Brasil - Num regime democrático sério é função do governo e do Estado combaterem a corrupção, e entre os grandes objetivos de um Estadista está em provar à sociedade que ele é parte do exército que combate este mal.
Não foi o que nos pareceu com o Presidente José Eduardo dos Santos no seu discurso de mensagem a nação. Ele agora se empenha em defender a existência de uma elite rica e poderosa, mas o presidente esqueceu-se que está deveria emergir num ambiente ético, legal, transparente em que as regras do jogo devem nivelar a todos os cidadãos, para que estes se encontrem na mesma arena em que a vitória e o êxito de cada um deles dependessem simplesmente do mérito de cada um. São procedimentos cinicamente ignorados por quem fez o discurso, pelo governo que aí está e o partido no poder.
Outra coisa isso não poderia ser que não seja corrupção institucionalizada. Ou seja, é também a violação de certos princípios básicos que evitariam que a distribuição de riqueza e poder num país não esteja acumulada deforma clientelista e patrimonialista em que, sempre, e só os mais próximos ao poder são beneficiados.
Corrupção institucional é desordem social que surge como resultado do caos em que o próprio Estado é usado; caos provocado pelos trinta e oito anos de governação; este caos que o próprio governo e o presidente da república nunca se reconhecem como culpados; caos que não vê no mérito e na competência um instrumento de reciclagem que a máquina do Estado tanto precisa e em que sua formalização se faz seguindo as regras da democracia.
A institucionalização da corrupção em Angola funciona da seguinte forma:
a) Com um Presidente que quando não faz vistas grossas ao fenômeno que nos assusta a todos, sai descaradamente em defesa da mesma com uma teoria africanista e do complexo do oprimido em que acusação é sempre a ingerência imperialista ou ocidental ( este que vive usando oposições políticas para derrubar governos que não os favoreces);
b) Funciona com a perseguição e a diabolização aos críticos do governo e do estado, esquecendo- se, o próprio presidente, que a crítica que deveria ter espaço nos meios públicos de comunicação é um instrumento de mensuração aos atos administrativo para se quantificar e qualificar o grau de eficiência, quando este existe;
c) A própria institucionalização da corrupção está na manifestação na manifestação do ódio de classe e política protagonizada pelos assessores, parentes e familiares, a turma dos privilegiados mais próximos ao Presidente da República, quando todos estes sem o menor constrangimento possível, sentenciam diante da opinião pública que os críticos do regime “morrem de inveja”, ou que são simplesmente “invejosos e mal intencionados”. Uma forma arrogante e deverás prepotente de agir que se torna uma piada de mau gosto para uma sociedade traumatizada com a miséria. E assim se descobre que estamos diante de um Estado reacionário, que não defende simplesmente uma classe social, mas uma quadrilha de delinquentes;
d) A institucionalização da corrupção está na maneira evasiva que o próprio Presidente, sem jeito ( e a impressão que dá é a do sujeito sem caráter) protagoniza ao não saber encarar tal fato em todos os seus discursos e entrevistas, já que a corrupção é hoje o maior problema do Estado Angolano.
Assim o discurso em defesa de uma elite rica não tem nada de patriótico ou de africanista preservando uma cultura autentica (divida para com os nossos antepassados); é uma mera prosa, que poderia caber ao homem de nível intelectual baixo e iletrado, para justificar o que aí está: a proteção de um ninho composto de filhos, sobrinhos e genros.
O discurso é na verdade uma pretensão de continuar a manter o país uma mina de privilégios para poucos, e em que esses poucos são sempre os mesmos: aqueles que mais se esforçam em aplaudir o Presidente da República.
Definitivamente, isso não é democracia!
Fonte: NeloDeCarvalho/FACEBOOK - 24 de Outubro de 2013