12 de maio de 2018

Moçambique: Paleontólogo português descobre maior floresta fossilizada de África



O português Ricardo Araújo e dois paleontólogos moçambicanos anunciaram a descoberta da mais extensa floresta fossilizada do continente africano


O paleontólogo português Ricardo Araújo e dois colegas moçambicanos anunciaram hoje a descoberta, província de Tete, em Moçambique, da mais extensa floresta fossilizada do continente africano e do período Pérmico, com cerca de 250 milhões de anos.

“Esta descoberta contribui para o conhecimento de como eram as florestas num período imediatamente antes à extinção de mais de 95% da vida na terra, em que os ecossistemas ficaram totalmente destruídos”, disse à Lusa Ricardo Araújo, paleontólogo do Instituto Superior Técnico e do Museu da Lourinhã.

A descoberta é considerada surpreendente para a comunidade científica, uma vez que foram encontrados “troncos fossilizados de grandes dimensões e densamente povoados ao longo de mais de 75 quilómetros”, adiantou, dando o exemplo de “troncos de mais de 12 metros de altura, o que quer dizer que as árvores teriam o triplo da altura, e com dois metros de diâmetro”.

Moçambique: Mia Couto ataca a Frelimo em Pleno Encontro dos Camaradas



Mia Couto diz que partido no poder aborda alguns temas de forma superficial por isso os problemas nunca são resolvidos

Mia Couto esteve igual a si mesmo. Falou de peito aberto perante os “camaradas”. Diz que o partido no poder aborda alguns temas de forma superficial, por isso, os problemas nunca são resolvidos. Aponta como exemplo a distribuição da terra, que se diz ser propriedade do Estado e que não deve estar à venda, mas que a realidade mostra o contrário. Para o escritor, a terra é, sim, vendida no país e o partido no poder não deve tapar a vista diante deste facto. “Aqui é preciso não só corrigir, como também repensar a relação que o partido Frelimo tem com o fenómeno da urbanidade, da modernidade. Há dificuldades de lidar com essa complexidade. E essa dificuldade está bem patente, porque a Frelimo já perdeu três das quatro maiores cidades do país”, lembrou Couto, alertando que o partido no poder não deve tratar as pessoas apenas como eleitores, mas como cidadãos.

Mia Couto: "Paz em Moçambique deveria ser mais debatida"




O escritor moçambicano Mia Couto defende um debate mais alargado sobre a paz, não só entre os políticos mas também na sociedade civil. Em entrevista à DW África, fala ainda sobre os escândalos de corrupção no país.

Os moçambicanos vivem ainda uma paz com prazo de validade. O Governo moçambicano e o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), acordaram em cessar as hostilidades até 4 de maio. Esta é a terceira trégua consecutiva, algo que alimenta as esperanças dos moçambicanos numa paz definitiva.

Durante a Feira do Livro de Leipzig, que terminou a 26 de março na Alemanha, a DW África falou com o escritor Mia Couto sobre a situação política, o combate à corrupção e a falta de transparência em Moçambique.

Mia Couto: Moçambicanos estão a pagar preço "desumano" por conflito



O que é preciso fazer para pôr fim ao conflito entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO? O escritor moçambicano Mia Couto considera que as duas partes têm de fazer cedências para chegar a um entendimento, em nome do povo.

"O ambiente em Moçambique padece de uma certa doença esquizofrénica", afirma o autor em entrevista à DW África. "A RENAMO está representada no Parlamento, tem colocado questões às vezes muito pertinentes em relação à construção de soluções ou alternativas para a gestão do país. Agora, não se pode aceitar em nenhum lado do mundo que um partido discuta coisas no Parlamento e depois fora dele usa armas para combater o Governo", defende.

Tal como todos os moçambicanos, Mia Couto não deseja viver os horrores de uma nova guerra civil em Moçambique. Por isso, recomenda que o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) façam cedências para chegar a um acordo, de modo a pôr fim às hostilidades.

Opinião – Os pecados de Mia Couto



Anda por aí a solta uma verborreia canina contra o Mia Couto. Foi parida na geringonça da Renamo. O Mia anda a cometer pecados e devia se expiar extenuamente. Ele não aproveitou a semana santa para essa empreitada porque decidiu fazer uma ponte… entre a escrita e a sua paixão pela biologia.

O Mia é um traidor. Primeiro porque nasceu branco. Não devia. Depois, por ter um irmão chamado Fernando Amado Couto que, como se sabe, tem uma aliança empresarial com o general Chipande, que hoje está no centro do poder em Moçambique. Esse laço de sangue é uma fatalidade. O Mia devia se desunir do Amado Couto.

O grande pecado foi ele ter criticado essa propensão da Renamo para a chantagem política. Que é recorrente desde as eleições de 1999, quando, na sequência delas, a Frelimo começou a acarinhar financeiramente o líder da Renamo para amainar as suas tentações disruptivas. Tal como o Mia, são muitos os moçambicanos que discordam da natureza eternamente bélica da luta politica da Renamo. Por isso, o escritor que mais exporta a cultura moçambicana está a ser vexado, vilipendiado num chorrilho de insultos por ter usado a sua liberdade de expressão.

Moçambique vive "uma colonização mental"- Mia Couto



Maputo, 10 jun (Lusa) - O escritor moçambicano Mia Couto defende que, quarenta anos depois da independência, Moçambique vive uma "colonização mental", considerando urgentes e necessárias ideias que respeitam a realidade e a diversidade cultural do país.

"Nós ainda somos muito colonizados mentalmente e olhamos para a Europa como ponto de referência. Estamos sempre a pensar no nosso comportamento em função do outro", disse em entrevista à Lusa Mia Couto, por ocasião das comemorações dos 40 anos da independência do país.

De acordo com escritor moçambicano, são frequentes em Moçambique discursos de emancipação económica e política, mas, na verdade, os moçambicanos ainda precisam libertar-se dentro do seu próprio pensamento.

"Fala-se muito na emancipação, na libertação económica e política, mas o que é realmente urgente e necessário é criarmos um pensamento que seja fundado na realidade moçambicana, que é diversa", declarou Mia Couto.

Mia Couto, o canto magnético de Moçambique (por Sébastien Lapaque)



Testemunha engajada da independência de Moçambique, em 1975, e da guerra civil que se seguiu a ela, o grande escritor Mia Couto apropria-se do português para reinventá-lo. Como se o trabalho com a língua lhe permitisse oferecer aos seus concidadãos uma renovação do mundoSébastien Lapaque

Branco e moçambicano, Mia Couto, nascido em 5 de julho de 1955 em Beira, na margem do Oceano Índico, é biólogo de profissão e “escritor nas horas vagas”. Quando se evoca um escritor africano, imaginamos geralmente que este compõe suas obras em inglês, como o nigeriano Wole Soyinka e a sul-africana Nadine Gordimer, em francês, como o marfinense Ahmadou Kourouma, ou ainda em árabe, como o egípcio Alaa Al-Aswany…