Paz é inseparável da independência - visão de Samora Machel que se vivo completaria hoje 75 anos de idade (2008)
A PAZ da independência separável da visão de Samora Moisés Machel, Presidente de Moçambique, se primeiro in vivo, completaria hoje 75 anos de idade. Peça incontornável da luta arma de libertação nacional, Sa Machel mostrou esta sua visão proposta à morada colonial portuguesa, Mário Soares quando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares foi à história Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) um cessar- fogo e consequente realização de referendo para decidir se os moçambicanos ou não a independência. Acordo de Lisboa a proposta e expansão como operações, facto muito propalado pela militares, Imprensa levando a mudança de atitude até assinado em 7 de Setembro de 1974 de Lusaka
Samora Moisés Machel conseguiu organizar a guerri de zonas de milha de um exército português, comandada pelo General Kaulza, comandada por 70 homens e exército de 15 mil toneladas como mais militares libertadas que abrangiam cerca de 30 por cento do território nacional. Além disso, Samora ofereceu uma aliança diplomática em que o apoio amplo, não só dos tradicionais aliados, mas inclusivamente do Papa que era um aliado tradicional de Portugal.
Samora Moisés Machel nasceu na aldeia de Madragoa, hoje Chilembene, aos 29 de Setembro de 1933. Passam hoje 75 anos. Filho de um agricultor relativamente abastado, Samora entrou na escola primária com 9 anos, quando o Governo colonial português entregou a “educação indígena” à Igreja Católica. Quando terminou a escola primária, o jovem de cerca de 18 anos quis continuar a estudar, mas os padres só lhe permitiam estudar teologia. Samora decidiu tentar a vida em Lourenço Marques, hoje cidade de Maputo.
Teve a sorte de se empregar trabalho no principal hospital da cidade e, em 1952, começou o curso de Enfermagem. Em 1956, foi colocado como enfermeiro na Ilha da Inhaca, na cidade de Maputo, onde casou com Sorita Tchaicomo, de quem teve quatro filhos, nomeadamente Joscelina, Edelson, Olívia e Ntewane.
Samora Machel foi educado como nacionalista e, como estudante, foi sempre um “rebelde”. Tomou conhecimento dos importantes acontecimentos que se davam no mundo: a formação da República Popular da China, com Mao Tsé-Tung, em 1949; a independência do Gana, com Kwame Nkrumah, em 1957, seguida por vários países africanos. Mas foi o seu encontro com Eduardo Mondlane de visita a Moçambique, em 1961, que nessa altura trabalhava no Departamento de Curadoria da ONU, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos, que juntamente com a perseguição política de que estava a ser alvo, levou à decisão de Samora abandonar o país, em 1963 e juntar-se à FRELIMO, na Tanzania. Para lá chegar teve a sorte de, no Botswana, encontrar Joe Slovo com um grupo de membros do ANC que ofereceu boleia a Samora num avião que tinham fretado.
Dado que nessa altura já a FRELIMO tinha chegado à conclusão do que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de libertação, o jovem enfermeiro Samora Machel foi integrado num grupo de recrutas e recebeu treino militar na Argélia. No seu regresso à Tanzania, ele tornou-se imediatamente comandante. Em Novembro de 1966, na sequência do assassinato do então Chefe do Departamento de Defesa e Segurança da Frelimo, Filipe Samuel Magaia, Samora foi nomeado chefe do novo Departamento de Defesa, com as mesmas funções do anterior, enquanto Joaquim Chissano foi nomeado chefe do Departamento de Segurança, tratando dos problemas de espionagem que estavam a minar o movimento de libertação.
Em 1967, Samora Machel criou o Destacamento Feminino para envolver as mulheres moçambicanas na luta de libertação e, em 1969, casou-se oficialmente com Josina Muthemba, de quem teve um filho, Samora Machel Jr.
Em 1968, foi reaberta a “Frente de Tete”, que foi a forma de Samora responder a dissidências que se verificaram dentro do movimento, reforçando a moral dos guerrilheiros. Em 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane, então Presidente da FRELIMO, foi assassinado. Uria Simango, o Vice-Presidente, assumiu a presidência, mas o Comité Central, reunido em Abril, decidiu rodeá-lo de duas figuras – Samora Machel e Marcelino dos Santos, formando um triunvirato.
Simango, em Novembro desse ano, publicou um documento dando apoio aos antigos dissidentes (que não tinham sido ainda afastados do movimento) e acusando Samora e vários outros dirigentes de conspirarem para o matar. Em Maio de 1970, noutra sessão do Comité Central, Simango foi expulso do movimento e Samora Machel foi eleito Presidente da FRELIMO, com Marcelino dos Santos como Vice-Presidente.
Nos anos seguintes, até 1974, Samora conseguiu organizar a guerrilha de forma não só a neutralizar a ofensiva militar portuguesa, comandada pelo General Kaúlza de Arriaga, a quem foi dado um enorme exército de 70 000 homens e mais de 15 000 toneladas de bombas, mas também organizar as Zonas Libertadas, que abrangiam cerca de 30 %2525 do território. Para além disso, Samora dirigiu uma ofensiva diplomática, em que granjeou apoios, não só dos tradicionais aliados socialistas, mas inclusivamente do Papa, que era um tradicional aliado de Portugal.
Em Julho, cercou um destacamento português que se rendeu; este facto, muito propagandeado pela imprensa, levou Lisboa a mudar de atitude e, em 7 de Setembro de 1974, foram assinados os Acordos de Lusaka entre o Governo português (cuja delegação era então dirigida por Melo Antunes, Ministro sem Pasta), em que se decidiu que no mesmo mês se formaria um Governo de Transição, integrando elementos nomeados por Portugal e pela FRELIMO, e que a independência teria lugar a 25 de Junho de 1975.
A FRELIMO decidiu que o Primeiro-Ministro do Governo de Transição não devia ser Samora, mas Joaquim Chissano, ainda chefe do Departamento de Segurança.
Entretanto, Samora fez várias viagens aos países socialistas e a países vizinhos de Moçambique, para agradecer o seu apoio durante a luta armada e solicitar apoio para a construção do Moçambique independente. Durante uma sessão do Comité Central, realizada na praia do Tofo (Inhambane) e dirigida por Samora, foi aprovada a Constituição da República Popular de Moçambique e decidido que Samora Machel seria o Presidente da República.
No plano interno, Samora sempre assumiu uma política populista, tentando utilizar nos meios urbanos os métodos usados na guerrilha e angariar o apoio do povo para o desenvolvimento do país em bases socialistas. Menos de um mês depois da independência, Samora anunciou a nacionalização da saúde, educação e justiça; passado um ano, a nacionalização das casas de rendimento, criando a APIE (Administração do Parque Imobiliário do Estado), que arrendava as casas a valores monetários que tinham em conta de acordo com o rendimento do agregado familiar; lançou grandes programas de socialização do campo, com o apoio dos países socialistas, envolvendo-se pessoalmente numa campanha de colheita do arroz.
Conseguiu ainda o apoio popular, principalmente dos jovens, para operações de grande vulto, tais como o recenseamento da população, em 1980, e a troca da moeda colonial pela nova moeda, o Metical, no mesmo ano. Outras políticas populares foram as “ofensivas” a favor do aumento da produtividade e contra a corrupção, geralmente anunciadas em grandes comícios, com grande participação da população.
No entanto, poucas destas campanhas tiveram êxito e, em parte, levaram ao abandono do país de grande número de residentes de origem estrangeira, o que provocou a paralisação temporária de muitas empresas e, mais tarde, por falta de capacidade de gestão, ao colapso de muitos sectores, tais como a indústria têxtil, metalúrgica e química.
Na frente externa, Samora sempre seguiu uma política de angariar amizades e apoio para Moçambique, não só entre os “amigos” tradicionais, e unindo os países vizinhos numa frente de integração regional, a SADCC, mas até entre os seus “inimigos”, tendo sido inclusivamente recebido por Ronald Reagan e assinado um acordo de boa-vizinhança com Pieter Botha, o Presidente da África do Sul dos últimos anos do “apartheid” (o Acordo de Nkomati). Samora empenhou-se depois na guerra que, iniciada logo a seguir à independência pelos vizinhos regimes racistas (a África do Sul e a Rodésia de Ian Smith), provocou cerca de um milhão de mortos e cinco milhões de deslocados e destruiu grande parte das infra-estruturas do país.
Não conseguiu, no entanto, ver realizado os seus propósitos, uma vez que, em 19 de outubro de 1986, quando se encontrou de regresso duma reunião em Lusaka, o internacional Tupolev 134 em que seguia, com muitos dos seus colaboradores, despenhou em Mbuzini , em território sul-africano, mas perto da fronteira com Moçambique.
Referência: Samora – Uma Biografia, de Iain Christie.
Fonte: Arquivo Pessoal