28 de agosto de 2013

Salvação nacional (Paulo Morais)


A austeridade que nos impingiram é socialmente insuportável, injusta e está apontada aos alvos errados. O estado português tem de pôr as contas em dia.

É verdade. Se a receita anual anda na ordem dos sessenta mil milhões e a despesa nos setenta, obviamente que este défice tem de ser diminuído ou até eliminado. O Estado tem de reduzir – e muito – as suas despesas. Mas deve penalizar os que provocaram a crise e não todos os outros.

Em primeiro lugar, o Estado tem de poupar nos juros da dívida. Milhares de milhões de euros em cada ano, bem entendido. Não é admissível que os juros representem a maior despesa do Estado em 2013. É irracional. Seria como se alguém na sua economia familiar gastasse mais em lavagens do automóvel do que na alimentação dos filhos. É claro que este corte viria agastar o "lobby" da banca, Ricardo Espírito Santo, Fernando Ulrich ou até a filha do presidente angolano. E não há coragem política para o fazer. Além de que alguns políticos influentes são, eles próprios, administradores de bancos, de Vera Jardim no PS, a Lobo Xavier no CDS… entre outros.

Outra despesa a ser imediatamente reduzida é a das rendas com as parcerias público-privadas. Poder-se-iam poupar, sem dificuldade, mil milhões. Isto se houvesse coragem para enfrentar os maiores parceiros privados, como os grupos Mello ou Mota-Engil. Não há! Acresce que estes grupos garantem a sua intocabilidade colocando nas suas administrações atores políticos como Joaquim Ferreira do Amaral, Valente de Oliveira ou Jorge Coelho.

Muitas outras despesas se poderiam evitar no Estado, a começar na renda milionária contratada com o fundo detentor do Campus de Justiça em Lisboa, presidido por Alexandre Relvas, diretor de campanha de Cavaco Silva. Etc., etc., etc. A verdadeira salvação nacional consiste em cortar neste tipo de gorduras do Estado. E não nas pensões, nas reformas, ou nos salários e subsídios dos funcionários. E muito menos no ensino, na saúde ou na segurança social. Portugal precisa apenas de ser governado por quem, seguindo a máxima de António Vieira, impeça que "os peixes grandes comam os pequenos. O contrário seria menos escandaloso, porque um peixe grande poderia alimentar muitos peixes pequenos".

Correio da Manhã, 23 de Julho de 2013

27 de agosto de 2013

Angola: João Teixeira Carvalho, o padre negro que dividiu Luanda durante 6 anos


João Teixeira Carvalho, o padre negro que dividiu Luanda durante 6 anos


Lisboa - Entre 1726 e 1732, um padre causou um conflito que dividiu a elite de Luanda, depois de ser nomeado para mestre-escola da Sé. Num artigo publicado na Revista de História Comparada da Universidade Federal do rio de Janeiro (UFRJ), Selma Pantoja revela a história de um padre que era mais que um padre e de uma elite portuguesa que se movia por interesses e tecia conspirações.

Antes de ser Padre, João Teixeira de Carvalho era intermediário de negócios. Nascido em Benguela, o seu trabalho era mediar as relações entre o sertão (o interior do território onde pontuavam os povos autóctones) e o litoral, onde Portugal montara a sua estrutura social e comercial. Esta posição era de extrema importância para os negócios da zona, principalmente para o negócio dos escravos. Esta acaba por ser a principal razão pela qual ele se vê envolvido neste confuso episódio. Como explica Selma Pantola “Os conflitos em Luanda podem ser relacionados diretamente com os cargos nas fortalezas se lembramos a importância nas trajetórias dos comerciantes/militares de escravos em ocuparem os estratégicos postos dos então chamados presídios do sertão.

As fortalezas tinham a função de manter os fluxos do comércio entre sertão e litoral. Eram lugares de enriquecimento rápido, garantia de chegar rico a Luanda”.

A posição privilegiada de João Carvalho tornou-se ainda mais proeminente quando em 1706 foi investido como padre. No entanto a sua vida como membro do clero não seria fácil. Apesar da sua nova posição, nunca conseguiu fugir ao estigma e suspeição de ser um “cristão-novo”, ou seja um cristão convertido. Em Benguela foi acusado e preso por fazer negócios com estrangeiros. Defendeu-se das acusações mas viu-se obrigado a abandonar a sua terra natal, acabando por mudar-se para Luanda. Na capital do reino de Angola, a sua nomeação para o cargo de mestre-escola da Sé de Luanda, indicada pelo Bispo, criou um conflito que dividiu membros do clero e autoridades políticas. Um conflito e um esgrimir de argumentos que tem, por trás, interesses muito mais fortes alicerçados na guerra pelo controlo das fortalezas entre as elites: “O lugar de um “clero da terra” neste cenário seria completamente secundário, se não fosse ele um importante comerciante, em posição estratégica para o negócio de escravos entre o litoral e o sertão, como foi o caso do padre João Teixeira de Carvalho”.

Nos factos relatados pela investigadora, percebemos que membros do clero não apoiavam a decisão, contestando-a por João ser negro, não saber latim e ainda acusando-o de viver uma vida devassa e de comprar o Bispo e outras pessoas com ofertas. O governador de Angola também se opôs à nomeação e entrou em guerra aberta com o Bispo, que contava com o apoio do influente e rico Coronel António Fonseca Coutinho e de algumas ordens religiosas.

Num enredo cheio de intrigas, acusações sem factos, reunião de documentos contra e a favor e cartas ao Rei, a investigadora relata-nos o ambiente agitado da época: “O governador acusava o padre João de subornar o bispo, ouvidor e coronel com presentes, garantindo assim o apoio dessas autoridades em Luanda. Enquanto do outro lado, o bispo e o juiz de fora alimentavam os ataques contra os aliados do governador, alegando que este último morava nas casas de Manoel Matoso de Andrade, servindo-se dessa família poderosa para seu conforto”

A luta foi violenta e, se por um lado o governador se recusava a pagar ao padre João e não reconhecia a sua nomeação, por outro o Bispo castigava os cónegos que se opunham ao novo mestre-escola.

Devido à sua posição privilegiada no negócio dos escravos, João foi protegido e acusado injustamente. Em 1730, mesmo contra a última recomendação do Rei de Portugal que defendia que não havia argumentos para expulsar João de Angola, o governador expulsa o Padre benguelense para o Rio de Janeiro, com acusações infundadas de feitiçaria pelo meio. À chegada ao Brasil, João consegue escapar às autoridades e refugia-se no convento do Carmo, de onde escreve ao rei defendendo-se de todas as acusações.

Em Agosto de 1732 o Rei ordena que seja devolvido o cargo de mestre-escola na Sé de Luanda a João Teixeira de Carvalho, decisão que foi acatada muito mais pacificamente do que a anterior e põe o ponto final em 6 anos de conflito aberto dentro do clero e da elite política. Uma vitória para o padre de Benguela mas certamente uma conquista para os interesses de uma das partes, na busca do enriquecimento e controlo do comércio escravo.

JORGE SIMÕES

Fonte: Lusomomitor

Publicado aos 12 de Agosto de 2013

Portugal: Isabel dos Santos investe 120 milhões de euros na fusão entre Zon e Optimus




Isabel dos Santos investe 120 milhões na fusão entre Zon e Optimus

Isabel dos Santos vai avançar até ao final desta semana com um investimento de cerca de 120 milhões de euros na ZOPT, a sociedade que ficará com a maioria do capital da empresa que resultar da fusão entre a Zon Multimédia e a Optimus.

A informação é avançada pelo jornal português Diário Económico. De acordo com a publicação, a empresária angolana aguardava apenas a decisão final da Autoridade da Concorrência (AdC) portuguesa, que será hoje tornada pública e que concretiza a fusão.

A decisão final não deverá sofrer grandes alterações face ao projecto de decisão da AdC, favorável à operação mediante o cumprimento de cinco remédios, que incidem sobretudo na Optimus.

Isabel dos Santos detém, neste momento, 28,8% da Zon.

SAPO MZ, 26 de Agosto de 2013

Turismo aviva progresso de Macaneta (Almiro Mazive)


Macaneta (Moçambique), 26 Ago (AIM) – A população de Macaneta manifestou hoje a sua satisfação pelo facto de com o turismo e a construção da ponte sobre o Incomati, ligando aquela localidade turística e a vila sede do distrito de Marracuene, antever-se uma região próspera e livre da pobreza.


Numa mensagem lida no comício orientado ainda hoje pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e que marcou o final da sua presidência aberta e inclusiva de quatro dias a província de Maputo, o cidadão Carlos Mupotswi, por exemplo, testemunhou que o turismo esta, mais do que nunca, a ser a área que mais emprega jovens nativos.

“Agradecemos a abertura do governo ao turismo aqui na zona de Macaneta. Os benefícios que o turismo esta trazendo não foram vistos pelos nossos pais e nunca pensaram que algum dia havia de dar emprego a muitos nossos filhos e trazer progresso a zona”, disse Mupotswi.

Macaneta aposta no turismo dadas as suas potencialidades naturais, com destaque para o turismo de sol e praia, onde são prestados serviços de alojamento em restauração e campismo. A localidade possui um total de 31 estabelecimentos turísticos com uma capacidade de 362 camas.

Passeio de barco e cavalo, mergulho e pesca desportiva são actividades recreativas de realce naquela localidade com apenas 3.602 habitantes, segundo censo populacional de 2007.

Para além de mão-de-obra, sazonal e efectiva, o envolvimento da comunidade no desenvolvimento do turismo tem-se traduzido no fornecimento de produtos agrícolas e pescado as estâncias turísticas, na construção de infra-estruturas, entre outras acções.

Quanto a ponte sobre o Incomáti, a população disse aguardar com muita satisfação a sua edificação já que, actualmente, a travessia e’ feita a partir de um batelão, canoas, ou mesmo com recurso aos mais poderosos carros com tracção as quatro rodas.

O Presidente Guebuza garantiu, na ocasião, que a ponte vai ser uma realidade na zona dentro dos esforços que têm sido feitos pelo executivo para que paulatinamente se resolvam os problemas que enfermam as populações e o próprio desenvolvimento do pais.

Segundo o Presidente, depois da ponte a perspectiva ‘e alcatroar a via que vai da margem do rio Incomati, do lado da Macaneta, ate’ a vila sede da localidade com o mesmo nome.

“Com a ponte Macaneta será um grande centro turístico do pais e não só. Depois da ponte vira’ a estrada alcatroada. Pouco a pouco chegaremos longe. A persistência e paciência fazem a vitoria”, afirmou Guebuza, acrescentando, de seguida, que igual situação ocorre quanto ao turismo, área em que já se pode acreditar que pode ajudar as famílias a saírem da pobreza.

A falta da ponte sobre o Incomati agrava o facto de Macaneta não ter centro de saúde, maternidade e escola secundaria.

As mulheres gravidas, por exemplo, acabam dando parto a caminho da vila de Marracuene ou mesmo nas margens do rio, principalmente quando o batelão esta ainda na outra margem.

As crianças que estudam na escola secundaria, na vila de Marracuene, muitas vezes atrasam as aulas devido a complicações na travessia do rio.

Ainda hoje, Guebuza inaugurou a Feira Internacional de Maputo (FACIM).

Terça-feira, o estadista moçambicano inicia a presidência aberta e inclusiva a província de Gaza, depois de ter visitado, na província de Maputo, o bairro de Tsalala, na cidade da Matola, e as localidades de Mahelane, Macubulane e Macaneta, nos distritos da Namaacha, Magude e Marracuene.

(AIM), 26 de Agosto de 2013

19 de agosto de 2013

Maputo (antiga cidade de Lourenço Marques)

 

Apontamentos sobre Lourenço Marques de hoje (A. Pereira de Lima, 1965)


A capital de Moçambique, talvez seja a mais cosmopolita da costa oriental do Continente Africano, desde o Cabo a Suez. Mas não é um cosmopolitismo em que etnias diversas simplesmente existem e lhe dão colorido. É um cosmopolitismo em que as raças diversas que formam o matizado da sua população, se convivem e se estimam, cidade onde o respeito mútuo não é figura de retórica, mas uma verdade límpida exposta à luz clara do Sol para quem o queira ver. Os contactos de raças diferentes de que é constituída a sua população nativa, merece ser apreciada em todo o seu significado no Mercado de Xipamanine, nos subúrbios, servindo uma zona suburbana mais densamente povoada por nativos, na maioria destribalizados, provenientes de todos os cantos da vasta província portuguesa de Moçambique. O «machangane» compra ao «macua» este vende ao «muchope», que por sua vez trata de seus negócios com artefactos caseiros, como cestos ou esteiras, com o «tembé», numa perfeita harmonia de relações humanas e de entendimento de preço justo pela mercadoria que transacciona. Próximo, o «monhé», na sua cantina, vende panos garridos, lenços multicores e outros artigos tão de agrado da mulher nativa. O Xipamanine encerra um mundo de entendimento, entre raças diversas, mundo esse que o português soube criar.

Ouvimos alguém, sobre cujos ombros pesa a responsabilidade de um nome com séculos de história, que ninguém como o português soube criar à sua volta, mesmo nos primeiros contactos com raças diferentes da sua, um ambiente de simpatia. Dizia ele: «Até em locais mais recônditos da selva, onde o português chegou, criou imediatamente à sua roda um grupo de amigos». É a expressão da verdade! De uma verdade portuguesa, pois o exemplo do «Caramurú», não é, felizmente, único na nossa história.

Mais do que o seu chamado «ambiente continental», é essa convivência de raças em perfeita harmonia que faz de Lourenço Marques a menina bonita do Continente Africano, projectada nas colunas da Imprensa internacional pela pena de muitas centenas de jornalistas estrangeiros que nos visitaram ultimamente, alguns dos quais tivemos a honra e o prazer de acompanhar.

A cidade, cedo amanhece. Limpas as suas ruas pela 3 horas da madrugada, por brigadas de varredores municipais (a Câmara Municipal mantém ao seu serviço 400 varredores para tal serviço), ela desperta com o movimento enervante que se processa no Mercado da Praça Vasco da Gama, onde a cidade se abastece. O movimento aumenta à medida que se aproxima a hora matutina da abertura das repartições públicas e casas comerciais, ou seja às 8 horas da manhã. Ónibus, superlotados, despejam no coração da Baixa milhares de pessoas que vão para os seus empregos. Tudo se processa ordeiramente, sem atritos, sem conflitos.

Na Cidade Baixa concentram-se os grandes estabelecimentos comerciais, os bancos, as sedes das grandes companhias. Avulta pela sua grandeza o moderno edifício do Banco Nacional Ultramarino – construído em comemoração do 1º centenário da sua instituição em Moçambique, ocorrido em 1964. É um edifício magnífico que honra a cidade. No seu interior admiram-se obras de arte, como painéis, telas de artistas famosos, mobiliário de estiilo, etc., que deslumbram o visitante. A uma jornalista americana com responsabilidades, ouvimos nós a afirmação de que nem os Bancos de Nova Iorque possuem tal expressão de bom gosto.

A Maxaquene – outrora vilória nativa, cujo chefe usava esse nome – é o bairro sobranceiro à Cidade Baixa. O acesso principal a esse bairro é hoje feito pela Avenida D. Luís I que vai morrer no Largo Praça Mouzinho de Albuquerque, emoldurada pela Sé Catedral e o magnífico edifício dos Paços do Concelho, este em estilo neo-clássico. No seu interior admiram-se telas de Malhoa, de Columbano e de outros grandes mestres. O mobiliário é em estilo Luís XIV, com predominância de dourado. Uma Galeria de Arte – aberta permanentemente ao público – encerra trabalhos notáveis de artistas plásticos locais, cujo alto nível por ela se pode ajuizar. Na Maxaquene estão também situados o Palácio da Rádio – o mais importante da África Meridional – e edifícios residenciais de muitos andares. Na Avenida 24 de Julho, os modernos cafés «Princesa» e «Pigale», regurgitam sempre de gente, que mantém sempre bem viva a tradição lisboeta do café e «dois dedos de conversa».

No sentido da Polana, e depois de passar pelo Museu Álvaro de Castro, jóia arquitectónica em estilo manuelino, encontra-se a reentrância da Ponta Vermelha. O Museu – centro científico muito importante na África Meridional – é famoso pelas colecções zoológicas e etnográficas que possui e, bem assim, pelos trabalhos extraordinários de taxidermia, de que foi autor o falecido mestre Peão Lopes, Pai.

Na Ponta Vermelha, debruçada sobre a imensidão da baía que os nossos antigos apelidaram outrora e acertadamente de Baía Formosa – fica a Residência do Governador-Geral, além de numerosas casas residenciais modernas. Em toda a extensão da Ponta Vermelha, sobre a encosta da barreira, até junto ao Polana Hotel corre o famosos Miradouro Lisboa, outro marco inconfundível de portuguesismo nesta bela cidade, onde não se sabe que mais admirar, se sua beleza natural, se as obras que o homem realizou com o seu génio, vencendo as condições duras da Natureza, se o intransigente portuguesismo das suas gentes. O Hotel Polana, ocupa posição dominante, no topo da colina e marca o centro do bairro do mesmo nome. A designação proveio de um antigo chefe nativo do povoado que ali se fixara e com os quais os nossos pioneiros primeiro travaram contacto civilizador. A conservação de nomes como Maxaquene e Polana nos bairros mais elegantes da cidade de hoje é mais uma prova do carácter conservador do povo português e da sua política de convivência amigável com povos diferentes que encontram na sua jornada de expansão universal da sua cultura, evitando cuidadosamente destruir o que encontrou feito e estabelecendo com os naturais laços de fraternidade e de integração. Foi assim em Goa, em Macau, em Cabo Verde, em Angola, na Guiné, em Moçambique também e por todo o Mundo que soube criar à sua volta, sem ódios nem ambições sangrentas que caracterizaram a expansão de outros povos europeus, que extinguiram por completo – em determinados pontos do Globo – civilizações e raças inteiras! O português não tinha formação para semelhantes atrocidades. Proibi-as a sua formação moral e religiosa.

Transposto o bairro da Polana, temos o novíssimo Bairro dos Cronistas. De uma antiga e vasta «quinta» abandonada do Dr. Óscar Sommershield, no último quartel do século passado, o esfortço e o entusiasmo dos lourençomarquinos foi capaz de, em pouco mais de dez anos fazer erguer o Bairro mais moderno e belo da cidade. Ele começou a fazer-se cerca de 1955. O Bairro dos Cronistas está para Lourenço Marques, a Velha, como Alvalade para a Lisboa pombalina.

A cidade espreguiça-se depois, pela encosta maravilhosa que vai morrer na famosa praia da Polana: imensa, de areia dourada, onde o Índico se desfaz em rolos e rendilhados de espuma quando o mar está agitado. Quando não, parece um imenso lago, verde-esmeralda de águas tranquilas. A Polana maravilhosa é um cartaz turístico internacional, que anualmente atrai, devido à segurança das suas águas, muitos milhares de turistas da África do Sul e da Rodésia. E quem, ao fazer a descrição física de Lourenço Marques poderá esquecer os domingos de sol na praia da Polana para onde a população inteira de encaminha, espalhando-se em formigueiro pela imensidão da praia? Em local mais sombrio a Câmara Municipal instalou o seu Parque de Campismo, em constante evolução e que tão popular é junto dos visitantes. Barracas e campanha, chalés em alvenaria, rondáveis típicos de acampamentos africanos, formam um conjunto colorido dentro desse Acampamento para o qual a Câmara Municipal dedida especial carinho.

O Alto Maé e a Malhangalene, são dois bairros tipicamente portugueses, situados na Cidade Alta, de características próprias. São bairros de gente trabalhadora, na maioria de classe média, profundamente arreigados à terra e às tradições portuguesas, das quais se destacam as comemorações dos Santos Populares. Mais adiante encontram-se os bairros do Chamanculo, do Xipamanine, de S. José, do Aeroporto e outros com uma população predominantemente nativa, mas onde se cultivam também as melhores tradições de Portugal, integradas no seu viver. Na casa mais modesta de trabalhador nativo, não falta o vinho na mesa, às refeições e um gesto de hospitalidade para quem lhe bate à porta.

Lourenço Marques, no Verão veste-se de flores garridas – nomeadamente de acácias rubras flamejantes. No Inverno, é ver-se pelos belos jardins municipais e particulares uma profusão das chamadas flores de Maio, de caprichoso rendilhado e alvas como véu de noiva. A cidade possui hoje, plantadas pela mão do homem – nesse caso pelos Serviços dos Jardins e Parques Municipais – cerca de 30 000 árvores, que lhe dão nota única e muito característica.

Reservámos propositadamente para o fim a vida nocturna desta maravilhosa cidade. Lourenço Marques, ou melhor a sua população, de forma alguma dispensa duas coisas: as matinées dos sábados e domingos em todos os teatros da cidade – quase sempre cheios por essa ocasião – qualquer deles apresentando requintes de conforto e comodidade; e a sua vida nocturna. Não que esta seja diferente de qualquer outra cidade portuária europeia, mas em África apresenta no multirracialismo da sua frequência um ambiente diferente que surpreende o visitante. Um diplomata ilustre que uma vez acompanhámos em visita a Lourenço Marques teve para nós esta curiosa afirmação: «Jamais deveis prejudicar o ambiente multirracial dos vossos clubes nocturnos da Baixa. É qualquer coisa de inédito em África! Clubes desse género com raparigas europeias mais ou menos despidas em espectáculos mais ou menos atrevidos encontram-se em qualquer canto do Mundo. Agora com o ambiente que se soube criar em Lourenço Marques, isso só em Lourenço Marques».

É na zona portuária da Baixa, ou melhor no que resta da Cidade Antiga, que se situam os mais famosos clubes nocturnos e cabarés de Lourenço Marques: o «Pinguim», o «Aquário», a «Cave», e outros de menor categoria. A sua frequência é a habitual dos cabarés em toda a parte do Mundo. Ocasiões há em que os ânimos aquecem para além das conveniências. Acontece então aquilo que acontece em todos os cabarés: disputas que se resolvem a murro, copos e garrafas partidas. Semelhantes disputas geralmente têm por protagonistas marítimos estrangeiros e muito raramente se envolvem nelas os frequentadores habituais de tais locais, que sabem perfeitamente quando devem bater em retirada, pois ninguém tem prazer em se meter em complicações com a polícia, que em tais ocasiões, como é natural, tem de entrar duro para resolver questões.

Nestas pouco linhas, fica apenas esboçado um quadro muito pálido da vida de Lourenço Marques de hoje. Tempo mais largo e muito mais páginas de prosa seriam necessárias para retratar fielmente o que verdadeiramente é Lourenço Marques, essa portuguesíssima cidade, debruçada garridamente sobre uma baía imensa onde desaguam cinco rios. Tão portuguesa ela é que perpetua o nome ousado de um piloto português das naus da Índia, primeiro que a descobriu para o trato do comércio com os nativos, em 1544, depois de haver sido descoberta por navegadores portugueses, cerca de 1500-1502.

Lourenço Marques, é bem uma afirmação perene de Portugal em África, mas de uma presença vigorosa, renovada, para permanecer e continuar Portugal.


Fonte: Arquivo Pessoal

A nossa classe política!


Imagens da dureza do deserto líbio

 

11 de agosto de 2013

6 de agosto de 2013

Maputo (antiga cidade de Lourenço Marques)

Serviçais de Luanda (Paulo Morais)




A oligarquia angolana está presente na vida económica, social e até política de Portugal.

Os dirigentes angolanos controlam já uma parte significativa do capital bolsista português. São inúmeras as suas participações, que vão dos petróleos, onde marcam posição predominante na Galp, às telecomunicações, através da Zon e da Optimus; passando pelas finanças, com posições relevantes no BPI e no Millennium. A sua influência estende-se a muitos outros setores de atividade. O dinheiro proveniente das riquezas naturais angolanas jorra a rodos nos grupos económicos portugueses.

Contudo, estes capitais em nada beneficiam a economia portuguesa. De facto, os angolanos não investem em nada de produtivo, não criam riqueza agrícola ou industrial. Limitam-se a comprar participações de capital aos seus amigos portugueses – os únicos que enriquecem pela venda de uma parte do tecido económico português. O dinheiro angolano não gera crescimento, não incrementa a atividade económica nem cria novos empregos.

Na vida social portuguesa, o peso das elites angolanas também se faz sentir. Adquirem os apartamentos mais caros no Estoril, frequentam os restaurantes mais luxuosos de Lisboa e os melhores hotéis do Porto.

Por via deste predomínio económico e influência social, o controlo dos governantes angolanos sobre o poder político português é crescente. Observam-se hoje situações bizarras, como a do deputado Mota Pinto, que coordena a fiscalização dos serviços secretos portugueses e é, em simultâneo, enquanto administrador da ZON, subordinado de Isabel dos Santos, filha do presidente angolano.

As autoridades angolanas conseguiram estender o seu domínio sobre os atores políticos portugueses, do Partido Comunista de quem receberam o poder aquando da independência, ao CDS, cujo presidente, Paulo Portas, foi o ministro dos estrangeiros mais subserviente com o poder corrupto de Angola. O regime político português torna-se assim o maior cúmplice de Eduardo dos Santos.

Mas, enquanto a clique dirigente angolana ostenta a sua riqueza e vai colonizando Portugal, lá longe, em África, o povo continua a viver na miséria, apesar do ouro negro que brota do chão.

Correio da Manhã, 6 de Agosto de 2013

Swaps e Swings (Acácio Pereira)



O léxico da língua de Camões tem hoje, como nunca, adquirido uma grandiosa dose de neologismos modernos e surpreendentes.

Do vocabulário do mais simples dos habitantes já fazem parte palavras como "troika", "deficit" ou "swap", ainda que nem sempre se reconheça o seu verdadeiro significado ou a relação deste com o estado da nação. Mas permita-se a introdução, no contexto da ação governativa, mais uma inovação linguística: o "swing".

Diz o dicionário que "swing", palavra inglesa, significa "balançar", "girar" ou de uma forma mais prosaica "trocar". A pertinência da palavra está à vista: quando o governo balança nas ondas revoltas da governação, temos um "governo-swing"; quando responsáveis pelos problemas financeiros do país se tornam parte do Estado, temos "governantes-swing"; e quando se pretende trocar o papel do Estado por grupos de interesses económicos, temos um "Estado-swing".

Com estas trocas não é possível que o país cresça e se desenvolva com bases fortes e estáveis, com boa Justiça, Segurança, Saúde e Educação. Sem ética – e, já agora, sem vergonha – não é possível criar um futuro viável.

Correio da Manhã, 6 de Agosto de 2013

5 de agosto de 2013

Perguntas chatas: Perguntas sem resposta



Repararam que (entre outras também a ele indirectamente endereçadas) mais de 35% das PERGUNTAS SEM RESPOSTA da lista são dirigidas ao mário soares "o fenomeno lula" PORTUGUÊS ?

PERGUNTAS CHATAS

Existem jornalistas em Portugal?

Porque nenhum pergunta ao Mário Soares porque é que esteve preso em Toulouse, França?

Porque não perguntam ao Mário Soares porque é que andou dezenas de anos fugitivo da justiça francesa?

Porque não perguntam ao Mário Soares se era o dono da Emaudio?

Porque não perguntam quem eram os donos do B.P.N. e para que servia além de lavar o dinheiro sujo da Camorra e dos amigos da Guiné-Bissau. Porque é que o Governo Socialista o nacionalizou?

Porque não perguntam ao Otelo Saraiva de Carvalho aonde esteve entre os dias 23/04/74 e 26/04/74?
Porque não perguntam ao Almeida Santos quantos quilates de diamantes falsos recebeu do Samora Marchel?

Porque não perguntam ao Manuel Alegre que informações transmitia na Rádio Alger?

Porque não perguntam ao Ramalho Eanes (como PR) porque abandonou os militares portugueses em Timor?

Os filhos da Terra (Chefe Seattle, 1856)


Precisa-se


O ladrão vulgar


Palácio da Cultura nasce na "Tourada" (Victorino Joaquim)




À volta das instalações da Praça de Touros são visíveis pequenos amontoados de lixo enquanto os cantos junto à parede servem de urinóis

A antiga praça de touros de Luanda vai ser transformada em Palácio da Cultura. As obras de requalificação do edifício começam no próximo ano, após a conclusão do estudo de viabilidade, garantiu o director nacional de Acção Cultural, Carlos Vieira Lopes.

Erguida na década de 1960, a praça de touros de Luanda foi inaugurada a 1 de Março de 1964, mesmo sem estar concluída. A abertura do recinto teve honras de primeira página nos jornais da época, ao trazer a Angola alguns dos nomes mais sonantes da tauromaquia em Portugal.

2 de agosto de 2013

Maputo (antiga cidade de Lourenço Marques)

Tunduro, o jardim que ficou para a história


Tunduro, o jardim que ficou para a história O jardim Tuduro, localizado na baixa da cidade era nos tempos o local ideal para a realização de casamentos e algumas festas. Um jardim que todos queriam conhecer, desde turistas, cientistas e investigadores, gente de diferentes países vinham para visitar e conhecer nomes de plantas medicinais, mas hoje, o antigo e maravilhoso jardim virou lugar de esconderijos de larápios e marginais. Sapo MZ