certa apetência, certo gosto pela mistura. Não nos faz grande questão nos entregarmos a um outro que tenha diferenças e criar certo caldeirão de mestiçagem. Podemos dizer aos outros que nós fomos e somos felizes exatamente porque temos essa disponibilidade para ter vários sotaques, várias colorações de pele, várias maneiras de ser. O que nós queremos estar a dizer ao mundo é: “olha, nós não temos medo de não ter identidade. Nossa identidade não sabemos qual é. É uma identidade em viagem. É uma identidade de descoberta cíclica.” [Alguém pode] estar aflito por saber como são os brasileiro, o que é uma coisa tipicamente brasileira. Impossível encontrar alguma uma coisa chamada tipicamente brasileira, mas é ótimo porque nós não temos medo de não ter isto, de não ter este chão. Há alguns que têm medo, há gente que foi preparada historicamente para ter uma diferença clara do ponto de vista de que “isto aqui é tipicamente nacional e é isto que nós vamos entregar ao mundo”. Nós temos a grande essa vantagem de não saber o que temos, não é? Essa lusofonia, que o senhor já chamou de “lusofolia”, é uma utopia, uma demagogia pós-colonial, um projeto humanístico exeqüível? O que é uma comunidade lusófona? Como ela se materializa? Eu não sei. Tenho minha idéia sobre isto, reconheço que existem projetos de lusofonia que são orientados politicamente por alguma coisa que não é essa utopia que eu gostaria de viver. Mas qualquer que seja a idéia que temos de lusofonia deve ser inventada, tem que ser construída a partir de laços que já existem. Há uma relação que não é muito recíproca: o cidadão comum moçambicano, mesmo que não tenha muita escolaridade, sabe o que é o Brasil. Ele conhece alguma coisa do Brasil, mesmo que tenha uma visão distorcida ou que seja um receptor desta imagem de exportação que o Brasil faz de si mesmo. O moçambicano conhece cantores, tem referências sobre literatura brasileira, conhece, sobretudo, as novelas, tem uma idéia do que é o Brasil e uma idéia do pertence, quer dizer, do fato de que “eu podia ser brasileiro”. Esta coisa do “nós podíamos ser”. Eu aqui em São Paulo, quando circulo na rua, de vez em quando penso “eu podia ser brasileiro também” – teria que mudar um pouco meu sotaque. O sentido do pertence, a maneira como nós podemos nos incorporar neste espaço é algo que está aqui, não é inventado, é real. Aqui, qualquer coisa criou uma espécie de sentimento de partilha, acho que é como devia ser cultivado, principalmente no momento em que corremos um certo risco de que o futuro seja algo que só se escreve em inglês. Há contrapontos de resistência a certa hegemonia, e podíamos caminhar por esta família, por esta constelação A professora Cremilda Medina definiu a língua como chave coletiva, e o senhor procura não destacar sua qualidade como escritor para operar como coletor de pedrinhas dentro de seu país. Como asfaltar coletivamente a estrada marítima do projeto não só literário, mas também humanístico da Lusofonia? Para dizer a verdade, não sei, não sei. Minha primeira questão é saber como poderá existir minha lusofonia no meu próprio país. Meu país não é um país lusófono, a maior parte dos moçambicanos não fala português. Quando falarem, provavelmente, será a custo de alguma coisa que não será muito bonita. Essa é a primeira grande questão para mim, em vez de pensar nesta família largada. A questão que para mim se coloca como alguma coisa que eu penso muito é de que maneira os moçambicanos poderão ter uma coisa qualquer parecida com a sua lusofonia. Só depois disso, eles saberão como chegar até os outros lusófonos, dizendo “nós estamos aqui, nós construímos. A nossa esperança de construir um instrumento comum, um veículo de comunicação lingüístico foi esta. Então, estamos preparados para trocar experiências”. Como é que vamos fazer em um nível mais elevado. Oficializar a língua portuguesa é um fator ambíguo? Há um limite tênue que desprestigia as línguas que os moçambicanos aprendem desde pequenos com seus pais, através de um projeto de coesão nacional? Isso não causa um esfacelamento no país? É profundamente ambíguo, não tem solução. Teria uma solução num quadro ideal em que as línguas todas conviveriam e seriam acarinhadas por um projeto do Estado. Mas isso não é viável, nem sequer financeiramente é viável. Então, eu não vejo solução. Infelizmente será um projeto hegemônico, com violência. Línguas vão ser preteridas, escandalizadas, viverão na sombra com tudo o que se tem de prioritárias. Depois, se vai hierarquizar culturas e regiões dentro de Moçambique. A questão é essa, para se ter um país com nome, bandeira, símbolos, etc., de maneira moderna, não vejo muito a hipótese desses governos respeitarem um processo de aceitação da diversidade. Teria que haver um Estado com a capacidade de criar, de acarinhar as línguas dos nativos de Moçambique, sabendo que são mais de 20. Isto é muito complexo A Isabel Allende, quando recebe uma carta, tentar descobrir pelo volume em que língua está escrita. Existe uma índole ou natureza da língua, por exemplo, o inglês é mais preciso, o francês mais prolixo Não sei se isso é verdade. Tenho tido surpresas que mostram que essas idéias feitas sobre as línguas quase nunca funcionam exatamente, por exemplo, o português mais apto para nostalgia e o inglês mais apto para a tecnologia. Encontro nisto surpresas enormes. Para mim, por uma questão de preconceito, o alemão seria uma língua rígida, áspera, que não se ateria nesse jogo de invenções, e percebi afinal que a língua alemã tem uma ginástica, uma possibilidade de se reconstruir por justaposição de palavras, como se fosse um jogo de Lego. Para mim, foi uma enorme surpresa, de tal maneira que algumas vezes nas traduções em alemão o leitor não se apercebe que ali está uma palavra que foi encontrada por via literária, porque está dentro do jogo lingüístico natural do alemão. Em vários outros momentos, me apercebo que não se pode dizer que o português seja especialmente qualquer coisa, o que difere são os percursos históricos.
O português hoje é uma língua que tem uma dinâmica muito particular, isto é verdade, mas não é por que ela tenha uma índole especial qualquer, mas porque ela teve um percurso histórico. Aconteceu uma coisa no Brasil, um caldeirão de culturas com a presença de escravos, portugueses e vários outros europeus que tiveram influência num português que hoje aqui se vai criando. Por faltar ausência de nome, alguns lingüistas ficaram aflitos. A ausência de nome pode ser, num certo momento, uma coisa ótima porque permite digressões, e isso no vosso caso aconteceu. Depois vem a ganhar gostos dos povos africanos também, então está aqui uma história particular recente que está ainda a acontecer. No caso de Moçambique, há milhares de pessoas, todas tomando contacto com a língua portuguesa a partir de dentro, tentando que ela passe de uma língua oficial para uma língua da cultura, dos sentimentos. Isso é um namoro que está sendo operado no profundo, coisa que o francês e o inglês nas colônias africanas não fez tão profundamente. Agora daqui se pode dizer que o português é uma língua mais rápida para mestiçagem? Não, ela simplesmente foi um elemento de uma história diversa. Por: Fabio Salem, Nivaldo Souza, Rodrigo Antonio, Rodrigo Turrer e Thais Arbex Pinhata