Venâncio Lucungo considera que o governo do seu país está a ser precipitado e a desvalorizar a importância de Portugal.
Venâncio Filipe Ngondo Lucungo, que reclama ser príncipe de Angola, enquanto descendente de uma rainha que morreu há mais de quatro séculos, afirmou esta sexta-feira que está contra o fim da parceria estratégica entre Angola e Portugal e acusou o chefe de Estado angolano de não ter uma “atitude humilde”.
“A cooperação [entre Angola e Portugal] não pode morrer assim. Estamos a prejudicar o futuro dos nossos filhos. Angola não pode pensar que já é uma potência mundial”, disse o príncipe Venâncio ao CM.
As declarações daquele que afirma ser o herdeiro do trono de Angola surgem no seguimento do anúncio feito pelo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, de terminar as parcerias estratégicas entre Luanda e Lisboa.
O executivo angolano não terá gostado do facto do primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho, ter desvalorizado o pedido de desculpa do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, pelas investigações feitas pela Justiça portuguesa a altos responsáveis angolanos.
Descendente de Ngola Nzinga Mbandi, rainha de Ndongo (Angola), que viveu entre 1581 e 1663, Venâncio Lucungo considera que o governo do seu país está a ser precipitado e a desvalorizar a importância de Portugal. “Não devemos tratar assuntos de Estado apenas com emoção. Angola precisa de Portugal. É um país muito mais avançado que o nosso. Angola precisa de uns 800 anos para chegar ao nível de Portugal, para ter a influência e as ligações que Portugal tem a uma escala mundial”, justificou o príncipe angolano.
Quanto às críticas feitas ao Governo de Passos Coelho e à imprensa nacional nos editoriais do ‘Jornal de Angola’, Venâncio Lucungo afirma que são apenas “encomendas” do regime de Luanda e que o objetivo é “fazer chacota” de Portugal. “Eles acham que vocês [portugueses] precisam de Angola. Eu sinceramente acho que não. É um país muito mais desenvolvido e que tem relações de cooperação muito fortes com outras potências”, disse ao CM.
O príncipe é da opinião que o atual líder angolano tem de ser mais “humilde”. “José Eduardo dos Santos não tem carisma. As suas palavras não têm poder para pôr fim às relações que os nossos antepassados fomentaram. O que falta a Angola é paz e transparência”, garante Venâncio Lucungo.
Esperançado que os dois países voltem a ter uma parceria estratégica forte, o príncipe de Angola pede aos políticos portugueses para terem calma e para não se deixarem “ajoelhar aos pés” da antiga colónia.
Por: Joana Marques Alves
Correio da Manhã, 18 de Outubro de 2013