26 de abril de 2020

Moçambique: Samora Machel Portou-se Como Estaline em Relação à População Branca Portuguesa (José Milhazes, 2009)



Samora Machel portou-se como Estaline em relação à população branca portuguesa


Diplomatas soviéticos que deram início às relações diplomáticas entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a República Popular de Moçambique criticam a política realizada por Samora Machel face à população portuguesa branca, sublinhando que, nesta área, o Presidente moçambicano se comportou de forma semelhante ao ditador soviético, José Estaline.

“De forma dura, como Estaline, Samora Machel tratou os portugueses que viviam em Moçambique. Muitos deles receberam com entusiasmo os combatentes pela independência quando entraram em Lourenço Marques e estavam prontos a cooperar de todas as formas com a Frelimo”, escreve Piotr Evsiukov, primeiro embaixador soviético em Moçambique, em “Memórias sobre o trabalho em Moçambique”.

“Não obstante, também aqui se revelou o extremismo de Samora Machel. Ele apresentou condições tais de cidadania e residência aos portugueses em Moçambique que eles foram obrigados, na sua esmagadora maioria, a abandonar o país... Com a fuga dos portugueses, a economia de Moçambique entrou em declínio”, recorda ele.

Piotr Evsiukov recorda que Machel era um convicto admirador de José Estaline.

Angola: Contributo Para a História (José Milhazes, 2009)


A União Soviética viu com bons olhos a audiência que o Papa Paulo VI concedeu aos dirigentes dos movimentos de guerrilha em Angola, Guiné e Moçambique, em Junho de 1970, considerando a iniciativa um duro golpe no regime salazarista.

“Tratou-se de um duríssimo golpe no ditador de Portugal, Salazar, e no ramo português da igreja católica que apoia a guerra dos colonizadores nas colónias”, escreveu nas suas memórias Piotr Evsiukov, antigo alto funcionário da Secção Internacional do Partido Comunista da União Soviética e um dos responsáveis pela política soviética em relação às colónias portuguesas.

Piotr Evsiukov, que foi também embaixador soviético em Moçambique após 1975, considerou que essa audiência foi um dos factores fundamentais do êxito da Conferência Internacional de Apoio aos Povos das Colónias Portuguesas, realizada em Roma entre 27 e 29 de Junho de 1970.

“Primeiro, a política de Portugal, país-membro da NATO, foi sujeita a uma dura crítica. Segundo, na conferência participaram Agostinho Neto do MPLA, Amílcar Cabral do PAIGC e Marcelino dos Santos da FRELIMO, que também foram recebidos pelo Papa Paulo VI no Vaticano”, escreveu o diplomata soviético nas suas memórias.

Império Colonial Português: Contributo para a História (José Milhazes, 2009)


Encontrei um artigo curioso sobre “As ambições coloniais polacas nos anos 30 do séc. XX” em países como o Brasil e em colónias portuguesas como Angola e Moçambique. Não sei se este tema é conhecido dos historiadores brasileiros e portugueses, por isso deixo aqui um resumo do mesmo.

O artigo foi publicado no jornal electrónico regnum.ru por I.Gavrilov.

“...Em Fevereiro de 1928, sob a direcção do antigo consul polaco em Curitiba (Brasil), Kazemir Gluhovski, foi criada a União dos Pioneiros Coloniais (Zwiazek Pionerow Kolonialnych), cujo objectivo era a propaganda do domínio pela Polónia de colónias ultramarinas. No mesmo ano, essa União passou a fazer parte da Liga Zeglugi Polsiej (Liga Marítima Polaca), que, em 1930, passou a chamar-se Liga Morska i Kolonialna (LMK, Liga Marítima e Colonial). Não se tratou apenas de uma mudança de nome, mas uma mudança de política: no programa da organização aprovado no primeiro congresso, em Outubro de 1928, já tinham sido incluídos artigos sobre que a organização iria lutar pela aquisição de colónias por parte da Polónia, mas, agora, tratava-se da realização prática desse programa...”.

...”A imprensa russa e a direcção da LMK compreendia de várias formas o “colonialismo”.

Moçambique: Contributos Para a História (José Milhazes, 2007)



Para os que se interessam pelo tema das relações entre a União Soviética e Moçambique e não sabem ler russo, publico aqui um trecho de um livro com dados relevantes. 

“Rússia (URSS) nas guerras da segunda metade do séc. XX”. M., Triada-farm 2002. Pág. 402-407

Luta armada do povo de Moçambique pela liberdade e a independência (1965-1979)

Moçambique foi uma colónia (território ultramarino) de Portugal. Grupos de políticos nacionais do país, que consideravam ser necessário conseguir a independência do domínio estrangeiro, começaram a formar-se nos anos 30. Mas a luta armada começou apenas em 1965, quando um destacamento de guerrilheiros armados até um posto português.

Nessa altura, já existiam várias organizações políticas, que tinham como objectivo a independência da pátria dos colonizadores portugueses. As mais fortes entre elas eram a COREMO e FRELIMO. As suas sedes encontravam-se em Lusaca (Zâmbia) e na Argélia, mais tarde, na Tanzânia.

A União Soviética começou a prestar apoio à FRELIMO praticamente desde o momento da sua formação. Nos primeiros tempos, prestava apoio financeiro e ajuda na preparação de quadros políticos e militares.