4 de março de 2009

Moçambique: Ilha da Inhaca

Inhaca

Património biológico da humanidade a ilha de Inhaca pode também ser descrita pela amabilidade do seu povo. Situada a 32 km a leste da metrópole é mais um dos belos recantos que a natureza presenteou a Moçambique, sendo especialmente atractiva para os poetas, sonhadores e cientistas. Que desde 1911 a visitam para estudar as mais de 300 espécies raras de aves, incluindo o raro pica peixe dos mangais e borboletas. O seu nome é oriundo de um ancião que habitou em Maputo por volta do século XVI Tsonga Nhaca. Este ofereceu hospitalidade ao comerciante português Lourenço Marques e aos navegadores em dificuldades. A partir de 1550, os comerciantes portugueses estabeleceram uma base nesta ilha, de onde partiam para a Baía da Lagoa em busca de marfim. Em 1593, um navegador português é assassinado por um dos chefes rivais de Inhaca e o seu barco pilhado. Após 1621 os marinheiros da terra de Camões passam a pedir asilo à ilha de Xefina. Por volta de 1911, a atmosfera tropical de Inhaca e os seus bancos de coral fizeram com que uma comunidade de aficcionados da pesca, oriundos principalmente de África do Sul, criassem um pequeno hotel dando assim um novo dinamismo à ilha. A partir de 1960, as visitas não param de aumentar. A ilha de Inhaca passou a albergar várias famílias de pescadores, muitos regressados das minas de África do Sul, outros da guerra, que viviam sobretudo da pesca e da agricultura. Ainda hoje se mantém esta economia de subsistência. Mas o turismo começou a ter um peso importante no orçamento familiar deste povo. A praia de Santa Maria, situada na zona Sudeste, com os seus recifes e rochedos cobertos de conchas é ideal para a prática de snorkling – mergulho em apneia, permitindo vislumbrar dezenas de peixes multicolores. Caminhando para Este, chega à costa banhada pelo Oceano Índico, onde poderá observar dezenas de caranguejos, maiores do que a palma da mão, pululam o areal e escondem-se na areia quando sentem presença humana. Na zona Norte da ilha encontra a praia do farol, extensa e selvagem deve o seu nome ao sobranceiro Farol construído em 1894. Os recifes de Inhaca albergam mais de 160 espécies de corais, habitando à sua volta inúmeros peixes, por isso grandes áreas da ilha têm protecção biológica, que é feita através da Universidade Mondlane. Uma das atracções da ilha é precisamente o museu de Biologia Marinha desde 1951. Golfinhos e baleias são facilmente avistáveis, assim como tartarugas. Aliás, entre Fevereiro e Outubro as fêmeas ali vão desovar. A ilha tem 42 km com uma extensão de 12,5km que vai da ponta Mazonde, a Norte até Ponta Toreres, a Sul. Ali vivem cerca de 2500 pessoas. A Ilha da Inhaca é um modelo em miniatura da costa de Moçambique. Em Inhaca estão representados todos os habitats/ecossistemas/recursos marinhos que existem no país inteiro: * Mangais e estuários * Botânica marinha (macroalgas, ervas marinhas e fitoplancton) * Pesca e recursos pesqueiros * Praias arenosas e plataformas rochosas * Zona entre-marés * Zona sublitoral (da baía e do Oceano Índico) * Tartarugas marinhas * Mamíferos marinhos Texto: Teresa Cotrim