Um dos problemas que afecta o Governo moçambicano é a mania de atribuir as suas falhas aos outros. Os governantes moçambicanos são verdadeiros especialistas em apontar os culpados, e nunca em procurar solução. Procuram sempre bodes expiatórios para responsabilizar pelos seus erros, fracassos e até mesmo a pobreza do país. Culpam o colonialismo, a guerra, o capitalismo, a globalização, o continente, o país, a falta de recursos, a cor da pele, o vizinho, o Ocidente e até aquele avô que morreu há milhares de anos por tudo e por nada. Os argumentos do Governo, na verdade, são sempre os mesmos: A origem dos problemas está sempre nos outros, nunca neles.
Isso vem a propósito da ida do ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, a Portugal para dar alguma explicação sobre o desaparecimento do empresário lusitano agrícola, em Julho do ano passado, em Gorongosa, província de Sofala. O governante moçambicano encontrou- se com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e com o primeiro-ministro António Costa. O enviado do Presidente Filipe Nyusi àquele país disse que há suspeitas de que a Renamo, que mantém bases armadas na Gorongosa, esteve envolvida no rapto. Esta posição absurda apresentada em Lisboa é paradigmático do que tem vindo a acontecer, ou seja, é um prática reiterada do Governo e do partido Frelimo.
O Governo, ao invés de reconhecer a sua ineficiência e incompetência, demonstra um comportamento inescrupuloso, para além de deixar claro que o Executivo de Nyusi é constituído por indivíduos “encostados”, à semelhança daqueles que adoram encostar-se aos partidos políticos para sobreviverem. A tarefa deles é mentir e inventar culpados para todos problemas criados pela má governação da Frelimo. Expelem veneno por onde passam. Eles não fazem nada e não deixam ninguém fazer. Se por acaso lhes perguntar o que está a ser feito para mudar as coisas, não sabem responder, ou dizem que “estão a trabalhar no sentido de qualquer coisa”.
Os governantes moçambicanos nunca têm solução, são pessoas sem ideias e com a mente congelada. Para eles, numa unanimidade de opiniões ninguém pode se levantar e dizer que tem uma opinião diferente. O pior ainda é quando a opinião de alguém choca com as convicções políticas deles. Eles vão logo dizer que é da oposição, mesmo que não pertença a nenhum partido político. Estes, são cidadãos que não estão preocupados com a situação do país e muito menos com a sua própria dignidade.
Fonte: Verdade, 10 de Março de 2017