O presidente do MDM, Daviz Simango, considerou esta quinta-feira que o país cometeu “erros graves” com o branqueamento da sua história, reescrita segundo a agenda do Governo, e defendeu a “inclusão de heróis” com títulos “negados”.
Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, Daviz Simango disse que a classificação de moçambicanos, como "reacionários, contra reacionários e traidores", excluiu muitos que lutaram pela independência do panteão de heróis nacionais, considerando tratar-se de “uma ação discriminatória que divide os moçambicanos”, que se torna num travão real aos esforços para a reconciliação.
“Se não reconhecermos a heroicidade e a moçambicanidade dos outros jamais haverá reconciliação”, precisou Daviz Simango, em nota alusiva aos 40 anos da independência de Moçambique, que hoje se celebram e divulgada na página do partido na rede social Facebook.
Simango disse ser obrigatório proceder a uma reflexão profunda sobre o trajeto percorrido para, defendeu: “sermos capazes de identificar quais são as causas dos atrasos que teimam em verificar-se na esfera social, política, económica, e cultural" de Moçambique.
“É tempo de aclararmos de forma aberta e inequívoca de que o projeto de construção de Moçambique forte, sólido, democrático, solidário e justo tem sofrido fortes revezes devido a uma série de causas”, declarou Daviz Simango, insistindo que a "postura de açambarcamento" do país por um grupo de moçambicanos e intolerância política retarda o desenvolvimento.
“Quando se procura encontrar as causas da discórdia que ameaça a paz e a estabilidade em Moçambique, chocamos sempre com a intolerância política como causa primeira”, disse, defendendo ser necessário “assumir que a independência foi fruto de sacrifícios consentidos por milhões de moçambicanos”.
O MDM, frisou, quer participar do processo político nacional trabalhando numa visão de descodificar a situação que cada vez mais ganha contornos preocupantes, em alusão à “reabilitação dos heróis dos outros” e a gestão da crise pós-eleitoral.
“A ofensiva mediática de entrevistas com personalidades nacionais que participaram na gesta independentista é importante mas peca por não trazer a opinião de outros moçambicanos que também participaram na luta pela independência nacional”, concluiu.
Lusa, 26 de Junho de 2015