É um dos acontecimentos editoriais do ano, esta correspondência entre um monárquico paradoxal a quem o Cardeal-Patriarca chamava “escritor perigoso” e o inquilino de S. Bento.
Abrange uma das mais extensas correspondências privadas que se conhece de Salazar, pois abarca fundamentalmente o período de 1936 a 1950. Alfredo Pimenta foi um dos mais temíveis polemistas do seu tempo. Personalidade contraditória, conceituado medievalista, católico tradicionalista, uma das maiores vítimas da censura criada pelo político que ele tanto admirava, apaixonado pela política nazi, verrinoso e sempre a indispor-se com toda a gente, assumiu-se publicamente como um dos apoiantes incondicionais de Salazar e confessa-o nesta extensíssima correspondência que é de leitura obrigatória para melhor para melhor compreender o consulado do professor de Direito Económico que veio “salvar” as finanças no tempo da ditadura militar (Salazar e Alfredo Pimenta, Correspondência 1931-1950, Prefácio Manuel Braga da Cruz, Verbo 2008).