Lyon, 28 Abr (Lusa) - Durante mais de duas horas, de pé, dando mostras de uma vitalidade extraordinária, Otelo Saraiva de Carvalho falou a uma plateia de 50 pessoas em Feyzin, França, sobre a história da ditadura portuguesa e as motivações dos capitães que realizaram o 25 de Abril.
O ex-dirigente do MFA voltou a sublinhar que até ao 25 de Abril nunca tinha "ouvido falar de Álvaro Cunhal" e que os civis (os partidos políticos), não foram envolvidos no derrube da ditadura para não comprometer as hipóteses de sucesso da acção militar.
Do descontentamento dos oficiais em relação à guerra em África, ao papel da CIA no 25 de Novembro, o antigo dirigente do MFA transmitiu ao público, com entusiasmo e minúcia, a orquestração do golpe militar e os momentos-chave da revolução de Abril, sem esquecer o papel dos emigrantes na história da ditadura portuguesa.
"Salazar fechava os olhos à saída das pessoas para os Estados Unidos, o Canadá, a Suíça, a Alemanha e a França porque precisava das remessas dos emigrantes para a guerra", disse
A mesa-redonda decorreu no Centro Leonard de Vinci, em Feyzin (Lyon, França).
Otelo Saraiva de Carvalho deslocou-se ao local a convite da Associação Cultural dos Portugueses de Feyzin, em parceria com o Instituto Camões, o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra e o Instituto de Língua e Cultura Portuguesa (Lyon).
Na mesma sala, foram inauguradas três exposições sobre o 25 de Abril trazidas pelo Instituto Camões e pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.
Fonte: Expresso, 27 de Abril de 2008