Iha do Ibo
Esta pequena ilha, de 10 km de comprimento e cinco de largura, é uma réplica da de Moçambique. É uma das mais antigas relíquias coloniais. Pertence ao arquipélago das Quirimbas, situa-se no Oceano Indíco a cerca de 10 km da Costa e a 80 km a Norte da cidade de Porto Amélia, actual Pemba. Antes de a chegada dos portugueses no século XV foi habitada por árabes. A sua presença é reportada ao século VIII da era cristã, tendo deixado marcas bem visíveis na estrutura social, política e económica dos seus habitantes. Aliás, é uma das explicações para que a população seja mestiça e na sua maioria muçulmana. Os portugueses estabeleceram-se no Ibo a partir de 1522 com D. Pedro de Castro. Franceses e holandeses tentaram tirar a hegemonia lusa, devido à sua localização estratégica que permitia controlar o comércio arábe nesta região, mas em vão. Em 1765 o governador Baltazar Pereira do Lago, que ficou no poder durante 14 anos, começa a colonização. Apesar das várias tentativas para desenvolver a agricultura e o comércio nas ilhas das Quirimbas a verdade é que estas foram principalmente um meio de tráfico de escravos. Em 1752 foi integrada no governo de cabo Delgado e, por portaria régia de 9 de Maio de 176, a povoação do Ibo foi elevada a categoria de vila, pelo governador Pedro Saldanha de Albuquerque, sendo então já a capital de cabo Delgado. Por esta data, os portugueses controlavam-na a partir da sede do seu império do oriente: Goa. A alfândega foi criada em 1787. De 1808 a 1817 resistiu a vários ataques das gentes oriundas de Madagascar, os chamados "esclaves". Alguns monumentos foram destruídos e parte da população foi levada como escrava. Por volta de 1878, a ilha de Ibo é novamente atacada, deste vez pelos povos Zulus vindos do Niassa. Por esta data já estava em declíneo e, segundo um documento da época, em 1902, a sede de governo de cabo Delgado passaria para Porto Amélia, cuja confirmação como capital distrito sede efectuou em 1929, quando da reintegração dos territórios da companhia do Niassa na administração do Estado. Actualmente, a população vive da pesca e da agricultura de subsistência, sendo o café de origem silvestre, o chamado café ya Ibo um dos seus cartões de visita. Outro é a ourivesaria. Dá gosto ver os ourives a trabalhar, apesar de o fazerem a muito custo – os materiais são difíceis de encontrar, a prata por exemplo é obtida através de moedas antigas compradas no continente ou às gentes do campo e depois trabalhada de uma forma artesanal. Para nos mostrarem a sua arte tivémos de esperar uma manhã, pois não tinham carvão para acender o lume. Mas valeu a pena. A delicadeza com que fabricam os objectos de adorno é uma verdadeira delícia. Encantam qualquer espírito feminino. Poderá comprar colares, pulseiras e brincos de um rendilhado fino e delicado. As formas são de inspiração arábe e indiana. O preço é bastante acessível. Para ver os ourives a trabalhar dirija-se à Fortaleza de São João Baptista, pois esta é uma profissão com forte tradição no Ibo: no passado cabia aos maridos adquirirem vários objectos para os oferecer de presente às suas mulheres. Segundo o texto uma experiência de desenvolvimento comunitário na ilha do Ibo, a falta de cumprimento desta obrigação, culturalmente estabelecida, podia constituir um passo decisivo para a concretização do divórcio. Uma boa norma, não considera? Que tal aplicar esta tradição ao Ocidente? Uma das figuras mais emblemáticas da ilha é João Baptista de 82 anos. Pela sua mão passaram já 82 Governadores e de todos tem memória. Sobreviveu a quase tudo.
Esta pequena ilha, de 10 km de comprimento e cinco de largura, é uma réplica da de Moçambique. É uma das mais antigas relíquias coloniais. Pertence ao arquipélago das Quirimbas, situa-se no Oceano Indíco a cerca de 10 km da Costa e a 80 km a Norte da cidade de Porto Amélia, actual Pemba. Antes de a chegada dos portugueses no século XV foi habitada por árabes. A sua presença é reportada ao século VIII da era cristã, tendo deixado marcas bem visíveis na estrutura social, política e económica dos seus habitantes. Aliás, é uma das explicações para que a população seja mestiça e na sua maioria muçulmana. Os portugueses estabeleceram-se no Ibo a partir de 1522 com D. Pedro de Castro. Franceses e holandeses tentaram tirar a hegemonia lusa, devido à sua localização estratégica que permitia controlar o comércio arábe nesta região, mas em vão. Em 1765 o governador Baltazar Pereira do Lago, que ficou no poder durante 14 anos, começa a colonização. Apesar das várias tentativas para desenvolver a agricultura e o comércio nas ilhas das Quirimbas a verdade é que estas foram principalmente um meio de tráfico de escravos. Em 1752 foi integrada no governo de cabo Delgado e, por portaria régia de 9 de Maio de 176, a povoação do Ibo foi elevada a categoria de vila, pelo governador Pedro Saldanha de Albuquerque, sendo então já a capital de cabo Delgado. Por esta data, os portugueses controlavam-na a partir da sede do seu império do oriente: Goa. A alfândega foi criada em 1787. De 1808 a 1817 resistiu a vários ataques das gentes oriundas de Madagascar, os chamados "esclaves". Alguns monumentos foram destruídos e parte da população foi levada como escrava. Por volta de 1878, a ilha de Ibo é novamente atacada, deste vez pelos povos Zulus vindos do Niassa. Por esta data já estava em declíneo e, segundo um documento da época, em 1902, a sede de governo de cabo Delgado passaria para Porto Amélia, cuja confirmação como capital distrito sede efectuou em 1929, quando da reintegração dos territórios da companhia do Niassa na administração do Estado. Actualmente, a população vive da pesca e da agricultura de subsistência, sendo o café de origem silvestre, o chamado café ya Ibo um dos seus cartões de visita. Outro é a ourivesaria. Dá gosto ver os ourives a trabalhar, apesar de o fazerem a muito custo – os materiais são difíceis de encontrar, a prata por exemplo é obtida através de moedas antigas compradas no continente ou às gentes do campo e depois trabalhada de uma forma artesanal. Para nos mostrarem a sua arte tivémos de esperar uma manhã, pois não tinham carvão para acender o lume. Mas valeu a pena. A delicadeza com que fabricam os objectos de adorno é uma verdadeira delícia. Encantam qualquer espírito feminino. Poderá comprar colares, pulseiras e brincos de um rendilhado fino e delicado. As formas são de inspiração arábe e indiana. O preço é bastante acessível. Para ver os ourives a trabalhar dirija-se à Fortaleza de São João Baptista, pois esta é uma profissão com forte tradição no Ibo: no passado cabia aos maridos adquirirem vários objectos para os oferecer de presente às suas mulheres. Segundo o texto uma experiência de desenvolvimento comunitário na ilha do Ibo, a falta de cumprimento desta obrigação, culturalmente estabelecida, podia constituir um passo decisivo para a concretização do divórcio. Uma boa norma, não considera? Que tal aplicar esta tradição ao Ocidente? Uma das figuras mais emblemáticas da ilha é João Baptista de 82 anos. Pela sua mão passaram já 82 Governadores e de todos tem memória. Sobreviveu a quase tudo.
Dohws embarcação tipicamente arábica com que os homens saem para o mar.
Peneirar os homens moem uma espécie de arroz e as mulheres peneiram.
Ourives uma das mais antigas profissões do Ibo. Aqui os ourives derretem a prata que encontram nas moedas antigas mas neste momento está a escassear, por isso compram-na na África do Sul.
Para visitar:
Igreja São João Baptista
Fortaleza de São João Baptista
Fortim de São José
Fortim Sto. António
Cemitério Hindu de 1905 a Norte da Ilha
Alfândega
Palácio do Governador
Mesquita Central do Ibo
Mercado Municipal José Vilela
Texto: Teresa Cotrim