22 de março de 2013

Referendar a nossa liberdade


Se alguém tinha dúvidas sobre o tipo de canalhas que dirigem a EU deixou de as ter com o que sucedeu em relação ao Chipre, o mais grave nem sequer é o disparate da decisão adoptada com a insinuação de que se estaria indo ao bolso dos mafiosos russos, é a cobardia de ninguém aceitar ter sido o idiota a propor a solução. A decisão foi aprovada por unanimidade mas mal chegou ao conhecimento público já os alemães diziam que a iniciativa não era deles, a Comissão já disse não ter nada a ver e o nosso Gaspar até disse que a ideia não foi dos verdugos, foi do condenado.

Com dirigentes destes não faz sentido pertencer a uma União Europeia que é cada vez mais um IV Reich, com uma direita que era tão anti-federalista a oferecer a soberania nacional à senhora Merkel no pressuposto de que o ocupante mais facilmente desrespeita os valores constitucionais e a vontade do povo. Não foi para isto que o país aderiu à CEE ou que se envolveu no aprofundamento do processo de integração europeia.

A que ponto chegou este país para que um governo esteja preparando o despedimento colectivo de dezenas de milhares de trabalhadores só porque o ministro das Finanças não gosta do Estado e quer compensar as consequências da sua incompetência nas receitas fiscais com a destruição das funções sociais do Estado? A troco do quê um povo se sujeita a isto, aceitando a suspensão da democracia e sendo chicoteado por medidas brutais imaginadas por um ministro que ninguém conhecia e cuja legitimidade resulta dos amigos alemães?

A Europa a que Portugal aderiu não foi esta onde há uma Alemanha e depois um conjunto de colónias onde umas são colónias de primeira, outras de segunda e outras, como o Portugal do Gaspar, não passam de colónias de terceira. Não é o euro que está em causa, é a própria Europa que se está transformando no contrário do eu era o projecto a que os portugueses aderiram. A troco de quê aceitamos tudo isto? De comprar carros alemães sem que estes estejam contingentados e pouco mais.

Não é aceitável que seja funcionários menores a mando do ministro das Finanças alemão a decidirem que em Portugal os ricos fiquem ainda mais ricos e que para isso os pobres tenham de ser mais pobres. Esta Europa só interessa aos que contam com o apoio do governo alemão, os grandes merceeiros que exploram o mercado, que mandam os lucros para a Holanda e com os trocos que sobram criam fundações para manipular a opinião pública e financiam os partidos que lhes fazem a vontade.

Está na hora de serem os portugueses a decidirem se querem ser eles a governar o país ou se aceitam que governos de imbecis entreguem a soberania nacional nas mãos de funcionários estrangeiros de competência duvidosa. Está na hora de referendar a continuação na Europa. Antes que nos convidem a sair do euro ou que a EU se desintegre às mãos dos cretinos que a governam devemos ser nós portugueses a tomar o futuro nas nossas mãos. Seremos mais pobres? Os mais pobres têm muito pouco a perder, os mais ricos sim que poderão perder muito, perderão muito mais do que estão dispostos a perder para salvar o país. Mas preferem afundar o país e entregar a soberania a partilharem os sacrifícios.

Está na hora de fazer um referendo e perguntar aos portugueses se querem continuar nesta Europa cada vez mais miserável e transformada no IV Reich. Pobres por pobres então que nos devolvam a soberania, a identidade e o direito de decidir sobre quem são os nossos amigos.

Fonte: O Jumento, Quinta-feira, Março 21, 2013