19 de agosto de 2018

Figuras da ditadura na toponímia de 78 concelhos. São 15 as ruas em Portugal com o nome de Salazar




Recurso à base de dados dos CTT permite perceber em que dimensão a memória das principais figuras do Estado Novo permanece no espaço público. Há 15 ruas com o nome de Salazar.


Quarenta e quatro anos após o fim da ditadura em Portugal, as figuras principais do regime mantêm-se presentes em ruas de pelo menos 78 concelhos do país e 15 delas têm o nome de Salazar. Entre ruas, largos, praças, avenidas, parques, travessas, pracetas e becos, mais de uma centena de topónimos associados a protagonistas do Estado Novo permanecem no espaço público, sobrevivendo à iniciativa de apagar, após o 25 de Abril de 1974, a ideologia política e as memórias dos 41 anos de ditadura, de acordo com a base de dados dos CTT facultada à Lusa.

Portugal: Estado Novo marcou arquitectura que mantém viva a estética do poder



Desde a Ponte 25 de Abril, batizada "Ponte Salazar" quando foi inaugurada, e mudou de nome com a revolução, em 1974, até ao Estádio Nacional do Jamor são muitas as obras arquitectónicas do regime que continuam "vivas"


O Estado Novo deixou marcas do regime e da estética do poder na arquitetura do país, em pontes, universidades, estádios e monumentos que guardam a memória da época da ditadura, alguns deles ainda hoje muito visitados.

Desde a Ponte 25 de Abril, batizada "Ponte Salazar" quando foi inaugurada, e mudou de nome com a revolução, em 1974, até ao Estádio Nacional do Jamor, que continua a receber todos os anos a final da Taça de Portugal, são muitas as obras arquitetónicas

Obra marcante do Estado Novo, a Ponte 25 de Abril foi projetada pelo Gabinete de Engenharia de Nova Iorque Steinman, Boynton, Gronquist & London com a intervenção do Gabinete da Ponte sobre o Tejo e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

O sonho de Salazar para Portugal continua actual, conclui investigador Moisés de Lemos Martins



Um professor da Universidade do Minho estudou os discursos de Salazar e conclui que o seu imaginário permanece, de certa forma, no imaginário contemporâneo.

Trinta anos depois de estudar os discursos de Salazar, que traduzem o desejo de uma nação de figura maternal a sonhar por um império, as conclusões do investigador Moisés de Lemos Martins mostram um imaginário que permanece actual.

Por se manter actual, a editora Afrontamento publicou a 2.ª edição do livro “O Olho de Deus no Discurso Salazarista”, que reproduz a tese de doutoramento defendida por Moisés de Lemos Martins na Universidade de Ciências Humanas de Estrasburgo, em 1984.

O que o agora professor catedrático da Universidade do Minho fez foi estudar os discursos de Salazar, para tentar compreender a questão: por que razão o regime salazarista durou tanto tempo?

"O Portugal rural de Salazar transforma-se nas colónias num Portugal urbano" (Diana Teixeira)



Como construir nos trópicos em ditadura? Há uma espécie de projecto megalómano em África, de que a arquitectura e o urbanismo são entidades catalisadoras, quando as independências já tinham começado nas outras potências colonizadoras. “Como é que um país pobre, atrasado desenvolve, em paralelo, um esforço de instalação num território fora do seu perímetro?”, é uma das perguntas que Ana Vaz Milheiro explorou no seu novo livro.

Nos Trópicos sem Le Corbusier, novo livro de Ana Vaz Milheiro, é retratada a arquitectura colonial pública, que junta técnicas essenciais às condições meteorológicas e elementos que remetem para a metrópole, conferindo aos edifícios uma certa portugalidade nos territórios ultramarinos.

Moçambique: Lourenço Marques Cidade Portuguesa do Índico